Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Informador

O que ando a ler... Debaixo de Algum Céu

Debaixo de Algum Céu.jpg

Uns meses depois de ter chegado via correio o Prémio Leya 2012, eis que chegou o momento de começar a sua leitura. Os próximos dias literários serão dedicados a Debaixo de Algum Céu, da autoria de Nuno Camarneiro, autor com o qual já tinha tomado contacto em 2013 através de No Meu Peito Não Cabem Pássaros. Vamos lá ver como irá correr este segundo encontro...

Leituras de Junho

Adeus Junho, até para o ano!

Não sabia como começar este texto sobre as minhas leituras de Junho e escolhi a despedida do mês que acabou por terminar para o fazer. Ao longo do sexto mês do ano só me deixei levar por dois livros, As raparigas que sonhavam ursos e No Meu Peito não Cabem Pássaros. Vamos lá ver, de forma reduzida, o que achei destas duas obras!

as raparigasAs raparigas que sonhavam ursos

Margo Lanagan é a autora desta obra editada em Portugal pela Guerra & Paz e a história que foi idealizada por esta senhora não me conquistou em nada. Vivendo as principais personagens entre dois mundos criados para esta história, o que vai sendo contado parece não fazer sentido e não ter conjugação entre as várias peripécias que são narradas. Duas crianças que vivem com a sua mãe, depois de terem sido fruto de violações, percebem desde cedo que gosta de conviver com ursos, animais que têm por trás de si jovens homens que se transformam e que convivem com bruxas e personagens de contos fantásticos. Entre o risco, a imaginação e a impaciência dos leitores para com esta história inimaginável, As raparigas que sonhavam ursos não passa de um livro que me fez companhia durante uns dias mas que não me deixou saudades nenhumas! Arrumado na estante e de lá não sairá para voltar a ser lido!

Ver mais em... http://oinformador.com/as-raparigas-que-sonhavam-ursos/

No Meu Peito Não Cabem PássarosNo Meu Peito não Cabem Pássaros

Nuno Camarneiro é o vencedor do Prémio Leya 2012 com o livro Debaixo de Algum Céu, mas foi com No Meu Peito não Cabem Pássaros que comecei a perceber que este autor português terá um logo caminho de sucesso na literatura à sua espera. Com este seu primeiro romance fiquei completamente conquistado através do trio de personagens bem reais que Nuno escolheu para relatar um pouco das suas vidas. Fernando (Pessoa), Franz (Kafka) e Jorge (Luís Borges) são a tripla maravilha que não se cruza mas que viveu na mesmo época, em locais diferentes e com estilos e caminhos diferentes entre si. Camarneiro escreve como ninguém, deixando o leitor agarrado à sua história e com vontade de mais porque tudo parece ser tão pouco numa narrativa contada de forma soberba e com todas as palavras a serem escolhidas por quem sabe brincar com as letras. Um livro que não será esquecido porque o que é bom marca e o que marca fica na nossa vida!

Ver mais em... http://oinformador.com/no-meu-peito-nao-cabem-passaros/

Citações de No Meu Peito não Cabem Pássaros

O livro No Meu Peito não Cabem Pássaros não é mais um que se lê e esquece... É uma obra de Nuno Camarneiro que marca e que me fez destacar várias partes ao longo das horas de leitura que lhe dediquei. Como gosto de partilhar as coisas boas da vida, aqui vão algumas da citações deste romance apaixonante e inspirador sobre três grandes nomes da história mundial.

«Portugal é assim, diminutivo e manso. O que foi chegando fez-se à escala e por cá ficou, as Indiazinhas, a Americazinhas, os pretitos, pobrezinhos. Os portugueses não querem nada que não possam meter no bolso. Como é que esta gente descobriu tanto mundo?»

«A capital é um país de boca aberta para o rio, uma cidade a cantar modas de outro tempo, sempre de outro tempo.»

