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O Informador

Corrida urbana

Até agora, porque vivo num meio rural, os meus momentos de corrida têm sido feitos mais pelo campo, em estradas onde poucos carros passam e onde também raramente nos cruzamos com um outro corredor, ciclista ou alguém em andamento. Agora que estou de férias tudo no treino é diferente!

Com a saída do apartamento vou ligando a aplicação do telemóvel para controlar o tempo e distâncias feitos. Assim que entro no passeio logo arranco com o relógio que fica sintonizado com as pernas em movimento. Por aqui, Portimão, corro pelo meio da cidade, passo nas passadeiras, cruzo-me com pessoas que vão a pé para casa depois de um dia de trabalho ou descanso, faço parar o trânsito para passar, cruzo-me com outros corredores bem mais acelerados que eu e percebo que com isto consigo percorrer mais quilómetros e ainda os faço com uma média inferior de tempo.

Como isto é possível não sei mas tenho uma explicação privada para tal! Ao ver pessoas, andar no meio do caos, a motivação e distracção vão acontecendo com uma maior facilidade, não tendo na mente que estou somente a correr. Vou vendo o que se passa em torno dos locais por onde vou passando e assim o tempo vai andando e os quilómetros a ficarem para trás. 

Um exemplo a seguir!

Pelo Alentejo, existe tempo e se por um lado as coisas podem não estar assim tão bem elaboradas, por outro existem pormenores que fazem a diferença e que mostram haver um maior cuidado com o futuro de crianças e adolescentes da zona.

Na biblioteca municipal de uma pequena vila onde todos se conhecem a preocupação para com os mais novos existe! Os horários e turmas de cada jovem estão ao dispor das funcionárias e estas conseguem controlar as faltas dos mais novos que fogem da escola para estarem pela internet e na brincadeira pelo centro da vila. Existe uma preocupação e um cuidado maior, sendo que assim que conseguem perceber que algum dos menores está a faltar às aulas logo o mesmo fica impedido de frequentar os computadores do espaço público, sendo a escola contactada para confirmar tais faltas e os pais do aluno posteriormente avisados sobre o que se anda a passar.

Muitas vezes pais e familiares mais próximos não percebem o que os mais novos andam a fazer até serem avisados devido à abundância de faltas dos seus educandos e aqui, em pela zona rural onde a calma e o tempo fazem a diferença, existe espaço para um maior acompanhamento da vila e das instituições públicas para com os jovens que andam pelas ruas quando deveriam estar sentados pelas cadeiras escolares com os livros pela frente.

Uma ideia de cuidados educacionais a ser seguida por outros centros rurais e urbanos do país e que consegue fazer toda a diferença no futuro escolar dos mais novos!

E continua a saga do TDT

Continuo sem perceber como mais de dois anos depois do início das transmissões da televisão digital terrestre pelo nosso país os problemas com o sistema continuam a persistir pelas zonas mais rurais do nosso país!

Em plena zona alentejana os problemas que aparecem com o mau tempo pelas sintonizações televisivas continuam a persistir e sempre que chove ou o vento sopra com uma maior intensidade, lá a televisão desaparece, ficando horas desligada e sem qualquer sinal, tanto em termos de imagem como de som.

Como foi feita a passagem por todo o país para o TDT que tudo continua a correr mal pelas zonas mais afastadas dos grandes centros? Felizmente só estou aqui de férias, mas se no espaço de uma semana fico sem a caixinha mágica por dois dias devido ao mau tempo, como seria se aqui vivesse e isto estivesse sistematicamente a acontecer?

Consigo estar sem rádio e sem imprensa por vários dias, agora sem televisão é mais complicado, isto porque posso não estar concentrado no que está a ser transmitido mas ter aquele som e imagem sempre presentes alegra qualquer local onde esteja!

Quem deve ficar a ganhar com tantos problemas pelo sistema gratuito de televisão são mesmo as operadoras de cabo que ganham assim novos clientes devido à má qualidade do que nos foi imposto nacionalmente!

Felizmente que vivo num local onde estes problemas não acontecem e que o MEO já chegou lá a casa!

Curiosidade alentejana

Férias numa aldeia alentejana também simbolizam muita curiosidade dos seus habitantes para com os novos seres que estão a habitar por uns dias a casa da rua tal, estando na vizinhança da não sei quantas e próximos do café central. Pois, ao longo da estadia de uma semana em terras desertas do nosso país, fui percebendo que a presença de desconhecidos pelas ruas da pequena vila causa desconforto aos seus habitantes, isto porque querem saber informações sobre tais extraterrestres que apareceram sem avisar na pacatez do seu círculo de conhecidos. Sempre se disse que a curiosidade matou o gato... Ai os alentejanos!

Os olhares, o «desculpe, mas posso fazer-lhe uma pergunta?» e as conversas em baixo som vão sendo feitas pela passagem dos tais seres desconhecidos que frequentam por uns dias cafés, lojas, biblioteca e ruas mais antigas que os transeuntes que as percorrem constantemente através das obrigações e das lides domésticas e comerciais que se fazem sentir regularmente. As pessoas sentem a presença de desconhecidos nestes pequenos centros rurais, que tendem a decair ao longo dos anos, e ficam com algum tormento que as levam a crer saber mais para também poderem partilhar com os vizinhos, aqueles que irão aparecer logo de seguida e que irão colocar as mesmas questões sobre de quem se trata aquele carro que não é habitual estar estacionado por tais paragens!

A curiosidade não é inata dos seres humanos, mas que é bem notória, lá isso não é de duvidar, para mais em locais pequenos e onde pouco ou nada acontece!

Condução de caracol

Estou habituado ao stress do dia-a-dia de uma zona onde tudo anda a correr, de casa para o trabalho, do trabalho ao supermercado, do supermercado à escola... Chego a uma área onde todos andam com muita calma e isso enerva-me!

Mesmo estando de férias e porque não estou habituado a conduzir com a moleza do meu lado, irrito-me por estar numa lenta fila de trânsito só porque as pessoas têm todo o tempo do mundo [agora lembrei-me da música de Rui Veloso] e não andam a conduzir os seus carros com o que eu chamo de normalidade. Será que pelo Alentejo existe assim tanto tempo para se poderem demorar trinta minutos num caminho que talvez seja fácil de ser feito em quinze? Tempo é dinheiro e a correria é sinónimo de habitantes das grandes zonas urbanas... Já pela zona interior do país vive-se mais através do lema do devagar se vai ao longe!

Condução de caracol é demais para O Informador! Não sou de aceleras, mas existe uma certa normalidade desejada para se andar na estrada. Só imagino alguns destes moles condutores a andarem pelas estradas da nossa capital a pararem em todas as paragens e apeadeiros e a travarem por verem um pombo pelo ar como se se tratasse de um elefante voador!