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O Informador

Sobreviventes

Lá fora ouço vozes, quem por lá está não sei, não quero procurar sequer saber. O desconhecido reina na escuridão da noite entre vagabundos e clandestinos disfarçados de pedintes. Quem vive naquelas ruas entre desabrigados e seres de costas voltadas consegue cativar os que passam e não percebem as diferenças entre os bons e os maus de cada fita, de cada curta metragem de vida que passa como se estivesse numa corrida entre as duas margens de um rio, aquele rio que culmina num mar onde todos cabem mas cujo um final não existe. Onde está o limite de cada maré, o fundo de cada ser, a razão de cada onda bater e ser substituída pela sua companheira seguinte. No final todos, os maus e os bons de cada rua, somos substituídos pelos próximos, tal como as marés de um oceano que se toca ao fundo com o horizonte profundo onde o medo do desconhecido já tanta vez fez tremer barcos e marinheiros que deram a vida por um povo. O povo sempre o povo, muitas vezes clandestino, outras vezes ausente, mas sempre o mesmo povo, aquele que se cruza com os moradores de rua que convivem diariamente com os outros, aqueles que não merecem sequer um lugar num canto qualquer. No final de contas todos vivemos e todos conseguimos passar por cima do próximo para sobreviver, não fosse este um mundo de pecados e loucos defensores dos bens materiais que ficam sempre acima de qualquer moralidade social. 

SIC erra com apostas pimba

A guerra pelas audiências televisivas não pára nem nunca parará, mas existem coisas que se têm que perceber pelas direcções que vão saltando pelos canais generalistas... O que resulta de um lado não tem obrigatoriamente que resultar no outro!

O caso que agora detecto é o da tentativa de Júlia Pinheiro e companhia quererem fazer da sua SIC uma TVI2. Não é que façam mal, uma vez que caminham atrás do adversário, que por sinal está em primeiro lugar há anos. O que está mal é a direcção da SIC, onde se encaixam Júlia e Gabriela Sobral, que saltaram de um canal para o outro há uns anos, não perceberem que o público alvo do seu atual canal não é o mesmo do da TVI. Se por Queluz as festas com música e palhaçadas resulta, já por Carnaxide isso não acontece e depois de várias tentativas, onde todas têm corrido mal, qual a razão de agora irem insistir mais uma vez com um programa semelhante ao Somos Portugal das tardes da concorrência para substituir as séries que são transmitidas ao Domingo à tarde no canal do grupo Impresa?!

A TVI é um canal que tem, desde que foi comandado por José Eduardo Moniz, um perfil mais popular, o que na SIC isso não acontece, sendo o público central desta estação o mais exigente. Existem apostas que podem ser praticamente iguais nos dois canais, mas os seus públicos por não serem os mesmos não aceitam comer também a mesma coisa. O que a SIC está a tentar fazer é ficar mais próxima do público da TVI, mas isso têm-lhe custado melhores números e o que é um facto é que se vão tirar as séries internacionais das tardes de fim-de-semana para as substituírem por um programa popular, então só vão piorar os resultados que têm feito. Não têm liderado, mas quando o novo programa começar a ir para o ar, os resultados vão ser ainda piores. Se os testes não correm bem, qual o pensamento de se apostar num formato próprio para um público que não gosta de ver cantores e palhaçada no seu canal de eleição?

Júlia tem um perfil popular e tinha óptimos resultados na TVI por este ser um canal mais popular também, mudou-se para a SIC, e os seus resultados caíram. Por ver o que lhe aconteceu com a mudança de canal já devia ter percebido que o que funciona de um lado, como ela própria, não tem obrigatoriamente que funcionar do outro.

Mais um tiro no pé que vai ser dado pelos lados de Carnaxide por se querer andar atrás de um canal do povo quando se tem um público mais de elite! A MediaCapital deve agradecer estas decisões estratégicas dos seus rivais!