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O Informador

Esta Noite Branca | Cláudia Benedy

Falar de Esta Noite Branca é uma verdadeira tempestade por não querer misturar a obra com a amizade, é ficar com as emoções à flor da pele, encontrar passagens conhecidas de uma Carolina que podia ser qualquer mulher que passou por um processo de divórcio doloroso e que teve nas suas crianças um dos pilares e preocupações para conseguir dar a volta de forma a sair vencedora. 

Este romance é um autêntico grito de angústia perante uma luta constante de superação para com a separação, uma guerra interna para se conseguir enfrentar o que parece estar num autêntico caos. Uma traição perante a família feliz, como dar o passo e dizer que chega, olhar para o seu interior, perceber que existem pequenos seres que precisam acima de tudo de amor de ambos os lados, mesmo quando tudo parece perdido.

A Cláudia estreia-se com este romance que necessitei de dar colo, saber que me tinha de sentar bem sossegado para o desfrutar, voltar a um momento que também foi meu e por isso a Cláudia ser muito para mim. Uma partilha honesta, dura e bastante intensa de uma mulher com a mágoa bem vincada no seu perfil, um romance que deve ser acarinhado e que muitas mulheres, e não só, poderão olhar como um grito de ajuda, já que após várias noites de desalento, a vida mostra que é feita de grandes surpresas para se começar de novo.

Quando os Rios se Cruzam | Rita da Nova

Manuscrito Editora

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Título: Quando os Rios se Cruzam

Autor: Rita da Nova 

Editora: Manuscrito Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Abril de 2024

Páginas: 240

ISBN: 978-989-9181-17-5

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: Para Leonor, ir de Erasmus significava começar de novo. Onde ninguém a conhecesse, poderia ser quem quisesse.

Na cidade italiana, ela descobre partes de si que ignorava existirem, muitas delas novas e entusiasmantes. Mas há um outro lado de si que se revela, uma parte que a envergonha e amedronta — atitudes em que não se reconhece e cujas consequências vão ficar consigo para sempre.

Dez anos depois, mais uma vez a adiar o reencontro com o passado, Leonor dá por si a revelar a uma estranha tudo o que aconteceu naqueles meses — e de que forma o fogo, até então tão inofensivo, acabou por lhe deixar marcas eternas.

 

Opinião: Leonor é a estudante que parte para Erasmus livre, pronta para viver a experiência fora do seu país, dando espaço a uma total liberdade, num local onde ninguém a conhece e onde para além de encontrar uma cidade nova e que vai conhecer, tem também as expetativas em alta com tudo o que o processo desta experiência trás consigo. Novos conhecimentos, amores, noitadas e muita diversão a par dos estudos que tendem a ficar para segundo plano na sua lista de afazeres durante este período de tempo.

Com Leonor conheci vários recantos de Turim e nesse campo Rita da Nova está de parabéns por me ter levado para fora do país sem me fazer sair do sofá. No entanto Quando os Rios se Cruzam não é de todo aquele romance que possa dizer que me tenha arrebatado do início ao fim. Aqui é contada a história de Leonor com tudo o que esperava do seu plano para os tempos de Erasmus, no entanto senti que o fio condutor que devia ter sido criado de início não existiu, tendo sim encontrado uma história que foi feita ao sabor da corrente, talvez entre as correntes de rios e vidas que se cruzam, começando a história central na protagonista, passando por um romance mal conseguido e terminando com a perda de uma pessoa importante para si, mas onde o ego acabou por falar sempre mais alto. Senti ao longo desta leitura uma incapacidade de unir os três pontos que destaco num só, como se as coisas tivessem a ser contadas por partes e não fazendo parte de uma história corrida e como um todo. 

O Quinto Pescador | José Rodrigues

Porto Editora

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Título: O Quinto Pescador

Autor: José Rodrigues

Editora: Porto Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Abril de 2024

Páginas: 240

ISBN: 978-972-0-03759-6

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: No dia do seu aniversário, a tragédia bate à porta de Francisco, levando-o a questionar o sentido da sua própria existência.

Longe de casa e em agonia, parece encontrar o lugar e a coragem de que precisa para pôr cobro ao desespero que lhe preenche os dias.

