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O Informador

Virgílio Castelo estreia O Homem da Amália

Yellow Star Company

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Virgílio Castelo é O Homem da Amália, o novo espetáculo produzido pela Yellow Star Company, num texto escrito e interpretado pelo ator que ao longo de mais de uma hora em cena dá vida a doze personagens de homens que passaram pela vida da diva do fado. 

A solo, Virgílio Castelo interpreta o homem que sempre viveu um amor desconhecido para com Amália. Sonhou, criou ilusões, revoltas e viveu de contrariedades, sempre com a esperança de ter a grande voz de Portugal do seu lado. Os horizontes de Amália, as paixões incompreendidas e as decisões políticas estão presentes neste maravilhoso texto criado por Virgílio Castelo onde a emoção deriva de vários pontos dispares entre a comédia e o drama, revelando o que já bem sabemos sobre um ator completo e que se entrega ao seu trabalho de palco, mostrando que num espetáculo a solo é possível brilhar e conquistar o público. Com um texto muito bem conseguido e trabalhado aliado a uma interpretação sublime, o homem de Amália conduz a história, revelando outros rostos que passaram pela vida desta mulher que se tornou rosto nacional mas que nunca deixou de ter os seus mistérios.

Memórias, aparições, pensamentos e curiosidades são pontos positivos deste trabalho que mostra a decadência de um homem pelo amor não correspondido ao longo do tempo, acabando esta história por revelar um ser inacabado que sempre olhou para o ser desejado sem conseguir desligar e percorrer o seu próprio caminho. No final o peso de viver em função de um objetivo não conseguido acaba por causar a loucura num estado puro que percorre o caminho da morte sem que por um momento tenha visto a sua dedicação a ser correspondida pela mulher que olhava e desbravava caminho com os seus risos contagiantes para ignorar o óbvio quando o mesmo lhe era indesejado. 

O Homem da Amália é um hino ao amor e à devoção perante todos os que dedicaram o seu tempo a uma mulher poderosa que conquistou o Mundo pela sua voz e forma de estar socialmente. Sem preconceitos Amália brilhou e fez suspirar muitos homens dentro e além fronteiras e neste espetáculo vários são os episódios divertidos e trágicos contados pela voz de Virgílio Castelo que consegue ter o público preso do início ao fim a viver a história contada em palco como que a celebrar o centenário de Amália Rodrigues através dos olhares dos homens que por ela viveram, sofreram e acabaram por morrer. 

De 30 de Setembro a 28 de Outubro, com sessões às Sextas-feiras e Sábados, pelas 21h00, e aos Domingos, pelas 18h30, no Teatro Armando Cortez, O Homem da Amália é aquele espetáculo que recomendo a ser visto. É um monólogo com várias personagens em cena e onde sem existir contracena é possível ver que existe uma figura do outro lado. Ver para poder aplaudir é fundamental neste espetáculo onde autor e ator se concentram em Virgílio Castelo que consegue conduzir de forma certeira as emoções para recordar, celebrar e aplaudir o amor e a grande voz do fado português.

No final de contas, não existe um pouco de loucura em todos nós por Amor? Ver O Homem da Amália é essencial para se perceber o quanto amamos o próximo e ao mesmo tempo poder respeitar o espaço de cada um dentro das suas limitações e horizontes. 

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A história do amor mais profundo, mais estranho e mais secreto que alguém teve com Amália Rodrigues. A história de um homem que existiu, e deixou de existir, por se ter apaixonado por uma estrela que não se podia alcançar. A história de um homem que dedicou a sua vida e a sua morte, a seguir a nossa única diva, onde quer que ela estivesse. Através dos fados que ela cantou, dos versos que ela escreveu, e das paixões que sentiu, vamos acompanhar Amália durante uma hora e um quarto, vendo-a com os olhos do homem que por ela viveu, e por ela morreu. Num espetáculo cheio de golpes de teatro, vamos ficar a conhecer a Amália que só este homem conheceu. Nas casas de fado, nos teatros, no cinema, no êxito lá fora, na inveja cá dentro. Vamos recordar algumas coisas que já sabíamos da vida dela, e ficar a saber outras de que ela nunca falou. E quando o pano fechar, a nossa estrela maior, estará ainda mais presente nas nossas memórias – onde nunca deixou de brilhar – sublimada, agora, pelos desvarios do coração destroçado deste desconhecido Homem da Amália.