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O Informador

Vénus de Vison

Vénus de VisonVoltei a sentar-me na plateia da sala vermelha do Teatro Aberto e desta vez para assistir a um espetáculo que me voltou a deixar rendido ao talento de Ana Guiomar. Vénus de Vison era a peça em cena, tendo sido inspirada no sensual mundo de Leopold von Sacher-Masoch, sendo este um trabalho que coloca qualquer um a pensar se existe verdade na imagem que está à sua frente, dando assim o dito por não dito.

O poder, os disfarces, as personagens e a supremacia do espetáculo, onde a questão sobre quem manda em quem é lançada porque os submissos deixam-se envolver pelos seus sonhos e acabam por terem do seu lado uma transformação que os coloca sobre os mandamentos de quem tem verdadeiramente o poder nas mãos.

Uma mulher chega atrasada ao casting para a escolha da protagonista de uma peça. De seu nome Vanda, tal como a personagem em questão, a suposta candidata a atriz enfrenta o olhar e o descontrolo de Tomás, o encenador. Só que o poder da sedução e do desejo rapidamente consegue mudar o jogo existente na sala e o rato transforma-se no gato que dita as leis dos acontecimentos.

Com uma Ana Guiomar a mostrar mais uma vez o seu bom talento em palco, dando tudo o que tem a esta multi personagem que consegue conquistar os mais cépticos para com a peça. A jovem atriz começou em televisão mas é nos palcos que me tem surpreendido porque em termos de talento está de mão cheia, conseguindo encher uma sala com a sua força e forma de mostrar que é ali que está o seu mundo, que é nas personagens que adopta que consegue libertar o grande profissionalismo que tem em si. Em cena com a Ana está o Pedro Laginha que enfrenta a dor de um frustrado encenador, isolado no seu mundo caótico e cheio de ideias irreconhecívelmente perversas em busca do ideal. O Laginha tem todo um poder de palco, no entanto é a sua colega a grande alma de Vénus de Vison.

Uma sala, duas personagens múltiplas, várias histórias com insinuações, mentiras e conquistas, derrotas e jogos, enfrentando-se o real e a ilusão entre deuses e humanos. Saí cansado do Teatro Aberto, deixando assim na imaginação de cada um como enfrentei e vivi tão bom espetáculo.

Vénus de Vison

Cenário: Rui FranciscoFigurinos: Dino AlvesLuz: João LourençoSupervisão audiovisual: Nuno NevesSonoplastia: João Lanita | Manuel San PayoApoio ao movimento: Cláudia Nóvoa

Com: Ana Guiomar | Pedro Laginha

Sinopse: No fim de um dia frustrante de audições, Tomás, o encenador, está sem esperança de vir a encontrar a protagonista da sua peça. Prepara-se para voltar a casa, quando, de repente, surge mais uma actriz. Vem atrasada mas ainda quer prestar provas. Chama-se Vanda – o mesmo nome da personagem da peça. Será ela diferente de todas as outras? Inspirada no universo sensual de Leopold von Sacher-Masoch (1836-1895), esta é uma peça inquietante, onde nos perguntamos constantemente se o que parece é. Qual é a cara do poder, no território de todas as máscaras, o teatro? Quem seduz? Quem resiste? E o que acontece quando o desejo ganha vida? Espetáculos4ª a Sábado às 21h30Domingo às 16hM/16