Entre a saudade insuportável e as memórias de tempos felizes, Francisco é surpreendido por uma criança de 8 anos, Pedro, e por Rafa, o seu fiel companheiro de quatro patas, que lentamente lhe devolvem a vontade de viver. Na pacata aldeia costeira para onde se mudara após a tragédia, encontra novas pessoas e redescobre sentimentos que pensara perdidos para sempre no seu passado.

De forma inesperada, aquilo que seria o fim transforma-se numa fantástica jornada de reconstrução, onde a amizade e o amor se assumem como salvação.

 

Opinião: É através de uma escrita poética, emotiva e de aconchego que José Rodrigues apresenta Francisco ao leitor. Em O Quinto Pescador encontrei um homem que perdeu os seus grandes pilares, ficando a partir desse momento sem rumo, ausente e num completo estado de eloquência onde o sentido da vida lhe deixou de fazer qualquer sentido e fica quase perdido para sempre. Neste romance onde a perda anda de mãos dadas com a força da amizade e do amor, é possível encontrar uma autêntica montanha russa de emoções, do receio de acreditar numa possível reviravolta ao surgimento de novas conquistas. Em tudo existe a possibilidade de existirem segundas oportunidades, sendo somente necessário saber acreditar e abrir os horizontes pessoais para que as boas novas possam aparecer a qualquer momento e trazer consigo promessas de um futuro melhor. Nesta narrativa é possível encontrar verdade no resurgimento de um coração amargurado em cinzas perante o poder da bondade e da vontade em acreditar que nada nem ninguém nos aparece por acaso pela frente. Acreditar que sempre é possível fazer acontecer, partilhando e dando aos outros o que queremos para nós! O Quinto Pescador mostra o poder da mudança e da conquista, da partilha e acima de tudo do grande elo entre a amizade e o amor que une cada um de nós a quem nos quer bem.

 

O Rapaz | Cláudio Ramos

Alma dos Livros

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Título: O Rapaz

Autor: Cláudio Ramos

Editora: Alma dos Livros

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Abril de 2024

Páginas: 320

ISBN: 978-989-570-239-8

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Sou dos que acredita que se pode amar uma pessoa a vida toda e toda a vida pode até ser pequena para tanto amor. Não temos de amar todos na mesma medida, nem tomar o pulso ao que os outros sentem. Vamos aprendendo com a idade que o amor é só isso e nada mais. Não o devemos exibir, complicar, humilhar, amachucar de forma a chamar a atenção para outra coisa qualquer. O amor é só amor e qualquer história de amor conta isso mesmo. 

A história deste livro é a de uma paixão vivida fora de tempo, talvez fora de horas, por duas pessoas que se encontram no lugar certo, mas no tempo errado.

Quando me perguntam porque escrevo sobre o amor, é porque não acredito que exista força maior. O amor é agarrar em coisas boas e transformar a vida, colando-as umas nas outras de maneira que fiquem poucos espaços para outra coisa que não seja o amor. É amar um lugar, um cheiro, uma lembrança, um animal, uma música, é gostar de andar na rua, é ter vontade de sentir a chuva, o vento, de aproveitar o sol.

O amor é vida que cada um de nós tem de aproveitar se nos bater à porta. Nunca percam de vista a vossa pessoa certa. Vale sempre a pena tentar. Sempre!

 

Opinião: O Amor é o principal aliado de O Rapaz, o romance onde Cláudio Ramos entrega a sua liberdade perante a escrita de uma obra que afirma ser de ficção mas onde se vê tanto do seu autor em cada página onde de menino a adulto apaixonado, dos confrontos e das transparências, se encontra um homem que acredita que é possível amar, mesmo com todos os entraves que por vezes as relações trazem consigo. 

Um romance gay, que vive entre memórias da criança que este rapaz foi e do rapaz que se tornou perante a vida que lhe foi colocando entraves em paralelo com as conquistas com que sempre sonhou.

 

 

Nini, de Ticas Graciosa

Cultura Editora

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Título: Nini

Autor: Ticas Graciosa

Editora: Cultura Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Março de 2024

Páginas: 224

ISBN: 978-989-577-011-3

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Quando Nini era criança, o pai, atormentado por um transtorno obsessivo, matou-lhe a mãe e suicidou-se — ou, como a mulher em que Nini se tornou viria a aprender, «morreu de suicídio».

