Tundavala | Paula Lobato de Faria
Clube do Autor
Título: Tundavala
Autor: Paula Lobato de Faria
Editora: Clube do Autor
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Novembro de 2019
Páginas: 352
ISBN: 978-989-724-501-5
Classificação: 3 em 5
Sinopse: Inspirado em acontecimentos reais, a memória de um tempo de guerra e segredos e a luta pela liberdade nos anos da ditadura.
Depois de uma muito elogiada estreia literária com Imaculada, Paula Lobato de Faria regressa às livrarias nacionais com uma narrativa ainda mais ousada. Tundavala decorre nos últimos anos da ditadura e viaja entre Angola, Lisboa e Londres.
Aí encontramos as personagens centrais deste livro, quase todas em lutas interiores contra um passado de mentiras, segredos e submissão. Cristiana e Lourença, próximas desde crianças, estão hoje separadas pelo destino, uma em Lisboa, outra na guerra em Angola.
Portugal encontra se na agonia do salazarismo; o país vive a censura e a repressão da PIDE, abafando escândalos sexuais, massacres e atentados aos direitos humanos nos territórios em guerra. E é neste fervilhar de acontecimentos políticos e sociais que as vidas de Cristiana e de Lourença sofrem inesperados encontros e reencontros capazes de transformar as suas vidas para sempre.
Opinião: Paula Lobato de Faria voltou a surpreender com Tundavala, embora tenha a confessar que esperava mais. Após a boa estreia com Imaculada, Tundavala veio para dar seguimento a um enredo familiar onde o amor e os desgostos ganham lugar entre vidas que afastaram mas que mantiveram sempre o pensamento sobre os «ses» que poderiam ter acontecido através de outros seguimentos ao longo dos percursos pessoais que se tornaram opções. Afastamentos por desgosto, amores destruídos por desaires familiares, riquezas que prevalecem perante a real paixão. Tundavala é a procura da recuperação de memórias em tempos de guerra e segredos bem guardados e que alteraram cada desenvolvimento dos protagonistas envolvidos em enredos complexos desenvolvidos por quem mobilizou marionetas ao longo do tempo a seu belo prazer.
Relembrando a época de 1966 e tocando em temas históricos reais, os medos e receios sobre os silêncios que eram impostos num país controlador, fechado e onde o pouco e aparentemente vulgar significava uma afronta familiar e social. A liberdade não existia, os exílios políticos eram uma realidade, os sacrifícios persistiam e as vidas ficavam moldadas com todos os problemas que iam surgindo e fundamentalmente os medos que acabavam por se bater com os conformismos impostos pela época.