O Amor
Amor é daqueles temas que sempre chamam o público pelo interesse sentimental que uma só palavra consegue ter quando é ouvida ou proferida. O Amor com texto de Peter Pina é daqueles trabalhos que elaboram tanto que acabam por provocar algum embaraço junto do público que por momentos consegue perder-se entre os verdadeiros sentimentos e crenças do que está a ser recriado no palco.
Peter Pina é o autor e um dos atores que voltou a repetir a ideia que tenho de si! Cria personagens onde se conseguem perceber que as suas emoções estão recriadas mas que não conseguem chegar junto do grande público. Peter é um autor não de massas mas para uma pequena parte dos degostadores de teatro complexo e que nos levam para outro patamar mesmo depois de abandonarmos a sala. Margarida Moreira uma das melhores atrizes nacionais. Não tenho dúvidas disso porque ao longo de várias presenças em palco sempre me tem surpreendido com as suas performances onde sofre até à exaustação. Depois os não menos capazes mas até agora desconhecidos para mim, Lídia Muñoz e Diogo Tavares, que seguem exatamente o estilo dos dois «professores» dos espetáculos de Peter Pina.
O quarteto fala do Amor de um para um, de um para dois e do que é partilhado por não conseguir ficar fechado somente perante outro corpo. Como amar e ser totalmente correspondido sem utilizar o elástico que nem sempre estica na mesma direcção, a pretendida? O Amor sempre ultrapassa os limites fisicos e é aí que muito se erra na vida, quando somente a parte corporal e de necessidade falam, deixando todas as emoções para segundo plano ou mesmo sem espaço de existência. Os sentimentos são representados nesta produção de forma absorvente através da luta de dois seres pela partilha com o outro do mesmo prisma e patamar que é necessário para a estabilidade marcar presença no seio de um casal. Mas será o Amor capaz de ser divido por mais que uma pessoa? Estará um coração aberto ao mundo quando a mente assim o exige?