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O Informador

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Gosto do Alentejo, não escondo que talvez me adaptasse a uma vida mais calma e longe da correria do dia-a-dia pela região, zona de Évora talvez, no entanto existem pontos que acabam por mostrar que as distâncias e desigualdades acabam por pesar e justificar o afastamento ao longo dos anos da população mais jovem das zonas rurais.

Vamos imaginar uma semana de calor no Alentejo, numa aldeia que conta com uns vinte minutos de distância da grande cidade vizinha. As pequenas vilas existem e os consequentes supermercados também estão fixados nessas vilas que vejo mais como aldeias. Os ditos pequenos supermercados para a população local parecem servir, no entanto para quem vai de fora passar uns dias não chegam. Vamos criar dois episódios que aconteceram comigo e que no quotidiano mais urbano ou mesmo na aldeia na região de Lisboa se conseguem resolver nuns rápidos minutos.

Primeiro incidente... O gás, de bilha, faltou a meio da confeção do jantar. Teríamos de imediato de resolver o problema para finalizar o que já estava a ser feito. Peguei na bilha e tentei ir a um café da aldeia que vende da mesma marca. Cheguei e logo fui informado que não tinham uma única unidade cheia para poder comprar, deixando a vazia em troca. O local mais próximo seria a uns dez minutos de distância mas como era supermercado já tinha encerrado porque no Alentejo profundo os supermercados mais conhecidos fecham praticamente no horário do comércio tradicional. Ou seja, nesse mesmo dia o gás não existia em lado algum. Tivemos de repensar nos pratos e tentar a sorte no dia seguinte, fazer os ditos quilómetros, entrar num estabelecimento onde os empregados estavam na hora do pequeno-almoço e pedir, tendo ainda de esperar, que me vendessem gás. Em casa tinha trocado o gás num ápice porque até as bombas de combustível o vendem, mas pelo Alentejo até colocar gasóleo tem de ser bem pensado porque os horários são somente diurnos, sem possibilidade de pagamento automático, e as bombas encontram-se a boas distâncias umas das outras.

Natal é concorrência!

As cidades deste país estão inundadas de grandes árvores de Natal num concurso sem prémio para se perceber qual a maior de 2016. Na verdade em Portugal tudo tem valor consoante as medidas e luminosidade, entrando-se sempre em corridas e disputas porque, como diz o ditado, «a minha galinha é melhor que a tua». São os presépios, onde a minha vila, Alenquer, tem um dos mais antigos e conhecidos do país, são as majestosas árvores natalícias, os divertimentos, agora os mercados de Natal, os comboios de passeio pelas ruas. De há uns anos para cá o que é certo é que em época de Natal as vilas e cidades começaram a ganhar um novo ânimo, convidando miúdos e graúdos a saírem à rua antes, durante e após os dias festivos para comemorarem ao ar livre e de forma bastante comercial uma celebração cada vez mais consumista. 

Em que cidade está a maior árvore de Natal este ano? E o presépio majestoso de 2016 onde pode ser localizado? Já agora, o bolo rei é rei e senhor em que pastelaria nacional? E os filhoses arrebatadores por onde andam?

O Natal já entra nas disputas territoriais e a procissão iniciada às uns anos ainda vai a meio! Para o ano teremos talvez o Marcelo a fazer de Pai Natal a visitar as pequenas aldeias deste país e a ser bastante requisitado, a Cristina a pousar de lingerie na sua revista como Mãe Natal e em digressão nacional e comercial, a Rita a servir tapiocas natalícias de mercado em mercado, o Malato a cozinhar com as mães deste país os doces tradicionais de cada região numa verdadeira disputa, o Ronaldo a marcar um golo em tons de vermelho e branco e o Sócrates a meter os presentes no saco para os levar para casa e distribuir pelos amigos. 

Vila bonita para a feira!