«O pior é que as cabeças não sabem distinguir o que interessa nem esquecer o que não querem. Para lá fica tudo amontoado, tão cheio e sem arrumo que nada se encontra que sirva.»

«Um quarto é um espaço vazio com coisas dentro. Muito como um homem é. Algumas coisas entram porque são levadas: mobília, roupas, livros, quadros. Outras entram sem o querer de ninguém: ar, luz, pó, insectos. De todas estas coisas e da sua interacção faz-se um lugar a que se chama quarto. Quando lá vive alguém tudo se torna mais complexo e o espaço transforma-se num organismo que respira e dorme tal como outros.»

«Quantas vezes serão os sentimentos a adequar-se às palavras, e não o contrário?»

«É muito negra a morte, um buraco para onde cai tudo e de onde nada se resgata.»

«Deus, a morte e o diabo não comem à mesma mesa.»

«Como pode alguém domar a poesia? Um poeta é apenas um lugar por onde o poema passa. Se um escritor inventa mundos é porque há mundos que querem ser inventados.»

«Não sejas demasiadamente mau, nem sejas louco, porque haverias de morrer antes do teu tempo?»

«Esta cidade é um enorme teatro, nós somos actores e autores dos dramas que vamos vivendo.»

«Apercebia-se do perigo de pôr coisas no papel, é mais difícil esquecer do que criar, e vale para tudo.»

«A primeira vez que Fernando o viu ficou assustado porque não foi capaz de se distinguir dos colegas. Quem olhasse e procurasse qualquer coisa, um olhar, um modo de trazer o corpo, fosse o que fosse, seria incapaz de o notar e de dizer que ali estava um homem único. Deste lado do retrato são todos iguais, os empregados do escritório com o patrão ao meio.»

Nuno Camarneiro

Vou ler No Meu Peito não Cabem Pássaros

No Meu Peito Não Cabem Pássaros

Nuno Camarneiro venceu o Prémio Leya 2012, mas não é pela obra vencedora que me vou tentar apaixonar nos próximos dias, mas sim por No Meu Peito não Cabem Pássaros, o outro livro que o autor premiado já tinha lançado através da D. Quixote em 2011.

Sinopse

Que linhas unem um imigrante que lava vidros num dos primeiros arranha-céus de nova iorque a um rapaz misantropo que chega a lisboa num navio e a uma criança que inventa coisas que depois acontecem? Muitas. Entre elas, as linhas que atravessam os livros.

Em 1910, a passagem de dois cometas pela Terra semeou uma onda de pânico. Em todo o mundo, pessoas enlouqueceram, suicidaram-se, crucificaram-se, ou simplesmente aguardaram, caladas e vencidas, aquilo que acreditavam ser o fim do mundo.

Nos dias em que o céu pegou fogo, estavam vivos os protagonistas deste romance - três homens demasiado sensíveis e inteligentes para poderem viver uma vida normal, com mais dentro de si do que podiam carregar.

Apesar de separados por milhares de quilómetros, as suas vidas revelam curiosas afinidades e estão marcadas, de forma decisiva, pelo ambiente em que cresceram e pelos lugares, nem sempre reais, onde se fizeram homens. Mas, enquanto os seus contemporâneos se deixaram atravessar pela visão trágica dos cometas, estes foram tocados pelo génio e condenados, por isso, a transformar o mundo. Cem anos depois, ainda não esquecemos nenhum deles.

Escrito numa linguagem bela e poderosa, que é a melhor homenagem que se pode fazer à literatura, No Meu Peito não Cabem Pássaros é um romance de estreia invulgar e fulgurante sobre as circunstâncias, quase sempre dramáticas, que influenciam o nascimento de um autor e a construção das suas personagens.

Foi na Feira do Livro Lisboa deste ano que comprei este ano, através da Hora H do grupo Leya e espero não me vir a desiludir, pelo menos a crítica tem sido boa e pelo pouco que folheei parece que irei gostar, mas vamos lá ver...