Inspirado num único acontecimento real da vida da autora, justamente a morte dos pais, Nini é um romance que mergulha na construção literária de uma criança que cresce num ambiente preconceituoso e violento, e no esforço que faz para o compreender e superar ao longo da vida.

Um entusiasmante romance de estreia de Ticas Graciosa, que, com espantosa riqueza de imaginação e surpreendente habilidade, ficciona uma dor talvez há muito esquecida, mas que lhe tem imposto uma constante aprendizagem, quase uma luminosa missão para a vida: alertar.

E Nini? Terá ela compreendido, terá ela perdoado?

 

Opinião: Nini não é um romance que faça companhia ao leitor sem o questionar. Esta narrativa de estreia de Ticas Graciosa é um verdadeiro alerta sobre o peso que a saúde mental tem na sociedade, perante quem somos e quem nos rodeia representa. Esta é uma história onde a ficção se mistura com factos reais, de onde a autora partiu da sua própria história de vida pela perda dos seus pais, para criar uma realidade que tantas vezes é ignorada e negada por quem está mesmo em confronto com a mesma. Acrescentando ao debate da saúde mental oprimida pelos mais próximos pela vergonha, existem ainda aqui vários pontos de preconceito a serem comentados e revelados, como se tudo tivesse de ser abafado por seguir contra as normas da sociedade do politicamente correto. 

Em Nini acompanhamos a história de uma criança que desde cedo convive com contrastes sociais, onde se auto questiona sobre a instabilidade e dureza com que os pais se confrontam e como os mesmos são tratados pela restante família que parece ter tudo mas pouco gosta de partilhar. Numa estrutura familiar frágil e instável, onde os receios e o constante medo que algo aconteça existem, Nini é a criança que vai crescendo e que perde os pais por culpa de vários adultos que sempre tentam não dar valor ao drama de um casal que precisa de ajuda para sair do vazio com que se encontra e perante o qual não consegue pedir «socorro».

Uma Noite na Livraria Morisaki | Satoshi Yagisawa

Editorial Presença

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Título: Uma Noite na Livraria Morisaki

Título Original: Zoku - Morisaki Shoten  No Hibi

Autor: Satoshi Yagisawa

Editora: Editorial Presença

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Feveiro de 2024

Páginas: 160

ISBN: 978-972-23-7292-3

Classificação: 5 em 5

 

Sinopse: Sim, devemos regressar onde fomos felizes.E à livraria Morisaki, lugar de histórias únicas, voltamos com Takako, para descobrir um dos romances japoneses mais mágicos do ano.

Estamos novamente em Tóquio, mais concretamente em Jimbocho, o bairro das livrarias, onde os leitores encontram o paraíso. Entre elas está a livraria Morisaki, um negócio familiar cuja especialidade é literatura japonesa contemporânea, há anos gerida por Satoru, e mais recentemente com a ajuda da mulher, Momoko. Além do casal, a sobrinha Takako é presença regular na Morisaki, e é ela quem vai tomar conta da livraria quando os tios seguem numa viagem romantic oferecida pela jovem, por ocasião do aniversário de casamento.

Como já tinha acontecido, Takako instala-se no primeiro andar da livraria e mergulha, instantaneamente, naquele ambiente mágico, onde os clientes são especiais e as pilhas de livros formam uma espécie de barreira contra as coisas menos boas do mundo. Takako está entusiasmada, como há muito não se sentia, mas… porque está o tio, Satoru, a agir de forma tão estranha? E quem é aquela mulher que continua a ver, repetidamente, no café ao lado da livraria?

Regressemos à livraria Morisaki, onde a beleza, a simplicidade e as surpresas estão longe, bem longe de acabar.

 

Opinião: Se tinha ficado rendido quando fiz a leitura de Os Meus Dias na Livraria Morisaki, posso agora dizer que com Uma Noite na Livraria Morisaki acabei por encontrar o bombom literário tão especial que ao longo de toda a leitura senti vontade de entrar naquele espaço, dar o braço a Takako, a sobrinha cuidadora de Satoru, o dono da livraria Morisaki, e da sua esposa, Momoko, e conhecer cada recanto desde espaço mágico e tão acolhedor.

