Elas existem por todo o lado e aparecem a qualquer hora do dia e onde calha... Falo das minhas vizinhas que estão sempre nos seus quintais, esteja eu a entrar ou a sair de casa.
Na cidade as pessoas podem-se sentir sortudas por não terem sempre a vizinha Antónia ou a Manuela com os olhos postos em si quando metem o pé fora de casa. Como vivo numa aldeia, isso não acontece e elas estão sempre prontas para controlarem os passos de uma pessoa que as vê, mas faz que não percebe que estão à sua espreita.
As minhas vizinhas estão sempre com o seu radar em alerta quando percebem que alguém está a entrar na rua. Praticamente todos os dias as tenho que ver, seja de manhã, de tarde ou à noite, sendo que geralmente as vejo nas três fases do dia, se sair três ou mais vezes de casa.
Elas controlam mesmo tudo, a rua toda... Quem passa, com quem se passa, o que se leva vestido, se passo ao telemóvel ou a cantar... Elas sabem tudo e depois lá tenho que dizer «Bom dia!», «Boa tarde!» ou «Boa noite!», quando o que me apetece é dizer, «Não tem mais nada para fazer sem ser esperar que eu passe para me ver? Sou assim tão bonito para me ter que cumprimentar e controlar diariamente?».
Isto vai ser sempre assim enquanto viver pela aldeia... Não sou controlado pelos meus pais, mas olhem que os vizinhos estão bem atentos à minha vida! Coisas de aldeia pequena em que todos se conhecem! Irra!...