Há umas décadas as grandes cidades tinham o flagelo dos roedores e do lixo. Agora, em pleno 2019, são as trotinetas elétricas que de um momento para o outro despoletaram como pipocas pelas ruas da capital e aos poucos se têm espalhado por várias cidades de Portugal.
Neste momento são já várias as empresas a operar no nosso país e a colocarem trotinetas a circularem por avenidas, ruas e jardins como autêntico lixo urbano. Em circulação este novo modo de viagem urbana é aceitável, embora já tenha dado alguns problemas de atropelamentos em poucos meses. O que acho que começa a ser exagerado são o quase abandono das trotinetas em torno de prédios, lojas e centros comerciais. Este veículo urbano dos tempos modernos é o típico descartável que se pode usar e deixar em qualquer lugar, sem existirem ainda regras definidas para que o abandono das trotinetas não aconteça como tem vindo a acontecer. Em Lisboa neste momento é raro andar pelas principais avenidas e não ver espalhadas pelos passeios várias trotinetas que foram deixadas em espera que o mesmo ou outro utilizador lhes pega e as leve até outro ponto da cidade para a voltar a abandonar. É sabido que a autarquia está a definir regras para a utilização e principalmente estacionamento destas placas com rodas, mas até que definam lugares próprios de paragem, como acontece com as bicicletas elétricas, parece que vamos continuar a ver as belas viaturas aqui e acolá, completamente abandonadas e a causar um certo distúrbio visual às ruas das cidades que ficam assim invadidas por estes veículos como se fossem lixo em espera para ser recolhido.
Esperamos assim que a autarquia de Lisboa comece a dar o exemplo com a PSP e a Polícia Municipal para que outros municípios venham a fazer o mesmo e obriguem as várias empresas, que também têm vindo a crescer como cogumelos e na capital existem pelo menos cinco - Lime, a Voi, a Bungo, a Tier e a Hive -, a arranjarem locais próprios para levarem os utilizadores a fazer login e logout somente nos espaços certos. As regras têm de ser colocadas em prática o quanto antes para que quem utiliza não possa deixar à sua porta, no meio dos passeios ou na relva do jardim em frente a trotineta com que viajaram hoje para ver se ninguém a leva e se no dia seguinte, logo pela manhã, a mesma se encontra no local exato para voltar a ser usada.
Ao que tudo indica primeiramente serão as multas aos utilizadores se forem apanhados em flagrante a infringirem as regras, o que irá fazer com que também a empresa seja autuada caso as trotinetas estejam em locais impróprios de estacionamento e não tenham o seu utilizador por perto, fazendo assim com que depois seja necessário a empresa ficar encarregue de resolver a situação com os seus clientes.
Isto é tudo muito bonito com multas a poderem ser passadas, mas no final alguém acredita que estas regras de mal estacionamento vão ser aplicadas? O fim desta situação será mesmo ter locais exatos para estacionar como acontece com as bicicletas elétricas porque sem essa obrigação tudo vai continuar a ser feito da mesma forma, com as trotinetas a serem uma das novas pragas das cidades portugueses, como autênticos ratos em busca do lixo encantado para desbravarem.
Entendo que as trotinetas ajudam bastante à mobilidade dentro dos grandes centros urbanos, mas enquanto não existirem verdadeiras regras o que se pede é que os clientes destes serviços sejam pelo menos razoáveis e ganhem consciência de que não existe necessidade de deixarem em qualquer local os seus veículos partilhados.