Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Informador

Recados de Marcelo

marcelo rebelo de sousa 2017.jpg

Um dia após o discurso fastiento e vergonhoso de António Costa sobre a tragédia dos incêndios, Marcelo Rebelo de Sousa tem a palavra e serve o chá certo ao Governo e aos que colocarem a carapuça. O Presidente da República falou ao país e meteu todos os pontos nos is para quem os quiser entender.

Deixando um sentido pedido de desculpas e mostrando que o seu mandato ficará manchado pelos incidentes deste ano, Marcelo esclareceu a situação, lembrou as vítimas dos incêndios deste ano, que já alcançaram números bastante elevados com mais de cem mortos contabilizados entre o caos de Pedrógão Grande e os incidentes recentes, e mostrou capacidade de atacar e perceber o que está mal. Claramente que foi anunciado que é necessário olhar para o atual poder político, mostrando desagrado com o que se passou e para com o modo das reações dos últimos dias. Diretamente foram pedidas medidas de mudança, indo mais longe do que declarar publicamente que existem nomes que têm de deixar o seu lugar no poder, conseguindo mostrar que está na Assembleia da República o poder de decisão sobre o atual Governo ter ou não capacidade para mudar e assumir todos os erros cometidos em matéria de proteção social. 

Marcelo falou, mostrou claramente o seu desagrado e o que tinha de ser feito, mostrando que os próximos dias serão marcados por demissões no seio político que está neste momento na sua altura mais frágil desde que assumiram o poder. Marcelo não se encheu de máscaras como Costa, discursou como Homem e como Presidente, comentando a realidade da tragédia tal e qual como todos a interpretamos e agora é tempo de quem percebeu na integra o recado agir porque as palavras foram claras, só quem estiver mesmo agarrado ao tacho e sem capacidade de reação é que permanecerá com tanto erro junto. 

Onde andam os culpados?!

João Mourinho

Outubro este ano fica marcado pelos incêndios espalhados por todo o país. Num fim-de-semana trágico a prolongar-se pelo início da semana, as chamas voltaram em força a invadir as nossas matas e desta vez não se ficaram somente pelos meios mais desertos, invadindo também grandes centros urbanos. 

Estamos em Outubro, podemos dizer que as temperaturas estiveram altas, mas não vamos fechar os olhos a toda esta situação porque claramente que mais de quinhentos incêndios com início num curto espaço de horas só pode ser fogo posto. O clima está bastante adverso para a altura do ano em que nos encontramos, mas tanta complicação é deveras estranho.

Vastas extensas áreas de mata, jardins, quintas e mesmo povoações têm sido devastadas nestas horas trágicas onde milhares de bombeiros estão no injusto combate contra uma realidade que muito podia ser evitada por quem não limpa os seus espaços mas também se a justiça atuasse em condições, castigasse os criminosos com penas firmes e não castigos através de trabalhos sociais ou com presenças semanais marcadas. Os castigos têm de ser levados a sério para dar o exemplo hoje no sentido de as coisas melhorarem no futuro. 

Certo é que existem muitas falhas nos sistemas nacionais e mais uma vez percebeu-se que o caos instalou-se com o perigo das chamas. Estradas que não foram cortadas a devido tempo, aldeias que não foram evacuadas quando o perigo ainda vinha distante, matas transformadas em autêntica pólvora e muita falta de organização, isto após poucos meses da tragédia de Pedrógão Grande. Como é que é possível voltar a errar da mesma forma e acabar por não remendar o que se sabe ter sido mal feito da outra vez?

Agora os culpados têm de ser apurados. Se há uns meses os erros tiveram desculpa e foram apontados, agora não há volta a dar e há que apurar os verdadeiros culpados das organizações políticas e sociais por tanto erro junto e falta de meios e condições que tornaram esta tragédia ainda maior. Estamos perante dezenas de mortos, centenas de feridos e longas áreas queimadas com famílias a ficarem desalojadas ao verem os seus bens serem levados pelo calor difícil de domar. 

Críticos por Pedrógão Grande

pedrogão grande 2017.jpg

Muito já li pelas redes sociais acerca do tratamento da comunicação social face aos acontecimentos de Pedrógão Grande, essencialmente porque a TVI, tal como todos os canais generalistas, continuou com a sua programação normal ao longo da tarde, só que enquanto RTP tinha futebol e a SIC cinema, como todos sabem no canal quatro o programa de Domingo é o Somos Portugal. Já ao serão foi a vez de ser a SIC a levar com as criticas por ter transmitido o Just Duet. Muitos achavam que seria sensato por parte da direção de cada estação ter cancelado a exibição dos formatos para darem algo não programado ou estarem em direto do local da tragédia, o que foi feito nos canais informativos com e sem rigor. O que me pergunto é, valeria mesmo a pena cancelar tudo o que estava programado quando existia um canal suplementar do grupo que estaria em direto ao longo de todo o dia do local dos acontecimentos, neste caso a SIC Notícias e a TVI24?

