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O Informador

Perfeitos Desconhecidos | Força de Produção

Teatro Maria Matos

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Pensas que conheces o teu parceiro e os teus amigos de tão próximos que são mas se fores ao Teatro Maria Matos ver Perfeitos Desconhecidos percebes rapidamente que podes desconfiar que afinal o que sabes e suspeitas nem sempre vai de encontro à verdade que está no outro. 

Num jantar de amigos, em noite de eclipse lunar, a anfitriã propõe um jogo que desde logo promete celebrizar a frase musical, «vai dar merda, vai dar merda», ao longo da noite. Os telemóveis são deixados sobre a mesa, desbloqueados, com som e todas as chamadas serão atendidas em alta voz, mensagens e emails lidos, notificações mostradas e eis que tudo começa até de forma pacífica até que os segredos de uns e as omissões ou os mal entendidos de outros surgem e o que prometia ser um bom momento entre amigos acaba por terminar num círculo vicioso de decadência entre pessoas que se gostam e que percebem que afinal não se conhecem assim tão bem para se considerarem amigos. 

Com Sara Barradas e Filipe Vargas como anfitriões do jantar que conta com as personagens de Carla Maciel, Cláudia Semedo, Jorge Mourato, Martinho Silva e Samuel Alves, Perfeitos Desconhecidos é daqueles espetáculos onde dá para rir, por vezes por se perceber que talvez lá em casa seja assim mesmo que as coisas acontecem, ou até para deixar a lágrima no canto do olho quando a verdade sobre a sugestão deste jogo surge e se percebe que a mesma nem devia ter acontecido. 

Um bom espetáculo com um excelente elenco e boa capacidade para não existirem momentos mortos ao longo de quase duas horas de sessão. Com recurso a vídeo para se conseguir perceber quem está do outro lado do telemóvel, tal como o que é dito, de que forma e as imagens enviadas, estes Perfeitos Desconhecidos têm todos os condimentos necessários para agarrar desde o início o público que se deixar conduzir para a sala por procurar um bom produto de entretenimento teatral. 

Friso que o Teatro Maria Matos e a Força de Produção mantém todos os cuidados de distanciamento e higiene, sendo até esta sala lisboeta uma das melhores para o momento que travessamos, uma vez que as fileiras são distantes entre si, os lugares estão marcados com separação e quem fica atrás ou à frente fica com uma boa distância de segurança. 

 

Questões pós pandemia

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Umas questões que me atormentam após o término da pandemia...

Quando em 2021 começarmos a poder respirar, se tudo correr bem, com algum alívio por começarmos a colocar o Covid19 para trás das costas, fazendo de todo o ano 2020 um marco histórico que atacou toda a sociedade mundial, conseguiremos retomar o que existia até surgirem os primeiros casos do vírus no nosso país? As pessoas estarão como antes disponíveis para os outros? Conseguiremos deixar, quem os tem, os cuidados de higiene com a higienizarão constante das mãos e produtos com que lidamos diariamente? Conseguiremos retomar o dia-a-dia, voltando aos locais que nos faziam bem ou o passado ficará para trás e o futuro que será presente não voltará aos sítios onde tudo já fez sentido? As relações voltarão a ser as mesmas, lidando com cada um da mesma forma como se todos estes meses não passassem de um pesado pesadelo? E a nível da saúde, o que uma vacina poderá trazer de benéfico não poderá ao mesmo tempo a médio e longo prazo trazer consequências?

Não podemos gostar de todos

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Somos educados com a transmissão do pensamento de que devemos gostar de todos os que nos rodeiam para sermos boas pessoas. Adultos desta vida, deixem de passar essas ideias aos mais novos porque todos sabemos que na realidade isso não acontece.

A ideia de que nos temos de dar bem e gostar de todas as pessoas é tão errada como a noção da simpatia com quem se mostra simpático connosco. Já dei para o peditório de fazer aqueles sorrisos forçados mesmo quando não gosto, mas ultimamente essa falsa simpatia já ficou para trás. Se não estou bem, não gosto, só tenho de começar a riscar para não gerar hipocrisia.

Na vida o melhor é deixar fluir, acolhendo quem nos faz falta e tem algo para dar em troca, abrindo mão quando se torna impossível de lidar com incompatibilidades de quem nada de bom nos transmite. A ideia de forçar relações por ser necessário gostar de todos é totalmente falsa.