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O Informador

O Pinguim Sem Asas

Antes de tudo, devo dizer que estive alguns dias a pensar numa das palavras que melhor me define ou aquela que poderia usar para dar título a este texto.

Achei que Resiliente seria a mais apropriada.

Resiliente é aquela pessoa que, por mais obstáculos e fases menos boas enfrente, consegue “voltar à sua forma inicial”. Dito de outra forma, pode ir abaixo com as demais circunstâncias, mas consegue sempre subir novamente para o sítio onde esteve antes da “crise”.

Este texto é capaz de ser um dos textos mais pessoais que alguma vez irei partilhar na internet (mesmo não sendo na minha página).

Quem me conhece sabe que tive algumas fases menos boas na minha vida, bem como alguns obstáculos a superar. A começar na adolescência, que não foi propriamente fácil, até a um dos meus maiores desafios enquanto profissional que ainda hoje, e daqui em diante, estarei sempre a lutar e a desafiar-me diariamente.

A minha adolescência foi pautada por alguns maus momentos. Um miúdo que adorava ir para a escola, adorava ir às aulas, aprender coisas novas, um bocado “nerd”, de repente, vê-se alvo de chacota e de bullying (?).

Uma chacota sem qualquer fundamento, sem qualquer razão de ser. Apenas porque um grupo de idiotas sem “dois dedos de testa” decidiu que eu seria um bom alvo para a sua chacota e regozijo diários.

Foram alguns anos em que “me fechei dentro de mim”, me tornei bastante reservado e introvertido (ainda continuo a ser um pouco, hoje em dia), em que não partilhava grande coisa com as pessoas que me rodeavam e tentava, de certa forma, resolver as coisas sozinho.

Se resolveu alguma coisa? Não. Só serviu para me tornar um miúdo nervoso, ansioso e sempre a temer os maus momentos que poderia passar durante o tempo que permanecia na escola do ensino básico.

Se houve dias em que me fui abaixo? Sim. Se houve dias em que me apeteceu mandar “tudo à fava”? Sim. Se imaginei inúmeros momentos em que me impunha e “os metia no lugar”? Oh, se tive! Se esse dia existiu? Sim, existiu! Uns anos mais tarde, mas não em relação ao dito grupo de idiotas.

Surgiu o dia em que disse a mim mesmo “CHEGA”. Chega de seres rebaixado. Chega de seres humilhado. Chega de seres “capacho” dos outros. Chega de pessoas que só se aproximam de ti por puro interesse. Então impus-me!

E aí comecei a viver a minha adolescência.

Esta atitude foi, talvez, impulsionada pela minha primeira paixão de adolescência, em que a miúda em questão me deu força e alento para me impor e tomar uma atitude, antes que ficasse mais marcado e “mais conhecido” como o “mais humilhado de sempre”. A ela só tenho a agradecer.

Quem me conhece desde estes tempos nota a diferença entre o adolescente que eu era e a pessoa que me tornei. Claro está que a idade e a vida nos ensinam diversas lições e temos que tirar partido da maior parte delas para conseguir evoluir e sermos mais e melhores para nós mesmos e para quem nos rodeia.

Resiliência no facto de mesmo ter ido abaixo bastantes vezes, conseguir (se calhar, tarde de mais, mas ainda a tempo) levantar-me e mostrar a mim mesmo – e aos outros – que mereço respeito. Sou um ser humano e, como tal, mereço respeito como todos os outros. Ninguém é mais do que eu. Somos todos iguais. Merecemos todos ser respeitados.

Algo que também me ajudou a ser quem sou, a crescer e a tornar-me mais responsável e mais “adulto” foi o desafio profissional que me foi colocado nas mãos há cinco anos atrás. Depois de acabar o curso, foi-me oferecido o desafio de gerir um negócio. Um desafio enorme, em que tive alguns meses de formação, em que tive de aprender tudo muito rapidamente e integrar-me rapidamente na dinâmica profissional que isso implicava.

Não me estou a queixar. Nada disso! Apenas relato que me senti bastante ansioso antes de assumir essa posição e, mesmo hoje em dia, por vezes, fico ansioso com determinada situação, determinado obstáculo ou dificuldade que me aparece à frente. Por mais que pense em desistir, acho que não serei capaz disso, pois não faz parte da minha pessoa.

Dificuldades existem diariamente, mas temos que saber lidar com elas. Temos que saber enfrenta-las e saber contorna-las, de forma a seguirmos em frente e conseguirmos alguma paz de espírito e aquela sensação de “dever cumprido”.

Temos de saber ultrapassar estes nossos obstáculos diários, caso contrário, iremos abaixo e não é no fundo do poço que conseguimos resolver o que quer que seja.

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