É uma realidade sobre a qual todos temos noção, mas quando é contada na primeira pessoa acaba por ter outro sentido. Um trabalhador com mais de seis anos de casa numa grande cadeia de supermercados nacional ganha praticamente o mesmo hoje que há seis anos, tendo sido aumentado somente por obrigação e estando agora a receber pouco mais de treze euros que os seus colegas que entraram há meses com as mesmas funções. Assim se percebe a ditadura da liderança dos grandes que reinam sobre tudo e todos com preços baixos e com salários também baixos. Escravidão e sentimento de falta de consideração e valorização das pessoas que se esforçam no trabalho para não verem uma recompensa lhes bater à porta.
Trabalhar praticamente todos os fins-de-semana, receber quase o ordenado mínimo, horários diários trocados e perceber que não existe futuro num dos grandes que supostamente deveriam formar pessoas para que ano após ano se sentissem bem onde estão parece não ser a ideia das empresas que lideram o mercado e deitam abaixo os mais pequenos em busca dos milhares que poderiam dividir com quem dá o litro por pouco.
É uma completa vergonha perceber isto de forma real e em conversa num corredor de supermercado, quando os anos passam, a vida se vai alterando e é necessário mais para seguir em frente. Mas que mais quando o empregador não valoriza os seus funcionários que tenta manter mas para os quais não olha ao final do mês. Todos não passamos de peões neste mundo de cifrões onde os mais ricos continuarão sempre a rebaixar as classes mais baixas que dificilmente conseguem dar a volta enquanto dia após dia necessitamos de ser consumidores, gastando o pouco que se ganha em empresas que não praticam o bem.