Quem Tem Medo de Virginia Woolf? [Força de Produção]
Edward Albee é o autor de um dos maiores clássicos contemporâneos da dramaturgia que mais tem corrido o Mundo ao longo de décadas e agora volta a estar em cena entre nós e com Alexandra Lencastre e Diogo Infante a darem vida ao casal Martha e George.
Quem Tem Medo de Virginia Woolf? é um texto que todos os atores em determinada altura da sua vida anseiam dar vida e desta vez a ambição está do lado de Infante e Lencastre que ao lado dos jovens Lia Carvalho e José Pimentão dão vida a personagens que se confrontam entre a realidade e a ilusão numa autêntica queda livre sobre as complicadas relações conjugais.
Num serão de festa em casa do pai de Martha, reitor da universidade de New Carthage, onde George é professor e responsável pelo departamento de História, Martha convida um jovem casal a fazer-lhes companhia em sua própria casa após o serão animado. E a partir do momento em que a anfitriã revela a chegada das visitas que a discussão começa, iniciando-se assim uma crise que coloca a vida do casal de meia-idade a ser desfiada enquanto a bebida vai ajudando, ao longo de todo o encontro, a que o abismo recheado de revelações do passado, que afetam o presente, seja contado aos convidados que aos poucos caem na teia e nos «jogos» psicológicos que George cria para moldar os que estão à sua volta consoante a sua vontade, isto após ser humilhado por uma mulher egocêntrica, alcoólica e muito dada a novas experiências, se é que me faço entender, e pelos próprios convidados. Uma vida a dois completamente falhada com as falhas profissionais e pessoais a ser desvendadas e lembradas enquanto se vão magoando mutuamente. Afinal de contas não existem as famílias perfeitas que circulam em paz e comunhão à vista de todos, porque no interior de quatro paredes sempre existem problemas entre casais, problemas esses que vão sendo acumulados ao longo do tempo.
Quem Tem Medo de Virginia Woolf é uma critica à sociedade oprimida e que vive de aparências, fazendo recurso a um casal que se gosta mas que também se usa para se mutilar mutuamente como forma de escape enquanto estão sós e fora do olhar de quem está por fora do enlace e da verdade.
Num texto duro e violento, Edward Albee exprime de forma desconcertante a verdade, confronto, traição, imaginação, provocação e muita loucura num serão complicado mas que não passa de um momento alto do que é um pouco o dia a dia das pessoas que se reprimem para não terminarem o que existe numa relação de forma alguma.