A vila vai estar enfeirada daqui a uns dias e agora tem sido tão comum ver os empregados camarários todos juntos, como se tivessem em reunião, a trabalharem pelas ruas, jardins, calçadas e pavilhões! Com isto tenho questões a colocar sobre este grupo tão elevado de funcionários que aparecem por estes dias...

Que andam a fazer as centenas de empregados públicos ao longo do ano para agora poderem estar num só lugar durante dias para que tudo esteja bonito para a feira? É que nas outras semanas um ou outro andam por ai mas os restantes nem vê-los! Agora podem arranjar e reparar para que nas restantes épocas tudo fique ao abandono porque as visitas não aparecem sem existirem momentos festivos, é isso? Com estas coisas fico a crer que tal como é comum pensar-se... Que a função pública tem mesmo funcionários a mais ao longo de todo o ano! Podem não estar a mais, mas se não fazem o seu trabalho em condições é porque algo está mal!

Ir à Vila

Casaleiros ou habitantes por detrás do sol posto, é assim que muitas pessoas se referem aos que vivem fora dos grandes centros urbanos, como é o meu caso! Não vivo num local longínquo, no entanto também não vivo isolado do mundo, estando a menos de cinco minutos do centro do concelho. Agora, o que reparei há uns dias em conversa é que quando me refiro em ir até Alenquer, acabo por dizer que vou à Vila. Sim, todos aqui por casa dizemos que vamos à Vila quando saímos de casa, deixamos a aldeia e necessitamos de ir ao centro, onde os supermercados e serviços estão disponíveis a todos.

Ir à Vila é daquelas coisas normais que quem sempre viveu na cidade ou na dita Vila não percebe. Eu, que sempre habitei na aldeia, fui habituado a referir-me a Alenquer como a Vila, aquela que tal como milhares de outras pelo país é o local de encontro de todos os munícipes da zona.

Não refiro que vou à Vila com mais nenhum local porque tudo o resto é normal. Vou ao Carregado, a Azambuja, ao Cartaxo, todas vilas mas nenhuma como a minha, aquela onde sempre fui habituado a viver, aquela a que todos nos referimos e percebemos qual o verdadeiro significado da palavra. Qual a diferença de dizer que vou à Vila ou que vou até Alenquer? Nenhuma mesmo, no entanto ir até à Vila ou ir até ao Carregado já é bem diferente. A razão? Simples, Alenquer é a Vila e o Carregado mesmo sendo Vila não passa do Carregado!

Algo confusa a explicação? Nada disso, sendo que a confusão neste caso só existe em quem não percebe o verdadeiro sentido de viver numa aldeia próxima de tudo mas que os outros acham que fica no final do mundo!

Vou indo, ou melhor, vou até à Vila porque já devem estar cansados de tanto ler a mesma palavra num só texto!

XXXII Feira da Ascensão

Ascensão

Alenquer, a vila que sempre me acolheu, está em festa com a trigésima segunda edição da Feira da Ascenção, que sempre coincide com o fim-de-semana da quinta-feira da Espiga. Este ano conto andar pelas ruas da vila por alguns serões destes dias, ao contrário do que tem acontecido pelos últimos!

Deixo aqui a programação diária do evento para quem quiser dar um saltinho até Alenquer pelo próximo fim-de-semana para conhecerem a Feira da Ascensão, uma montra do que se anda a fazer culturalmente pelo concelho que há uns anos deixou a tradição de lado, entregando-a aos comerciantes locais para seguirem em frente com este fim-de-semana onde todos se conhecem e encontram pela zona da Romeira.

Exposições, dança, canto, diversão, comida e bebida prometem não faltar ao evento e mesmo não tendo convidados e atracções de topo, a feira de Alenquer será sempre a feira da minha vila!