Estas criticas fizeram-me lembrar uma situação que vivi e que acabei por recordar um pouco. Falo do dia em que o funeral da minha avó se realizou. Dia esse que também assinalou o aniversário da minha afilhada. O funeral foi ao início da tarde e pensei que não deveria ir ao jantar de família, feito em casa, mas todos me disseram que não havia mal algum em ir jantar com eles porque tinha de comer, ou em casa ou na casa dos meus primos, teria de jantar. E fui, os meus pais e tios aconselharam-me a ir e optei por não desmarcar o que já estava combinado. Claro que o espírito não é o mesmo, claro que não existem festejos como se de outro dia normal se tratasse, mas as coisas acontecem e os que cá ficam têm de continuar a viver, de luto, com um pensamento distante por alguns momentos, mas não é necessário alterar totalmente uma rotina porque um acidente acontece e os que cá ficam têm a obrigação de desfalecer. Não vamos atirar foguetes de alegria, mas existe a necessidade de continuar e tentar voltar rapidamente à rotina, não deixando que os factos menos bons tomem conta do psicológico de cada um. Não queria ir, fui e não me arrependi em algum momento de ter tomado tal decisão. 

Claro que a dimensão dos acontecimentos não tem comparação, mas uma morte toca sempre quem está envolvido e neste caso da devastação de Pedrógrão Grande é um acontecimento que marca o país, que arrecada muitas lágrimas e tristeza e que fez com que este Domingo tivesse sido passado com um pensamento fora do comum, com um tema que ninguém gostaria de ter visto acontecer, mas que infelizmente quebrou várias famílias, aldeias e uma sociedade que agora ter-se-a de reerguer com as faltas que este fatídico incêndio provocou. 

Não percebo a indignação das pessoas que criticaram os canais, principalmente a TVI, por não alterarem a sua programação, sendo que muitos desses críticos foram certamente para um arraial festejar ou para a praia desfrutar do dia quente que se fez sentir, não se lembrando nesse caso que o país está em luto nacional durante três dias. Há que ter noção sobre o que se diz porque quando hoje se criticam atitudes as mesmas podem muito bem ser feitas pelos próprios em ocasiões semelhantes. 

Neste caso os canais já tinham as suas programações definidas, existem os canais informativos para estarem em direto do local dos acontecimentos constantemente, qual seria a necessidade de estarem dois canais de cada grupo a transmitirem de manhã à noite a mesma emissão? Por essa lógica muitos dos canais de Cabo tinham fechado a sua emissão porque os seus programas não estão de todo de acordo com o que esses críticos chamam de dias de luto onde não comem, não conversam, não saem de casa, não exprimem um sorriso e não tentam descomprimir, ficando somente a matutar na dor que fica para sempre mas que pode muito bem ser tranquilizada com as rotinas do dia-a-dia.

Reportagem 15-12-2013

Meio ano já passou após a tragédia do Meco e ainda hoje a imprensa continua a debater o assunto, principalmente a TVI pela mão da jornalista Ana Leal. Se até agora todas as reportagens feitas sobre os jovens que morreram e os seus familiares deram destaque ao acidente, aos culpados, à situação em concreto, desta vez decidiram recordar quem eram os filhos, amigos, namorados e alunos que partiram!

Finalmente uma reportagem sobre a tragédia do Meco que não se debateu sobre a fatídica noite, mostrando quem foram os jovens adultos que deixaram a sua vida junto ao mar por um qualquer erro humano onde alguém e todos foram culpados. A jornalista não tem deixado o caso desde as suas primeiras horas e continua do lado das famílias que ficaram sem os seus filhos, em busca da verdade, mas com uma persistência cansativa publicamente.

Esta reportagem mostrou o outro lado, mostrou as pessoas que viveram e foram felizes ao longo da sua presença na terra, rodeados de quem sempre os amou. Confesso que fiquei comovido ao ver a reportagem 15-12-2013, percebendo a falta que as partidas fazem, o modo como cada qual é recordado e quem foram!

O acidente do Meco não tem de ter julgamento público e embora seja um caso que o país tem acompanhado, queria acreditar que esta reportagem em jeito de homenagem às vítimas poderia muito bem terminar o caso pela imprensa. Aplaudo o bom trabalho jornalístico, mas já chega!