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O Informador

Uma fraude com o nome de Medicina no Trabalho

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Há uns dias passou a carrinha do serviço de Medicina e Segurança no Trabalho para me fazer a consulta num parque de estacionamento perto do local onde trabalho. Claro que o Dr. de serviço não iria ao local só por minha causa e os funcionários de outras empresas vizinhas foram também fazer as suas avaliações médicas. O problema é que tudo cheirou tanto a fraude...

Da minha parte fui sozinho, a pé, e quando cheguei junto do veículo que tanto estava mal por fora como por dentro percebi que a marcação das 11h00 foi geral e não funcionou em exclusivo para cada um. Ou seja, no total éramos mais de dez pessoas, todos marcados para o mesmo horário, em espera na rua, o que com este tempo de início de ano foi formidável. No total estavam quatro empresas em consulta, com marcação depois por ordem de chegada, esperando junto da porta do veículo e quando chegou a minha vez, um dos últimos, eis que lá de dentro sai um Dr. sem bata, todo dorido e que mal conseguia andar. Logo pensei o que aquele homem conseguia ver numa consulta rápida de cinco minutos e nas condições físicas em que se encontrava. 

Lá o Dr. saiu, pedindo desculpa por ter de fazer uma pausa para, imagine-se, fumar e ir até ao wc mais próximo. Uns minutos depois e após pensarmos que o senhor se podia sentir mal perante o modo como andava bem devagar e visivelmente com dores lá regressou e na segunda fase de consultas rápidas fui o primeiro. Entrei no velho veículo, porta meio encostada e o preenchimento pelo próprio da segunda ficha de utente, uma vez que a empresa tinha fornecido a primeira. A ficha foi preenchida à mão e juro-vos que quase peguei no telemóvel para fotografar ou filmar o modo como o Dr. escrevia. De forma bem lenta, como um pequeno aluno de escola primária que está a aprender a fazer as suas primeiras palavras. Escrita lenta, letras desorientadas acima e abaixo das linhas, tudo de forma impercetível. Lá copiou os dados que tinha, questionou sobre peso e altura, doenças que podiam existir, operações que possa ter feito e felizmente não fiz, a questão se vejo bem, se tenho a dentição toda (uma coisa que nunca me tinham questionado nestas consultas), se me sinto bem e o grande final foi a medição da tensão. Com isto chegou um «Já está! Obrigado!». E não disse, mas pensei, «Ah, Ok! Que perca de tempo que isto foi!».

Um senhor doente e a precisar de repouso a dar consultas quase porta a porta pelas empresas onde só tem de preencher um questionário de escolha múltipla e quando é necessário escrever não o consegue fazer em perfeitas condições. Um carro de serviço a cair de podre e uma vontade de funcionários (nós, os supostos utentes deste serviço) e do Dr. Kado, que por sinal tinha nome de astrólogo que deixa panfletos publicitários pelos carros, que foi uma coisa incrível.

Se tivesse filmado a partir do momento em que entrei na carrinha até à saída, num vídeo que nem sei se chegava a cinco minutos, seria certamente um momento bem hilariante para poderem rir e perceberem como estes serviços low cost de Medicina e Segurança no Trabalho são uma autêntica fraude que as empresas têm a obrigação de pagar e não apresentar queixa. 

 

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