Os Filhos no Teatro Aberto
A peça Os Filhos estreou em Londres, em 2016, e encontra-se atualmente em cena na Sala Vermelha do Teatro Aberto, em Lisboa. Da autoria da britânica Lucy Kirkwood, com encenação de Álvaro Correia e interpretação de Custódia Gallego, João Lagarto e Maria José Pascoal, este texto coloca em debate a forma como cada um de nós, enquanto indivíduos únicos numa sociedade coletiva, pode melhorar a forma de estar para a proteção do planeta acontecer a bem do próprio bem-estar e das gerações seguintes.
Através de três engenheiros nucleares, Hazel, Robin e Rose, na reserva, com mais de sessenta anos, o debate para com as preocupações ecológicas com as alterações climáticas e a questão da energia nuclear estão como ponto central neste debate de palco onde a intervenção e invenções humanas nos distúrbios ambientais trazem consigo grandes consequências a médio e longo prazo, sendo necessário reverter a situação o quanto antes perante o que o próprio humano idealizou.
Numa partilha de palco onde as complicações sociais, os conflitos pessoais e próprios encontramos o casal Hazel e Robin a viverem numa pequena casa de campo para onde se mudaram após um relevante acidente na central nuclear onde sempre trabalharam. Nesse acidente a área próxima à central ficou contaminada com radioatividade, levando-os para outras paragens onde atualmente vivem com um grande controlo no racionamento da água, eletricidade e bens alimentares. Um dia recebem nos seus simples aposentos Rose, uma antiga colega, que após reviver momentos menos bons entre os três enquanto equipa, mostra vontade de regressar à central para recuperar o mal que foi feito e fazer com que as equipas mais novas não venham a sofrer como eles próprios, querendo dar assim o seu corpo já mais velho para poderem dispensar as equipas de jovens para que os mesmos não venham a sofrer. E aqui está a questão final do texto... Rachel vai voltar ao trabalho na central nuclear de livre vontade. Estarão Hazel e Robin, que se pouparam nos últimos anos com a proteção e cuidados necessários, preparados para enfrentarem os seus derradeiros anos de vida a sofrerem ainda mais com as mazelas de quem vive dentro de uma bomba pronta a rebentar?