Quando Ela... É Ele!
Quando Ela é Ele a favor de uma mentira que pretende esconder o preconceito que a sociedade ainda tem para com a homossexualidade tudo pode surpreender porque no final de contas a verdade nem sempre se consegue esconder e por muito que se tente disfarçar as coisas acabam por acontecer.
Uma divertida comédia com um tom provocatório mas bem disposto tem andado pelo país e parece estar pronta para continuar a subir aos palcos nacionais. Com um cenário simples, atores desconhecidos do público em geral mas que não se ficam atrás do talento de muitos que agarram multidões e com uma história caricata, Quando Ela... É Ele! pode ser daqueles espetáculos que primeiramente se pensa que não vai agradar à maioria do público pelo seu tema base. No entanto, no final, os aplausos fazem-se sentir e isso é previsível após as reações que se vão ouvindo ao longo do espetáculo graças a personagens bem construídas e com detalhes que provocam o riso fácil e acabam por dar vida a bonecos que são tão reais como os espetadores de cada sessão. Embora tenha achado que existem passagens abusivas com discursos e gestos levados ao extremo, percebo que para cativar têm de o fazer para que se desdramatize o tema base que de certo não agradará a gregos e troianos.
Um casal gay sabe, praticamente de um dia para o outro, que irá receber o pai de um e sogro do outro em casa, mas existe um problema. O pai que chega do Norte para visitar o seu filho acredita que irá conhecer a sua nora. Pois, é a partir dai que tudo começa com o filho Emílio a pedir à amiga Rita para se fazer passar por sua noiva. Mas no meio desta história de disfarces onde fica Francisco? Fica na mesma casa que o suposto casal onde também já se encontra o visitante tão desejado. Um casal gay, uma farsa, uma amiga burra e um Sr. Emílio mais esperto que todos os outros. São estes os ingredientes chave para que este espetáculo consiga atrair o público e arrancar aplausos e gargalhadas ao longo de cada sessão.
Até agora Quando Ela... É Ele! tem andado de sala em sala mas acredito que esta peça conseguiria conquistar o seu público e espaço se assentasse arraiais por uma certa zona da cidade de Lisboa onde a noite é uma festa. Fica aqui a dica para os intervenientes para que pensem em entrar por outros caminhos e possam sonhar mais alto, quem sabe com a ajuda de outras pessoas e companhias, para que fiquem com um espaço durante uns tempos e poderem assim ganhar um pouco de visibilidade junto quem sabe de um público especial que se poderá rever em determinados pensamentos, gestos e atitudes de cada personagem.
Sinceramente gostei mais do que esperava para uma produção de um grupo com menor relevância que os grandes que ocupam as principais salas da nossa capital, mas é necessário pensar em fazer mais para se ser ainda melhor.