Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Informador

Vidrinhos sujos

limpar.png

Sei que não sou caso raro, mas o certo é que faço parte daquele grande grupo de pessoas que conseguem andar horas e horas com as lentes dos óculos sujas e com dedadas sem quase dar por isso.

Uso óculos desde pequeno, tendo feito uma pausa por uns anos e voltando mais tarde a recorrer aos óculos que partilharam durante mais de uma década o seu tempo com a utilização de lentes de contacto. Hoje só utilizo óculos devido a um susto ocular que tive há uns tempos e a experiência com a limpeza dos vidrinhos que me ajudam a ver melhor continua a não existir sempre que necessário. A razão? O hábito de andar com lentes limpas ou sujas é tanto que nem me dou conta de que necessito de limpar os óculos para ver um pouco melhor e de forma mais nítida. 

 

 

Bactéria ocular

12.jpg

 

Nos últimos dias tenho estado bem mais ausente do blog e redes sociais, deixando tudo em modo automático com textos feitos e guardados há algum tempo por uma necessidade maior que de um momento para o outro me fez transformar a quarentena num estado de vida quase nulo.

Uma bactéria alujou-se no olho direito e trouxe consigo uma úlcera da córnea e a dupla fez com que ficasse quase sem ver. Recorri ao hospital, muito a custo porque o Covid19 pesa sempre no momento de tomar este tipo de decisões e enfrentei as urgências do centro hospital de Vila Franca de Xira. Triagem rápida, consulta em menos de meia hora e segui para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, porque o serviço de oftalmologia não funciona em Vila Franca de noite. Mal cheguei a Santa Maria e em menos de cinco minutos estava na zona de oftalmologia numa espera que durou entre cinco e dez minutos para entrar na sala de consulta. Os testes foram feitos, a úlcera identificada, amostras para análise tiradas e medicação passada. Dois dias depois voltei ao Hospital de Vila Franca de Xira para consulta de avaliação e tudo parecia estar a melhorar mas não existiam os resultados ainda para se perceber se existia algo mais. A visão foi sendo recuperada mas a úlcera sem diminuir e passaram mais dois dias para nova avaliação e já com o resultado da análise. Uma bactéria bem sensível alujou-se no olho direito e por isso a dificuldade em tratar. Medicação alterada para ir de encontro aos novos dados, cuidados a manter e visão a recuperar aos poucos. 

O uso ao longo de dezoito anos de lentes de contacto a causar cansaço da visão, o ar condicionado e a luz mal colocada em certos pontos do dia-a-dia com alguma possibilidade de embater com as penugens da mudança de estação terão contribuído para chegar a este estado que só deu mesmo sinal de rutura quando já se encontrava no limite. Felizmente que até aqui apanhei equipas em ambas as unidades hospitalares super práticas, responsáveis e com o dom de saberem o que é dedicar tempo ao utente com explicações, educação e um bom senso para explicarem a situação em cada passo e possibilidade que surge.

Apanhei um valente susto que não ficará resolvido pelas próximas semanas, sendo algo para ir tratando com tempo e lentamente pelo que me foi passado. Confesso que pensei que iria ficar sem conseguir ver do lado direito no dia em que fui para o Hospital. Não entrei em pânico mas senti o nervoso a dar cabo da energia e do pensamento sem querer partilhar o que pensava e sentia naqueles momentos de espera, em que optei por iniciar sozinho para não colocar também ninguém em risco nos corredores hospitalares e porque existem situações em que me consigo tranquilizar melhor se estiver sozinho do que se sentir necessidade de partilhar por saber que está alguém ao meu lado em espera para que desabafe.

 

 

Esperança

Esperança foi o nome que o fotografo Armando Romão deu a esta imagem tirada por si. Não existe uma outra definição para uma criança com este olhar, pois não?

Sentimentalmente, esta é mesmo uma imagem que mostra Esperança e que nos faz pensar que quando nos queixamos por isto ou aquilo, devíamos reflectir primeiro sobre o modo como certas sociedades vivem em pleno século XXI.