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Curiosidade alentejana

Férias numa aldeia alentejana também simbolizam muita curiosidade dos seus habitantes para com os novos seres que estão a habitar por uns dias a casa da rua tal, estando na vizinhança da não sei quantas e próximos do café central. Pois, ao longo da estadia de uma semana em terras desertas do nosso país, fui percebendo que a presença de desconhecidos pelas ruas da pequena vila causa desconforto aos seus habitantes, isto porque querem saber informações sobre tais extraterrestres que apareceram sem avisar na pacatez do seu círculo de conhecidos. Sempre se disse que a curiosidade matou o gato... Ai os alentejanos!

Os olhares, o «desculpe, mas posso fazer-lhe uma pergunta?» e as conversas em baixo som vão sendo feitas pela passagem dos tais seres desconhecidos que frequentam por uns dias cafés, lojas, biblioteca e ruas mais antigas que os transeuntes que as percorrem constantemente através das obrigações e das lides domésticas e comerciais que se fazem sentir regularmente. As pessoas sentem a presença de desconhecidos nestes pequenos centros rurais, que tendem a decair ao longo dos anos, e ficam com algum tormento que as levam a crer saber mais para também poderem partilhar com os vizinhos, aqueles que irão aparecer logo de seguida e que irão colocar as mesmas questões sobre de quem se trata aquele carro que não é habitual estar estacionado por tais paragens!

A curiosidade não é inata dos seres humanos, mas que é bem notória, lá isso não é de duvidar, para mais em locais pequenos e onde pouco ou nada acontece!

Sítio da Nazaré

Nazaré

Fui até à Nazaré, tal como tantas vezes aconteceu com os meus pais enquanto fui um miúdo e aos Domingos dávamos os nossos tradicionais passeios familiares. Estas cinco imagens foram tiradas no famoso Sítio da Nazaré e espero que mostrem a beleza do local através da fantástica vista sobre a vila e o profundo mar!Nazaré Nazaré Nazaré Nazaré

Serpa, cidade fantasma

Férias no Alentejo correspondem a descanso, mas também querem dizer que se vai visitar alguns lugares ainda desconhecidos para mim. O destino escolhido para conhecer numa bela tarde de Domingo foi Serpa e...

Esta cidade, que convém dizer que pensei que fosse vila pelo seu tamanho, parece, pelo menos ao fim-de-semana um lugar fantasma. Pois é, esta cidade situada bem perto de Beja parece estar praticamente desabitada ao contrário da sua vizinha. 

Andei a pé dentro e fora das muralhas e pouco ou nada se passa. Para uma cidade, parece que tudo está morto. As casas fechadas, as pessoas inexistentes e com tudo fechado ajudam à festa.

Para piorar a situação ainda pergunto, como o posto de turismo está fechado ao Domingo se este parece-me ser o dia em que possivelmente os locais têm tendência a ter mais visitantes vindos de fora? É que com tudo fechado não se consegue mesmo arranjar pessoas que gostem dos lugares do nosso país. Já tinha notado anteriormente que pelo Alentejo os locais de informação cultural se encontram fechados ao fim-de-semana e agora voltei a provar o mesmo.

Serpa, uma cidade fantasma que bem podia servir de cenário de gravações para um filme em que nada se passa, pelo menos aos olhos dos seus visitantes. Manuel de Oliveira que coloque os olhos nesta cidade e que a mostre num dos seus próximos trabalhos, se o conseguir, claro!

Parece-me que tão depressa não volto a Serpa. Não gostei nada da falta de movimento a que estou habituado nos grandes centros e ainda para mais não consegui visitar nada, pela falta de ideias que parecem existir neste concelho que parece mesmo querer ficar esquecido do mapa. Depois queixam-se que os portugueses não olham para o Alentejo, se a própria região e quem a governa não incentivam, querem que aconteçam milagres?

A Rua Mais Branca

Fica aqui um apontamento engraçado que vi em Serpa. Em várias ruas da cidade podiam ser vistas placas deste género, onde só era alterada a data, fazendo-se eleger as ruas mais brancas, escolhidas possivelmente pela câmara. Uma ideia original que puxava, muito certamente, pelos habitantes de todas as ruas que queriam ver a sua a ser a eleita de cada ano.