O Impromptu de Versalhes
O Teatro Nacional D. Maria II assinala os seus 170 anos com um espetáculo proposto por Miguel Loureiro e inspirado nos textos e obra de Molière, O Impromptu de Versalhes! Inserido numa homenagem ao trabalho em palco e dos bastidores, esta inspiração na grande obra de um dos maiores da representação mundial converte-se no final de contas numa peça de teatro que representa o teatro que por sua vez caracteriza o espírito do teatro. Complicado? Nada disso!
Representando a preparação de um espetáculo que está a ser preparado para ter o Rei como principal convidado na assitência, Molière goza com Molière enquanto autor, encenador e ator que tudo prepara contra o tempo, com a turpe sem rigor e com o convidado a chegar para a grande estreia daquela peça que neste caso e porque está bem mexida através das ideias de Loureiro, consegue durar duas horas onde a crítica está aliada ao humor num texto onde os ferros quentes, as tramóias sociais e a falsidade persistem.
Inspirado em Impromptu e aliado ao texto de A Escola de Mulheres com uns quantos textos mais no saco, O Impromptu de Versalhes é daquelas produções do Teatro Nacional D. Maria II que quando começa parece seguir um caminho que depois é baralhado para que as personagens passem a ser os atores que irão encarnar outras vidas logo de seguida. No final de alguns minutos o público consegue iniciar a percepção do se está a passar em cima das tábuas com todo o rigor imprimido num texto onde até parece existir um certo aconchego ao acordo ortográfico, o que é negado pelo encenador que prefere ser apelidado por ensaiador, visto que prefere que certas palavras sejam entoadas de outra forma por darem ênfase que as consegue transformar de forma a criar uma certa beleza ao serem ditas.