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O Informador

As Sete Carruagens | André Fernandes

Manuscrito Editora

René é a representação de muitos que vivem em silêncio e de mãos dadas com a depressão, um tema tão debatido e que tanta vez nos passa ao lado por ser do outro, por não dedicarmos um pouco do nosso tempo a perceber que é necessário dar a mão, ajudar a enfrentar um problema que acaba por ser de todos e que nos pode bater à porta a nível pessoal a qualquer momento.

As Sete Carruagens de André Fernandes é um livro que leva um homem solitário a conhecer vidas com quem se cruza todos os dias, acreditando que estas vidas existem mesmo, dia após dia, como se nada mudasse. René encontra cada ser no seu caminho de forma monótona, sempre nos mesmos locais, sempre nas mesmas circunstâncias, mostrando que cada história que conhece em cada uma das sete carruagens em que vai entrando são autênticos alertas para o que precisa a favor da sua própria mudança. Onde começa a realidade e a manipulação do pensamento na vida de quem não está bem é uma das questões em destaque nesta narrativa tão bem conseguida.

Num real apelo perante a depressão, esta história contada em vários atos tem um simbolismo enorme, levando o leitor a conhecer vidas com ensinamentos onde os erros e os transtornos existem perante a necessidade de mudança para se acreditar que o futuro será sempre melhor. René perdeu a capacidade de lutar, deixando a mensagem para que outros não se deixem abater e sejam levados pelo mesmo caminho.

Quando os Rios se Cruzam | Rita da Nova

Manuscrito Editora

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Título: Quando os Rios se Cruzam

Autor: Rita da Nova 

Editora: Manuscrito Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Abril de 2024

Páginas: 240

ISBN: 978-989-9181-17-5

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse: Para Leonor, ir de Erasmus significava começar de novo. Onde ninguém a conhecesse, poderia ser quem quisesse.

Na cidade italiana, ela descobre partes de si que ignorava existirem, muitas delas novas e entusiasmantes. Mas há um outro lado de si que se revela, uma parte que a envergonha e amedronta — atitudes em que não se reconhece e cujas consequências vão ficar consigo para sempre.

Dez anos depois, mais uma vez a adiar o reencontro com o passado, Leonor dá por si a revelar a uma estranha tudo o que aconteceu naqueles meses — e de que forma o fogo, até então tão inofensivo, acabou por lhe deixar marcas eternas.

 

Opinião: Leonor é a estudante que parte para Erasmus livre, pronta para viver a experiência fora do seu país, dando espaço a uma total liberdade, num local onde ninguém a conhece e onde para além de encontrar uma cidade nova e que vai conhecer, tem também as expetativas em alta com tudo o que o processo desta experiência trás consigo. Novos conhecimentos, amores, noitadas e muita diversão a par dos estudos que tendem a ficar para segundo plano na sua lista de afazeres durante este período de tempo.

Com Leonor conheci vários recantos de Turim e nesse campo Rita da Nova está de parabéns por me ter levado para fora do país sem me fazer sair do sofá. No entanto Quando os Rios se Cruzam não é de todo aquele romance que possa dizer que me tenha arrebatado do início ao fim. Aqui é contada a história de Leonor com tudo o que esperava do seu plano para os tempos de Erasmus, no entanto senti que o fio condutor que devia ter sido criado de início não existiu, tendo sim encontrado uma história que foi feita ao sabor da corrente, talvez entre as correntes de rios e vidas que se cruzam, começando a história central na protagonista, passando por um romance mal conseguido e terminando com a perda de uma pessoa importante para si, mas onde o ego acabou por falar sempre mais alto. Senti ao longo desta leitura uma incapacidade de unir os três pontos que destaco num só, como se as coisas tivessem a ser contadas por partes e não fazendo parte de uma história corrida e como um todo. 

Que Pouca Vergonha | Guilherme Fonseca

Manuscrito Editora

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Título: Que Pouca Vergonha

Autor: Guilherme Fonseca

Editora: Manuscrito Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Novembro de 2023

Páginas: 184

ISBN: 978-989-9078-98-9

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Guilherme Fonseca não tem um pingo de vergonha. Ora repare: nem sempre se lava dos joelhos para baixo por preguiça, trata os gatos por «filhos», tem pavor a quem dobra sacos em triângulos e nojo de banhos de imersão.

Mas não comece já a apontar-lhe o dedo, que o leitor também é um sem-vergonha: é bem provável que circule na faixa do meio, seja viciado em true crime ou publique 34 stories seguidas quando a sua amiga faz anos. Porquê? Não bastava uma?

