Um Estranho em Goa
José Eduardo Agualusa não desfrauda com as suas obras. Com Um Estranho em Goa o autor volta a provar que mesmo com livros pequenos e de rápida leitura a surpresa de uma boa narrativa existe. Com 200 páginas onde um romance unido a lendas, tradições e citações é relatado, Um Estranho em Goa é daqueles livros para ler de uma assentada.
Partindo de viagem para Goa em busca de uma verdade histórica, o narrador apresenta-se sob a forma de um autor, José, com que facilmente o leitor se consegue identificar. Acreditando em crenças e estando atento a conversas cruzadas, rapidamente o nosso herói percebe que para além do que foi investigar existem vários factos que podem alterar o rumo de uma sociedade. Através do recurso a memórias que se atrapalham por vezes com as emoções à flor da pele, a verdade consegue prevalecer num labirinto de intriga e omissões clandestinas. Unindo o romance a um forte roteiro turístido, Agualusa convida-nos a visitar Goa, mostrando-nos hábitos históricos e recentes de um povo cada vez com menos diferenças culturais.
Com uma escrita fluida mas elaborada, José Eduardo Agualusa destaca-se sempre pela sua forma explicativa dos factos. Sem recorrer a mundos fantásticos e com o cruzamento entre a história e a acção do momento, as personagens vão andando por Goa sempre com missões omitidas e onde no final de contas o que interessa é a verdade dos factos sob a perspetiva de cada qual.
Uma obra que não consegue conquistar o grande público da literatura rápida mas que tem os seus leitores assíduos, aqueles que gostam de parar para pensar e ficar com um pouco da mensagem que uma história tem para passar.
Sinopse
Um escritor parte para Goa à procura de uma lenda – o Comandante Maciel, de seu verdadeiro nome Plácido Afonso Domingo, antigo comandante de guerrilhas, em Angola, ou, segundo outras versões, um agente infiltrado da polícia política portuguesa. O que encontra é uma lenda maior, e muitíssimo mais fascinante. Um Estranho em Goa é um roteiro por um território antiquíssimo, onde a realidade e a magia se passeiam de mãos dadas.“O Diabo nunca anda muito longe do Paraíso” – lembra um dos personagens. Neste maravilhoso romance – que é, também, uma biografia do Diabo –, ele pode estar em toda a parte. O que une, afinal, um traficante de relíquias religiosas, uma bela e misteriosa historiadora de arte, especializada na recuperação de livros antigos, ou um sedutor empresário neopagão? E quem é Plácido Domingo?