Madame C. J. Walker, Uma Vida Empreendedora
Netflix
No ano em que se assinala os 100 anos da morte de Walker, a primeira mulher americana milionária por mérito próprio, a Netflix , inspirando-se na obra literária On her Own Ground, da autoria de A'Lelia Bundles, trineta de Walker, lança a minissérie Madame C. J. Walker, Uma Vida Empreendedora em jeito de homenagem biográfica a uma mulher revolucionária e que lutou contra preconceitos raciais e a favor do feminismo, debatendo-se perante quem se colocou e tentou interferir nos seus sonhos pessoais e profissionais.
Nascida de uma família de escravos, sendo maltratada pelo marido, sofrendo preconceito por ser negra, mal arranjada e com problemas capilares, Walker parecia uma mulher negra condenada ao fracasso quando percebe que pode lutar pela própria vida. Reunindo uma história verídica com apontamentos desnecessários de uma suposta luta de boxe, fora de contexto na época, com a rival direta de fornecimento de produtos capilares para mulheres negras, a série parece desvirtuar um pouco por misturar a inspiração com pontos de rivalidade que parecem ter sido colocados na trama somente para a tornar mais atrativa, o que me pareceu forçado, tanto como essa batalha foi demonstrada como tudo se processou até ao final, mesmo a quilómetros de distância. Não existia tal necessidade, mas esse ponto por si só não chegava para estragar esta produção que une sonhos, família, debatendo preconceitos, batalhas pessoais, confiança e valorização, sendo mal conduzida e deixando escapar factos que poderiam transformar e mostrar uma realidade mais alargada sobre a real transformação de Madame C. J. Walker em tempos de mudança.