Título: Apneia
Autor: Tânia Ganho
Editora: Casa das Letras
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Julho de 2020
Páginas: 696
ISBN: 978-989-660-810-1
Classificação: 5 em 5
Sinopse: Quando Adriana ganha finalmente coragem para sair de casa com o filho de cinco anos, pondo fim ao casamento com Alessandro, mal pode imaginar que o marido, incapaz de aceitar o divórcio, tudo fará para a destruir - nem que para isso tenha de destruir o próprio filho.
Apneia é uma viagem ao mundo sórdido da violência conjugal e parental, através de um labirinto negro em que os limites da resistência psicológica são postos à prova, ameaçando desabar a qualquer instante, e dos meandros tortuosos de uma Justiça por vezes incompreensível, desumana e desfasada da realidade.
Escrito com uma sobriedade e frieza inquietantes, Apneia é um romance intenso, absorvente e perturbador, que ilustra com uma autenticidade desarmante o estado de guerra em que vivem milhares de famílias estilhaçadas, e com o qual, inevitavelmente, muitos leitores se vão identificar, encontrando nestas páginas ecos da sua própria experiência.
Opinião: O nome deste livro diz tudo, Apneia, cujo significado nos transporta para a suspensão da respiração. E foi assim mesmo que fiquei ao longo da leitura desta obra de Tânia Ganho. Conhecendo o sofrimento de Andreia, que luta pelo bem estar do filho, a narrativa criada deixa o leitor sem fôlego ao longo de cada capítulo onde tudo o que vai sendo descrito apela para que se entre na história e se ajudem a colocar os pontos nos iis, já que algo tem de ser feito para salvar vidas que sofrem e são facilmente manipuladas.
Apneia retrata a vida de uma mulher que sobre de violência doméstica, até que decide sair de casa quando o filho, Alessandro tem cinco anos. A partir desse momento a custódia pelo menor e os limites entre o respeito entre uns e outros é debatida entre acusações e insultos, numa guerra parental que vai muito para além da violência que acaba por ser levada à justiça que tanta vez defende o poder e não a razão. Mostrando uma mãe lutadora pelo bem estar do filho, Apneia mostra a persuasão sem pausas de uma mulher que se anula pelo bem-estar do outro, entrando em suspenso consigo própria para definir o futuro do menor dentro dos parâmetros aceites pelo seu antigo e sempre presente ex-companheiro, Edoardo.
Mostrando uma luta errada e desigual, onde o certo parece ser o errado e o que realmente está mal é visto como pontos positivos no futuro de uma criança pelas leis do tribunal, Apneia vai para além da violência conjugal que se alia com a alienação parental, chegando bem cedo a um descarrilar por abusos sexuais. Entre solidão, violência, abusos, mentira, injustiça, ingratidão e persuasão, a perseverança com que uma mãe luta pelo filho sozinha sem sentir que a verdade seja respeitada e defendida é um dos grandes pilares desta história que prende o leitor sem cansar. Nesta inspiração em casos reais a criança é vista como um alvo para abater o outro lado da batalha, num autêntico jogo de ping pong, do leva e trás e não com as melhores ideias a serem partilhadas e enviadas, existindo uma real contradição entre o bem e o mal entre as ideias de mãe e pai, deixando a criança confusa, sem capacidade inicial para perceber que o centro do vulcão onde se encontra a circular está prestes a explodir e que a vitima no futuro é só uma.