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O Informador

Sempre tenho achado que José Carlos Pereira não é um ator de minha apanha, cumprindo, tendo o carinho do público, principalmente do feminino, desde que se estreou como protagonista em Anjo Selvagem há uns bons anos. A vida profissional como ator tem estado sempre na mó de cima, de mãos dadas com a TVI de onde não saiu até aos dias que correm e onde estará pelo menos em 2016. Esta semana o Zeca surpreendeu no palco do Teatro da Trindade através da estreia da peça Allo Allo, inspirada no sucesso televisivo de outros tempos. A razão da surpresa?

A razão desta surpresa ter acontecido recai mesmo no facto de José Carlos Pereira ter uma das personagens mais complicadas devido aos problemas físicos e de fala e do ator ter conseguido agarrar os trejeitos necessários para desempenhar este capitão Herr Flick em muito boa forma. O galã da TVI prova em palco que afinal o ator que somente tem cumprido televisivamente consegue fazer muito mais e bem se lhe derem personagens que possam ser exprimidas, retirando-o da área onde sempre o tentam encaixar, o eterno menino rico que nutre uma paixão por uma das belezas femininas da trama.

Semana sim, semana sim, lá aparece Teresa Guilherme a dar nova entrevista à imprensa onde critica os vários horários dos diários do seu programa de Domingo. Certo é que a TVI abriu os olhos após anos em que devido aos reality shows estragavam os valores da ficção nacional, não optando desta vez por colocar o programa A Quinta como rei e senhor do horário nobre, dando-lhe uma menor visibilidade pelo final de tarde e ao final do serão! Algum problema com isso? Nenhum!

É certo que os serões de Domingo deixaram de brilhar alto, deixando o primeiro lugar ser conquistado pelo The Voice da RTP, mas isso já não era previsível? A aposta do canal público é forte, a fase de casting deste tipo de programas de talentos é sempre a melhor parte e depois o reality show está em horários de menor consumo. Tudo acabava por ser esperado e dentro da TVI sabiam disso! Qual o problema da Teresa então? A Quinta fez subir o horário das 19h00, é líder pelas 00h00, perdendo aos Domingos também com a ajuda dos enfadonhos trocadilhos da apresentadora que não consegue desmanchar aquele boneco que vive à custa de um texto de que o público não gosta. Será que a Teresa só sabe criticar a decisão da direcção do canal em remeter o programa para segundo plano quando a sua apresentação é mais do mesmo, ou seja, sem espontaneidade? A rainha dos reality shows é das melhores e não precisa com isso de recorrer a trocadilhos bafientos e sem graça durante horas de conversa com os concorrentes. Tudo mais solto seria tão melhor!

A atriz Maria Henrique já não era uma desconhecida devido aos seus trabalhos televisivos, geralmente com personagens que entram a meio das novelas para causar algum impacto ou embaraço nas histórias que já estão a decorrer. Agora e em menos de duas semanas vi a sua prestação em palco em dois espetáculos e posso dizer que fiquei mesmo conquistado com o talento da atriz que costuma ser directora de atores de algumas produções da TVI.

Primeiro fui ao Teatro Tivoli BBVA ver a peça 40 e Então? onde Maria Henrique divide o palco com as amigas Ana Brito e Cunha e Fernanda Serrano e embora tenha visto um espetáculo mais virado para o público feminino, confesso que gostei do que vi pelas boas interpretações das várias «Marias» que desfilam pelo palco através das atrizes que lhes dão vida. Maria Henrique, a atriz mais pacata socialmente das três e também a menos conhecida do público em geral consegue agarrar as suas principais cenas com a emoção necessária das suas personagens, conseguindo fazer vozes e figuras que saem do seu eixo normal. Gostei da peça e fiquei agradado com o bom trabalho em palco do trio que mostrou que o teatro está bem vivo e recomenda-se, principalmente por serem rostos de televisão, algumas vezes massacrados pelos comentários divergentes de ser ator do pequeno ecrã e das tábuas. 

Passados uns dias voltei a entrar numa sala onde Maria Henrique brilhou sozinha, sem necessidade de qualquer contracena física. Fui até ao Teatro da Malaposta ver o monólogo O Farrusco, o Telefone e Eu, onde encontrei a sentimentalista Ângela. Uma mulher na casa dos 40 e poucos que recomeça a sua vida após o seu marido, o Tó, a ter trocado por uma jovem. Ângela fala ao longo de hora e meia da sua nova forma de estar, das esperanças e buscas no futuro, estando e falando, com o cão que a sua filha lhe deixou para cuidar, do divórcio, dos óculos devido à idade, das imaginárias doenças, dos doutores, da mãe, das amigas e até de uma ida à sex shop. Numa comédia da autoria de Geraldine Aron, Maria Henrique mostrou-me com este trabalho que é mesmo uma das melhores atrizes nacionais, não necessitando de grandes aparatos para ser a boa profissional que mostra ser em palco.

Obrigado Maria pelos dois bons espetáculos!

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