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O Informador

Distantes vontades

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Perante as últimas tempestades que se têm feito sentir na minha pessoa, com alguma instabilidade psicológica a criar desalinho na minha vida, recorri a uma primeira consulta de psicologia como forma de ajuda a delinear um novo caminho na arrumação interna que tenho de fazer comigo próprio. Foi quase uma hora de sessão, onde me deixei estar livre para deixar fluir o que me transtorna, mas existe um apontamento que posso partilhar aqui contigo e que perante o qual muitas vezes não nos damos conta.

A diferença na forma como nos exprimimos através de certas palavras faz alguma diferença entre o que nos vai na alma, delineando o caminho entre o desejo com vontade e uma certa obrigação. Dou o exemplo da utilização das formas verbais Dever e Querer, existindo uma diferenciação entre ambas como se de um fosso se tratasse. Não nos damos conta, mas o certo é que mentalmente entre o quero e o devo existe um espaço enorme, já que o quero tem que surgir por uma vontade própria, como que um desejo, um sonho, e o quero é como se existisse como que uma obrigação ou imposição que nos fazemos a nós próprios, por vontades que muitas vezes nos ultrapassam ou pela pressão social, o que não transmite o que realmente sentimos, mas o que tem de ser feito.

Apneia | Tânia Ganho

Casa das Letras

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Título: Apneia

Autor: Tânia Ganho

Editora: Casa das Letras

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Julho de 2020

Páginas: 696

ISBN: 978-989-660-810-1

Classificação: 5 em 5

 

Sinopse: Quando Adriana ganha finalmente coragem para sair de casa com o filho de cinco anos, pondo fim ao casamento com Alessandro, mal pode imaginar que o marido, incapaz de aceitar o divórcio, tudo fará para a destruir - nem que para isso tenha de destruir o próprio filho.

Apneia é uma viagem ao mundo sórdido da violência conjugal e parental, através de um labirinto negro em que os limites da resistência psicológica são postos à prova, ameaçando desabar a qualquer instante, e dos meandros tortuosos de uma Justiça por vezes incompreensível, desumana e desfasada da realidade.

Escrito com uma sobriedade e frieza inquietantes, Apneia é um romance intenso, absorvente e perturbador, que ilustra com uma autenticidade desarmante o estado de guerra em que vivem milhares de famílias estilhaçadas, e com o qual, inevitavelmente, muitos leitores se vão identificar, encontrando nestas páginas ecos da sua própria experiência.

 

Opinião: O nome deste livro diz tudo, Apneia, cujo significado nos transporta para a suspensão da respiração. E foi assim mesmo que fiquei ao longo da leitura desta obra de Tânia Ganho. Conhecendo o sofrimento de Andreia, que luta pelo bem estar do filho, a narrativa criada deixa o leitor sem fôlego ao longo de cada capítulo onde tudo o que vai sendo descrito apela para que se entre na história e se ajudem a colocar os pontos nos iis, já que algo tem de ser feito para salvar vidas que sofrem e são facilmente manipuladas. 

Apneia retrata a vida de uma mulher que sobre de violência doméstica, até que decide sair de casa quando o filho, Alessandro tem cinco anos. A partir desse momento a custódia pelo menor e os limites entre o respeito entre uns e outros é debatida entre acusações e insultos, numa guerra parental que vai muito para além da violência que acaba por ser levada à justiça que tanta vez defende o poder e não a razão. Mostrando uma mãe lutadora pelo bem estar do filho, Apneia mostra a persuasão sem pausas de uma mulher que se anula pelo bem-estar do outro, entrando em suspenso consigo própria para definir o futuro do menor dentro dos parâmetros aceites pelo seu antigo e sempre presente ex-companheiro, Edoardo. 

Mostrando uma luta errada e desigual, onde o certo parece ser o errado e o que realmente está mal é visto como pontos positivos no futuro de uma criança pelas leis do tribunal, Apneia vai para além da violência conjugal que se alia com a alienação parental, chegando bem cedo a um descarrilar por abusos sexuais. Entre solidão, violência, abusos, mentira, injustiça, ingratidão e persuasão, a perseverança com que uma mãe luta pelo filho sozinha sem sentir que a verdade seja respeitada e defendida é um dos grandes pilares desta história que prende o leitor sem cansar. Nesta inspiração em casos reais a criança é vista como um alvo para abater o outro lado da batalha, num autêntico jogo de ping pong, do leva e trás e não com as melhores ideias a serem partilhadas e enviadas, existindo uma real contradição entre o bem e o mal entre as ideias de mãe e pai, deixando a criança confusa, sem capacidade inicial para perceber que o centro do vulcão onde se encontra a circular está prestes a explodir e que a vitima no futuro é só uma. 

Pandemia apática

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Os meses passam, as rotinas foram forçosamente alteradas, o cansaço para com este novo normal acontece e o que há uns tempos ainda parecia ser suportado, agora é vivido como em estado de sobrevivência e com uma grande apatia para o que vai sendo feito somente porque si, como se os dias que vão passando nada representem a não ser momentos de espera para que tudo possa voltar ao que poderá vir a ser um novo normal onde possamos recuperar alguma liberdade para respirar, agir e criar com vontade, superando esta crise e ganhando assim capacidade para voltar a ingressar na corrida da vida.

Neste momento sinto-me bastante apático para com a rotina do dia-a-dia, sem existirem reações e perspetivas para voltar a alterar a falta de ritmo. O acordar e adormecer sem entusiasmo, somente porque sim, o despachar para mais um dia de trabalho e mais tarde regressar para novo descanso. Neste momento nem mesmo os dias de pausa, onde sempre gostei de me sentir ocupado, me conseguem entusiasmar.