Neste romance encontrei carinho e muita ternura numa mensagem de amor perante o cuidado e a preocupação que cada um tem de sentir para com o próximo e por quem sempre nos quer bem. Nesta história a jovem sobrinha ganha espaço dentro da livraria que tanto estima e que vem sendo passada entre gerações, conhecendo um pouco mais os clientes habituais, o que cada um procura entre as edições disponíveis e também podendo perceber que por vezes só precisamos de dar atenção a quem nos chega para tornar o dia de alguém bem melhor. Olhar para o seu próprio interior, encontrar a paz tão desejada, e poder depois transmitir aos outros o bem que existe para ser partilhado. Este livro é amor, aconchego e crescimento pessoal!

Quem Está Aí? | Teresa Driscoll

Editorial Presença

Título: Quem Está Aí?

Título Original: I Will Make You Pay

Autor: Teresa Driscoll

Editora: Editorial Presença

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Janeiro de 2024

Páginas: 336

ISBN: 978-972-23-737-0

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Todas as quartas-feiras, Alice recebe uma chamada. Todas as quartas-feiras, as ameaças adensam-se. E aquela voz distorcida torna-se o seu maior pesadelo.

É apenas mais uma quarta-feira na redação… até o telefone começar a tocar. A jornalista Alice Henderson atende uma chamada, e o que ouve, do outro lado da linha, é uma voz distorcida a fazer uma ameaça aterradora. Alice desliga e pensa que aquilo não passou de uma brincadeira de mau gosto, mas… na quarta-feira seguinte, volta a receber uma chamada, e desta vez é claro que a ameaça é destinada a si.

Alguém quer fazê-la sofrer, mas porquê? Quem está do outro lado? Os artigos de Alice no jornal local tornaram-na uma figura popular e reconhecida… Será o seu passado, e não o seu trabalho, que a está a pôr em risco? Alice não quer ceder ao medo que começa a tomar conta dela, mas quando a investigação da polícia não apresenta resultados, o namorado da jornalista insiste em contratar Matthew Hill, um investigador privado.

A cada quarta-feira, as ameaças adensam-se, e agora não é apenas Alice a visada, mas também a sua família. Enquanto a perseguição se torna cada vez mais feroz, e antes que as terríveis ameaças se tornem realidade, conseguirá Alice descobrir por que razão tudo isto lhe está a acontecer?

 

Opinião: Hoje é Quarta-feira e se recebesses uma chamada anónima com ameaças perante o teu futuro? Alice recebeu esta dita estranha chamada e mesmo que tivesse ficado com a pulga atrás da orelha, seguiu a sua vida, até que na Quarta-feira seguinte uma nova chamada de atenção lhe é feita com dados que a podem colocar em perigo. A partir daqui a jornalista começa a viver numa autêntica espiral de mistério onde o medo e a curiosidade se aliam uma vez que não sente que tenha feito algo para estar a ser colocada à prova, relembrando os seus últimos anos e também colocando o seu trabalho de investigação para o jornal local para que trabalha em causa por poder ter publicado algum artigo que não foi aceite por quem está por detrás do anonimato das ameaças.

O leitor é convidado a mexer no passado desta mulher, percebendo que a própria Alice não é quem mostra ser de início, tudo ao mesmo tempo que se vai acompanhando o passado da pessoa que está envolvida neste mistério, sem se conseguir perceber quem é "ele", existindo sempre a velha questão das suspeitas que o leitor vai tendo sobre quem possa ser, mistério só revelado mesmo perto do fim e que a autora consegue, sem necessitar de recorrer a muitas personagens ao longo da narrativa, surpreender por poder ser qualquer um dos mencionados ao longo da história de vida de Alice. Um passado com várias nuances, um presente de omissões e lutas, esta é a luta de uma mulher que de um dia para o outro se vê num ajuste de contas por algo que não pensava ser possível.

