Leme | Madalena Sá Fernandes
Companhia das Letras
Título: Leme
Autor: Madalena Sá Fernandes
Editora: Companhia das Letras
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Março de 2023
Páginas: 168
ISBN: 978-989-784-959-6
Classificação: 2 em 5
Sinopse: Leme é o relato da vivência de uma rapariga que assiste, durante anos, à erosão dos pilares que sustentam as ligações humanas: vê a mãe subjugada à violência do homem com quem mantém uma relação amorosa disfuncional; vive na pele a distorção dos papéis desempenhados por pais e filhos; alimenta-se da solidão para ultrapassar um quotidiano de medo e fúria; disputa um lugar só para si no meio do caos familiar; aprende a reconhecer o consolo das pequenas vitórias; e, por fim, reconstrói-se a si e às suas memórias.
Nenhuma criança conhece de antemão os nomes das coisas, mas todas as crianças reconhecem instintivamente o perigo. Para a protagonista desta história, o perigo tem o nome de um homem, e é sinónimo de obsessão, desequilíbrio, solidão, desamparo, poucas certezas e muitas dúvidas. Leme é um golpe de escrita para regressar à vida. Uma cintilação plena de vida e um soco no escuro que nos engole: eis um livro que aponta diretamente aos limites do bem e do mal.
Opinião: Lamento as vozes que se fizeram levantar a aplaudir o romance autobiográfico de Madalena Sá Fernandes, Leme, mas aqui desde lado não surgem boas notícias para vos serem contadas após esta leitura.
De capítulos curtos e uma escrita demasiado simples, este auto romance é focado no tema da violência doméstica e o que tais comportamentos provocam no momento e para a vida futura de uma pessoa. Leme invoca as memórias de uma mulher que sofreu enquanto jovem vários momentos de violência, a maioria psicológica, do parceiro da sua mãe que ao mesmo tempo fechava os olhos a tais comportamentos. O tema é duro, pesado e lastimável, no entanto a forma como a autora o conduziu não correu da melhor forma, desfiando rápidas memórias sem conseguir esmiuçar os momentos para levar o leitor a ficar preso às suas trágicas e pesadas vivências, como se só quisesse apresentar factos para se livrar ela própria do que ficou para trás, sem se lembrar que quem está desde lado necessita de criar ligações com a história de cada personagem. O tema está lá só não foi bem desenvolvido e ao ser uma autobiografia tinha tanto a obrigação de ter corrido melhor.