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O Informador

Vida em estado automático

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Entrei num estado tão automático que já me esqueço que tenho de continuar a conviver, mesmo à distância com os outros.

Geralmente não sou uma pessoa que esteja sempre em conversação com os outros, vivendo muito no meu mundo. No início deste triste estado de quarentena ainda fui alimentando e puxando por mim para estar ativo e atento a tudo o que se passava e também para me manter num estado civilizado dentro do possível. Só que o tempo vai passando, as semanas passaram a meses e começo a ficar sem paciência para tudo e todos.

Os dias são agora mais do mesmo, o 《bom dia》 e 《boa tarde》 parecem esquecidos por parecer que as conversas são contínuas de um dia para o outro sem pausas porque ao final de contas hoje estive a falar com alguém mas amanhã irei continuar muito provavelmente a mesma conversa, esquecendo-me de perguntar se em mais um dia estão bem, se passaram bem mais uma noite previsivelmente igual a todas as últimas.

O quero dizer com isto é que sinto que ando meio desnorteado com os tempos e horas, parecendo que a sucessão de dias não passa de mais do mesmo sem existir aquela emoção de fazer diferente e começar cada novo ciclo de vinte e quatro horas com a ideia de que será um dia melhor que o anterior. Não, agora é tudo mais do mesmo enquanto esperamos que a situação comece a melhorar para voltarmos aos poucos, bem pouquinhos, a entrar nos eixos para que o 《bom dia》 comece a ter de novo o seu verdadeiro sentido de bem com o mundo.

Tenho de fazer um esforço para não entrar neste ciclo, eu sei, mas esta rotina começa a fazer-se sentir e a causar um grande cansaço em termos psicológicos.