Sofro de Acrofobia

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É um facto que nem sempre fez parte de mim mas que ao longo dos últimos anos surgiu para não mais me deixar. Sofro de acrofobia, que é como quem diz, medo das alturas. Mas o meu medo nem sempre surge, dependendo muito do local e do que poderá estar por baixo da plataforma que me suspende. 

Geralmente é a partir de uma altura correspondente mais ou menos a um terceiro andar de um prédio que sinto a tremura com a ansiedade ao estar, por exemplo, numa varanda. Ao ficar numa varanda de imediato o cérebro começa a elaborar situações possíveis de acidente. Ou que a estrutura não aguente e exista uma queda total do espaço ou começo a olhar para as barras e pensar que podem estar mal pressas e se alguém se encostar poderá cair e ir desta para melhor. Outro dos locais onde geralmente sinto algum atrofio é junto ao mar, numa encosta rochosa que geralmente serve de miradouro que fica suspenso numa rocha onde nem se consegue ver nada em baixo a não ser água. Não dá, porque assim que me aproximo da ponta para espreitar, logo tenho de recuar por sentir que perco o controlo sobre os pensamentos que voltam a caminhar num sentido sobre o que pode acontecer de mal. Imaginemos uma plataforma que tenha de passar mas toda em vidro. Não, não, não! Posso passar mas não olho para baixo e caminho o mais rapidamente possível. Claro que se a distância entre o piso onde estou e o chão for curta não me causa problema algum, mas acima de um certo número de metros já surge um problema. 

Assistir a vídeos sobre alturas é daquelas coisas que me irritam, por exemplo, especialmente por não perceber qual o receio que sinto ao ver uma imagem. Começo a torcer-me todo e a encher-me de calores ao ver imagens de alguém a enfrentar pontes loucas em vidro, varandas bem altas, etc. Não sou eu que estou naqueles vídeos, mas mesmo assim tenho receio que alguma coisa descambe, tal é o meu medo sobre a queda de uma certa altura. 

O polémico SuperNanny

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Mais um ano e mais uma fornada de doze meses em que a SIC revela sonhar com a liderança diária, semanal, mensal e anual que há mais de uma década não consegue alcançar. Agora e depois de inúmeras apostas furadas pelos vários horários da programação, eis que a direção decide apostar num formato que não se encaixa com o restante conteúdo que apresenta, optando por acreditar que é com a polémica que conquista o seu público, não percebendo a famosa direção sonhadora que os seus espetadores não são de todo os mesmos da TVI. Mas falemos do aparente sucesso de SuperNanny, o programa que desde que estreou tem estado envolto em polémica. 

Primeiro, convém dizer que este é daqueles formatos que em nada se enquadram no que os responsáveis da SIC têm afirmado ao longo do tempo como boa oferta a quem está em casa. Segundo, o que terá passado pela cabeça de quem reuniu e escolheu este formato para adaptar em Portugal? Expor crianças, com a permissão dos pais é a necessidade dos nossos dias a favor das audiências? Os protagonistas de cada episódio não são fáceis mas esse é o problema a ser resolvido longe das câmaras e de milhões de espetadores que tenham contacto com o formato. É certo que em termos audiométricos este formato é apelativo e entendo quem o comprou para tentar subir os maus valores do canal, mas por muito que se tenha falado, o programa nem tem conseguido valores por aí além, estando acima do que a SIC faz geralmente, mas abaixo dos sucessos da concorrência, o que mostra que não vale a pena infringir regras e recorrer aos problemas educativos de crianças para alcançar o sucesso.

O formato é polémico sim, mas valerá a pena criar problemas em tribunal e com várias entidades em troca de uns minutos de ligeira liderança pela curiosidade e não pela qualidade do produto em si? Assim que o formato estreou as reações partilhadas pelas redes sociais logo se fizeram sentir contra a aposta do canal que logo reagiu a defender o seu programa. Na verdade com tanta forma para ajudarem a educar através de boas apostas pedagógicas em variadíssimos conteúdos de sucesso internacional e a opção foi a pior e das mais polémica que podiam ter escolhido. 

Mais recentemente, surgiu a ideia miraculosa de um debate conduzido por Conceição Lino com base em SuperNanny e só pensei quando passei uns minutos a perceber quem ficaria a perder... A SIC! Um canal que tem psicólogos e sociedade em geral a criticar um programa que expõem a privacidade das crianças que são analisadas em momentos de tensão e stress e ainda convida representantes de várias entidades com responsabilidade social a comentarem o tema, enfrentando Júlia Pinheiro enquanto diretora de conteúdos do canal. Seria mais que óbvio que a apresentadora do Queridas Manhãs ficaria a perder com este debate, tal como a SIC que o criou para levar nas orelhas de forma direta, sem cortes e perante o país. O que vi no debate foi uma Júlia a defender a sua casa, uma Conceição Lino que por momentos mostrou não concordar com a estratégia de apostarem em SuperNanny e psicólogas e responsáveis institucionais a dizerem o que bem quiseram onde a critica negativa esteve praticamente sempre em cima da mesa. 

Estaria a SIC a pensar que um debate sobre a sua aposta revelaria ser a melhor estratégia para limpar a imagem do programa que pretendem valorizar como sendo um produto de responsabilidade social, educativo e de bom entretenimento? O que acabaram por mostrar no dito debate foi que as criticas que se podem ler e ouvir nos últimos dias fazem todo o sentido e ganham dimensão quando quem percebe do assunto o afirma e quer avançar com processos perante o tribunal.