A Livraria Perdida, de Evie Woods

Singular Editora

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Título: A Livraria Perdida

Título Original: The Lost Bookshop

Autor: Evie Woods

Editora: Singular Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Janeiro de 2024

Páginas: 368

ISBN: 978-989-789-036-9

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Numa rua tranquila de Dublin, uma livraria perdida está à espera de ser encontrada.

Opaline, Martha e Henry parecem não ter nada em comum além de terem sido, durante demasiado tempo, personagens secundárias nas suas próprias vidas. Opaline tem de fugir de Londres para não ser obrigada a casar-se, Martha parece inevitavelmente presa numa relação tóxica, e Henry está noivo de uma mulher que não ama.

É em Ha’penny Lane, uma pacata rua de Dublin, que os caminhos destas personagens se cruzam. Era ali que devia estar a livraria fundada por Opaline, onde Henry entrou uma noite, pouco depois de chegar à Irlanda… mas não só não está, como também não há registos capazes de provar que alguma vez tenha existido.

Seguindo o pouco que sabem sobre a incrível vida desta misteriosa mulher, Henry e Martha tudo farão para encontrar a livraria perdida e descobrir os seus segredos. Por entre os ramos de uma árvore que teima em crescer numa cave da capital irlandesa, páginas que sussurram, mistérios literários desvendados e livros que aparecem em prateleiras sem que alguém os tenha posto lá, as histórias destas três personagens que o destino põe à prova serão reveladas, mostrando que até a vida mais banal pode tornar-se tão fascinante como as que se encontram nas páginas dos melhores livros.

 

Opinião: Opaline encontra-se no início do século XX e Martha e Henry são dois desconhecidos nos dias correntes. O que têm estas três personagens em comum a ponto de deixarem o leitor agarrado à narrativa de A Livraria Perdida? Uma autêntica viagem pela literatura vista perante o olhar de três pessoas distintas e onde todos somos convidados a perceber que cada um é sempre fruto do que vai vivendo, ajudando o passado a moldar cada ser perante o presente.

Nesta história encontramos o passado com Opaline, uma mulher sonhadora que ambiciona ser uma comerciante de livros mas presa a nível familiar como forma de castração por estar a lutar pelo que os outros acreditam ser contra as normas da sociedade. Já nos tempos atuais Martha é a esposa em fuga de um marido sem escrúpulos e Henry é um noivo pouco confiante no seu futuro. Os dois cruzam-se quando Henry decide procurar um raro manuscrito numa livraria que parece não existir na rua Ha'penny Lane, na Irlanda, mesmo ao lado da casa onde Martha encontrou o seu refúgio quando procurou a libertação.

O Nome Que a Cidade Esqueceu | João Tordo

Companhia das Letras

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Título: O Nome Que a Cidade Esqueceu

Autor: João Tordo

Editora: Companhia das Letras

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Novembro de 2023

Páginas: 376

ISBN: 978-989-784-927-5

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Nova Iorque, 1991.

Ao aterrar na América, Natasha, refugiada de um país da ex-União Soviética, está longe de imaginar que o seu exílio se transformará numa aventura labiríntica pela grande cidade e pela alma humana. O caminho desta rapariga cheia de medos e sonhos cruza-se com o de George B., homem marcado por um passado misterioso, que vive em total isolamento em plena cidade, barricado num apartamento apinhado de objectos inúteis.

George oferece a Natasha um emprego bizarro: ler-lhe em voz alta a lista telefónica de Nova Iorque. Enquanto a rapariga aprende a suportar as saudades da sua família e do seu país, esboçando uma nova vida na metrópole vibrante e crua, George, por seu lado, procura obsessivamente um nome entre os milhões de nomes que a cidade esqueceu; um nome que poderá salvá-lo, ou ser a sua danação.

Tomando como inspiração uma história verdadeira publicada no New York Times, João Tordo constrói um romance enigmático, impulsionado pelo acaso e pela memória. O resultado é uma narrativa que disseca a solidão, grande doença dos nossos tempos, confrontando as suas personagens e os leitores com o passado com que todos tentamos reconciliar-nos. O nome que a cidade esqueceu marca o regresso de um dos escritores mais estimados do público a um lugar que lhe é familiar, numa história plena de imaginação, arrojo, candura e compaixão.

