Sete Dias em Junho | Tia Williams
Topseller
Título: Sete Dias em Junho
Título Original: Seve Days In June
Autor: Tia Williams
Editora: Topseller
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Maio de 2022
Páginas: 368
ISBN: 978-989-6234-29-4
Classificação: 5 em 5
Sinopse: Quando Eva Mercy e Shane Hall se cruzam num evento literário em Nova Iorque, a faísca entre os dois é inegável, deixando toda a comunidade de autores negros em polvorosa. À primeira vista, Eva e Shane nada têm em comum. Ela é uma famosa autora de fantasia erótica que vive com a filha de 12 anos. Ele é um enigmático autor de ficção literária que se esquiva às luzes da ribalta.
O que ninguém sabe é que, quinze anos antes, quando eram adolescentes, Eva e Shane passaram uma intensa semana juntos, sete dias que lhes mudaram a vida para sempre. Agora, além de não conseguirem negar a química que ainda os une, começam a ter dificuldade em continuar a esconder um passado partilhado que influenciou a escrita de ambos.
Durante uma quente semana de Junho, Eva e Shane reaproximam-se, mas ela não tem a certeza de poder confiar no homem que lhe partiu o coração e só quer que ele se vá embora rapidamente, para conseguir recuperar o equilíbrio da sua vida. Mas antes que Shane volte a desaparecer, Eva precisa que ele lhe responda a algumas das perguntas que ficaram tantos anos sem resposta.
Opinião: Sete Dias em Junho é a representação bem conseguida de que existe sempre espaço para uma segunda oportunidade perante uma grande história de amor. Neste romance excelentemente elaborado de Tia Williams o amor acontece quando conhecemos a história que juntou Eva e Shane quinze anos atrás perante o tempo atual. Dois jovens na altura que acreditaram que toda a euforia da paixão os levava a serem felizes para sempre. Já no presente encontramos os mesmos dois protagonistas, em novas fases da vida, com percursos diferentes no passado, mas prontos para se reencontrarem e perceberem o que esteve por detrás de todo o tempo em que os vários mal entendidos os fizeram estar distantes.
Nos dias que correm Eva e Shane são autores negros de sucesso, com carreiras dispares, mas que ao se voltarem a encontrarem percebem que sempre permanecerem no pensamento e na escrita um do outro por imprimirem nas suas personagens centrais dos livros que foram editando muito do que o outro representou para si, mesmo perante o desgosto que o afastamento provocou a ambos. Agora Eva e Shane têm sete dias para perceberem o que correu mal e poderem assim entregar uma nova hipótese ao destino de ambos perante esta segunda chance para se unirem ao amor.
Com temas como o uso de drogas e o alcoolismo, o feminismo, a marginalidade, pedofilia e prostituição a terem espaço neste romance que transpira amor, alegria, sonhos e redenção numa história onde os protagonistas vivem de forma instável entre processos de cura para com o amor próprio e também por sofrerem de algumas maleitas para com a saúde, muito fruto de passados pesados e de sofrimento, é, contudo, o debate sobre o racismo que conseguiu ganhar vários pontos ao longo da leitura. Num debate público onde ambos os autores são convidados a participarem com outros rostos negros conhecidos, a literatura negra é tema central por ser constantemente relegada dos destaques e sugestões, existindo uma grande distância dos grandes sucessos literários de atores brancos que escrevem através de personagens brancas e a diferença para com os autores negros que escrevem com o recurso a personagens com o seu tom de pele. Quando o leitor idealiza personagens nas várias histórias lidas sem descrição do tom de pele de forma automática sempre surge o tom claro, estando neste livro o tema em destaque, também porque na história Eva é autora de literatura erótica a um passo de ver as suas criações serem adaptadas para a grande tela, só que para existir orçamento e produtoras interessadas é necessário alterar os protagonistas para atores ditos brancos por serem teoricamente mais apelativos junto do mercado do audiovisual. Esta é para mim a grande questão fulcral deste livro que desde logo me conseguiu cativar por reforçar o debate do racismo perante os diversos prismas sociais.