Há filósofos, pensadores e comentadores preparados para responder às grandes questões da Humanidade. Guilherme Fonseca prefere as pequenas e insignificantes:

- COMO É QUE O PUTIN FAZ COCÓ?

- PORQUE É QUE OS DENTISTAS INSISTEM EM FALAR CONNOSCO QUANDO ESTAMOS DE BOCA ABERTA?

- QUANDO É QUE PARAMOS COM OS TRIGGER WARNINGS?

- PORQUE É QUE NÃO SABEMOS FAZER «BICHAS»?

Depois do sucesso de Deve Ser, Deve, dedicado à estupidez dos chalupas negacionistas, o humorista vira a atenção para a sua própria estupidez. E para a do leitor. E para a de toda a Humanidade, no fundo. Uma pouca-vergonha, é o que é.

 

Opinião: Que Pouca Vergonha vem a ser esta? Guilherme Fonseca revela neste seu compêndio do humor que o próprio não tem um pingo de vergonha quando faz ou deixa por fazer determinadas coisas. O autor deste manual bem disposto do reconhecimento humano revela vários factos sobre a sua pessoa onde a higiene e os hábitos alimentares estão em destaque em parceria com o facto de ser um anti social no que toca a atender chamadas telefónicas e como eu o entendo.

Numa segunda fase desta obra aplaudida pela sua esposa, Rita da Nova, Guilherme Fonseca fala dos leitores, ou melhor, dos indivíduos indisciplinados que circulam na faixa do meio da auto estrada e que não sabem fazer bichas em Portugal, sendo por outro lado viciados em true crime nas plataformas de streaming e na partilha de várias stories para felicitarem alguém do seu aniversário ou quando não publicam um post sobre um falecimento de alguém famoso. 

Guilherme Fonseca fala sobre os seus podres e o que lhe causa comichão nos outros e depois existe todo um "nós" sobre as questões sociais que estão na atualidade e que acabam por inquietar todos e mais alguns, até os mais conservadores e com zero pingo de humor a correr pelo seu lindo e esbelto corpo de Verão.

Vou Esperar | Daniela Rebocho

Manuscrito Editora

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Título: Vou Esperar

Autor: Daniela Rebocho

Editora: Manuscrito Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Julho de 2023

Páginas: 256

ISBN: 978-989-987-76-7

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Quando Madalena começa a estagiar num prestigiado escritório de advogados, conhece Leonardo, um jovem de olhar misterioso, que carrega uma dor que o consome.

A química entre os dois é forte. A paixão, inevitável. No entanto, a descoberta de um acontecimento do passado, numa altura em que ainda não se conheciam, e que mudou a vida de ambos, vai colocar a relação à prova. Conseguirá o amor sobreviver à mentira e à ilusão?

Vou Esperar é uma história arrebatadora, apaixonante e surpreen­dente que Daniela Rebocho (Inspiring Dream) começou no Wattpad, onde conquistou milhares de leitores. Chega agora num livro que não vai deixar ninguém indiferente.

 

Opinião: O título acaba por dizer tudo sobre a premissa deste romance que foi primeiramente publicado numa plataforma online e que devido ao seu sucesso ganhou a sua edição física. Vou Esperar é aquele romance dos contos de fadas do dá mas não dá para ficarem juntos no fim. Quem está nos dias que correm a acreditar que o que não dá certo hoje possa ser real daqui a uns tempos? Meus caros, isto é um romance escrito, nada de ilusões, ok?

Então vamos lá falar um pouco sobre Vou Esperar, a história onde encontramos Madalena e Leonardo, aparentemente com vidas bem distintas entre si mas com um passado de dor que vão perceber com muito em comum. Ambos tropeçam na vida um do outro e o destino parece querer unir o que parece estar distante. Com traumas e algum peso em cima por motivos familiares de ambos os lados, conseguirá o romance sobreviver quando tudo parece estar a correr mal perante os vários contratempos colocados? Afinal de contas o amor é suficientemente forte para sobreviver a algumas verdades descobertas que deixam marca e que trazem consigo separações e reencontros? 

Esta é uma narrativa de leitura rápida com uma escrita ligeira e moderna, não deixando margem para falhas na perceção dos acontecimentos, sentindo sim em vários momentos que faltou aprofundar um pouco mais várias questões que me deixaram com a ideia de que podiam ter ido mais além, tal como alguns saltos temporais que podiam ter algum conteúdo pelo meio para não existirem passagens tão drásticas de capítulo para capítulo. Primeiramente os acontecimentos são contados na perspetiva de Madalena para a segunda fase ter a voz de Leonardo nos comandos, como fazendo que uma distinção do início cor-de-rosa do romance para a luta pelos verdadeiros sentimentos no fim, o que até gostei.