 

Opinião: Natasha chega sozinha a Nova Iorque como refugiada da União Soviética e sem nada nem ninguém a quem se amparar, tem de arregaçar as mangas para sobreviver perante as exigências que a sua nova condição lhe exigem. Esta nova vida leva-a a conhecer George, um homem entre tantos, que vive sozinho, isolado dentro de quatro paredes, e que recorre a jovens mulheres que precisam de dinheiro para lhe lerem a extensa lista telefónica em busca de nomes que lhe são familiares e que estão envoltos em segredos. Assim se juntam duas pessoas que vivem perante a solidão numa sociedade em movimento e que levam o leitor a percorrer caminhos que vão para lá da ligação que os une de início. Através de Natasha e George encontramos muito Mundo por vezes sem sairmos de casa pelo recurso da memória, encontramos um pouco de cada um de nós nos momentos em que por vezes só necessitamos de respirar com calma para se seguir em frente por caminhos translúcidos marcados pelas dores de percurso.

João Tordo coloca em O Nome Que a Cidade Esqueceu a sua escrita emotiva e poética onde o poder da descrição das personagens muito bem retratadas e desenvolvidas levam o leitor a sentar-se e a percorrer caminhos ao seu lado para se perceber como cada um irá conseguir dar a volta para seguir em frente perante os presságios que os acompanham do início ao fim.

O Meu Nome é Lucy Barton | Elizabeth Strout

Alfaguara

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Título: O Meu Nome é Lucy Barton

Título Original: My Name Is Lucy Barton

Autor: Elizabeth Strout

Editora: Alfaguara

Edição: 2ª Edição

Lançamento: Setembro de 2016

Páginas: 176

ISBN: 978-989-665-117-6

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Lucy Barton está numa cama de hospital, a recuperar lentamente de uma cirurgia que deveria ter sido simples. As visitas do marido e das filhas são escassas e pouco aproveitadas por Lucy. A branca monotonia dos dias de hospital é quebrada pela inesperada visita da mãe, que fica cinco dias sentada à sua cabeceira. Mãe e filha já não se falavam há anos, tantos quantos os que Lucy passou sem visitar a casa onde cresceu e os que a mãe passou sem a visitar em Nova Iorque, nem sequer para conhecer as netas.

Reunidas, as duas trocam novidades e cochichos sobre os vizinhos da infância de Lucy, mas, por baixo da superfície plácida da conversa de circunstância, pulsam a tensão e a carência que enformaram todos os aspectos da vida de Lucy: a infância de pobreza e privação no Illinois, a fuga para Nova Iorque (a única dos três filhos que o fez) e a desintegração silenciosa do casamento, apesar da presença luminosa das filhas. Com um passado que ainda a atormenta e o presente em risco iminente de implosão, Lucy Barton tem de focar para ver mais longe e para voltar a pôr-se de pé.

Mais ainda do que uma história de mãe e filha, este é um romance sobre as distâncias por vezes insuperáveis entre pessoas que deveriam estar muito próximas, sobre o peso dos não-ditos no seio das relações mais íntimas e sobre a solidão que todos sentimos alguma vez na vida. A entrelaçar esta poderosa narrativa está a voz da própria Lucy: tão observadora, sábia e profundamente humana como a da escritora que lhe dá forma.

 

Opinião: Lucy Barton é uma sonhadora escritora que se encontra presa numa cama hospitalar onde poucas visitas recebe do marido e das filhas, no entanto existe uma pessoa de quem tem estado afastada que a vai acompanhar neste percurso solitário e de luta. A mãe de Lucy regressa após vários anos de afastamento e as horas que começam a partilhar no quarto do centro hospitalar traduz-se num duro embate de sentimentos de situações mal resolvidas onde as memórias de ambas acabam por ainda no tempo presente magoar. 

O Meu Nome é Lucy Barton traduz-se num romance onde o debate entre a comunhão entre mães e filhas acontece e se na maioria dos casos essa união significa paz, amor e cumplicidade, neste caso e também como retrato de várias famílias, por aqui existe a mágoa, os temas tabu do passado e agora a vontade de ambas em recuperarem o tempo perdido mas sempre com muito receio por não existir confiança mútua.