Casa Portuguesa no TNDMII
Casa Portuguesa assinala o arranque da nova temporada do Teatro Nacional Dona Maria II e também a primeira criação de Pedro Penim enquanto diretor artístico da sala lisboeta.
Neste espetáculo a história de um ex-soldado da Guerra Colonial é colocada em manchete, uma vez que o debate perante a decadência e os fantasmas do passado são colocados em causa perante a representação atual do modelo ideal de casa, da família e da própria figura do pai e do homem na sociedade que vive de transformações. Num relembrar da história unido aos mais recentes acontecimentos democráticos, Casa Portuguesa é aquele retrato do que terá sido a imagem de uma casa familiar, do que é nos dias que correm e do que poderá vir a ser, com as suas alterações, vivências distintas e que vão deixando feridas abertas pela colocação de acontecimentos que transformam vidas. Recorrendo a temas bem fortes como o racismo, sexualidade, violência e traumas, Casa Portuguesa é o olhar do passado para questionar o presente perante as desigualdades que foram vividas através de opressões e injustiças.
Nos anos 40, num bar em Moçambique, três portugueses escreviam num recanto a canção Uma Casa Portuguesa, um fado representativo de uma nação e que seguia os ideias do Estado Novo. Hoje, passadas quase cinco décadas, esse mesmo fado contínua a ser cantarolado por muitos, embora a sua letra pudesse ter algumas achegas atuais como sinal de renovação a que a própria sociedade tem sido sujeita, alterando consigo assim a ideia do simbolismo da própria casa, da família e do pai. Casa Portuguesa começa com o canto critico e distinto da dupla Fado Bicha para dar lugar a uma história entre o passado e o presente.