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O Informador

Amarrem o Homem-Aranha

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Sei que vou colocar o dedo na ferida e provocar muito boa gente, mas em trinta e cinco anos de vida não consigo apreciar o universo dos super-heróis da Marvel.

Ainda agora, mesmo nas vésperas de Natal, saiu um novo filme do Homem-Aranha, com o título de Sem Voltar a Casa, e a febre e conversas que tenho presenciado sobre esta estreia causa-me aquela horticária rara por não conseguir entrar na onda deste complexo universo que nunca apreciei e que se bem me conheço nunca me irá atrair. Se alguém, um dos milhões de portugueses fãs da saga, me fizer o favor de enunciar todos os argumentos que me poderiam levar a assistir a esta saga da Marvel até agradecia, já que não entendo toda aquela história de quando acontece cada película, se antes ou depois da anterior, se ao mesmo tempo do que já foi contado na vida de outro super-herói da Marvel e por aí fora.

 

Run Lola Run, a aclamada experiência cinematográfica

O estilo e a energia presentes em Run Lola Run tornaram este filme de 1998 num autêntico fenómeno de popularidade na Europa, estabelecendo-o como uma obra de culto que ainda hoje é vista e admirada pela nova geração de apaixonados por cinema.

Chegou uma nova análise desta película cinematográfica! Realizado pelo alemão Tom Tykwer, na altura com apenas 33 anos, Run Lola Run é uma experiência cinematográfica que foge da norma e que prende a atenção de quem a vê do início ao fim. Esta foi a terceira longa-metragem de Tom Tykwer, que viria a ter uma carreira de enorme sucesso, com filmes como Heaven, Perfume: The Story of a Murderer, The International, e o muito aclamado pela crítica Cloud Atlas (este último co-realizado com as irmãs Wachowski).

Com um conceito narrativo bastante original e criativo, especialmente para a época, Run Lola Run é um filme com ação, profundidade, suspense e adrenalina. Tudo na medida certa. São 80 minutos que passam literalmente a correr. O trocadilho é intencional.

Três narrativas e o efeito borboleta

A premissa é bastante simples e exposta logo nos primeiros momentos. Lola (Franka Potente) recebe um telefonema do seu namorado Manni (Moritz Bleibtreu), que a informa que deixou um saco cheio de dinheiro (100.000 marcos alemães, cerca de 50.000 euros) no metro e que um mendigo acabou por ficar com ele, depois de uma série de eventos infortúnios. O problema é que o dinheiro pertence a um poderoso mafioso, e o trabalho de Manni era exatamente recolher e entregar este dinheiro sujo ao seu chefe Ronnie. Escusado será dizer que a partir daqui Manni está metido em grandes sarilhos: se não tiver os 100.000 marcos dentro de 20 minutos, hora em que combinou encontrar-se com Ronnie, muito provavelmente acabará morto. É exatamente esse o tempo que Lola tem para resolver a situação. Por isso o melhor é mesmo correr, e o ritmo frenético que começa a partir daqui, juntamente com alguns artifícios técnicos, servem precisamente para aproximar o espectador do sentimento que Lola está a experienciar, deixando quem está a ver extasiado com toda velocidade da ação.

 

Não senti o Milagre na Cela 7

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Umas semanas após ter sido lançado na Netflix, depois de várias pessoas me terem aconselhado, eis que vi o filme que tem arrecadado bastantes elogios, Milagre na Cela 7. E o que posso dizer é que ao contrário das expectativas e de tudo o que me fizeram crer, esta história não me conseguiu conquistar!

«Vê que é comovente!», «Chorei quase todo o filme!» e «Nem parece da Netflix!» foram talvez alguns dos comentários que recebi para me aconselharem a ver esta história que relata a vida de um homem com deficiência, sendo considerado de «Maluco» e que é acusado por ter morto a filha do comandante, sendo condenado à morte, mesmo quando existem provas em contrário. Longe da pequena filha Ova, Memo conquista pela diferença os colegas de cela que percebem que aquele homem não tem culpa alguma do que é acusado. Enfrentando o preconceito e procurando a proteção da menor, as hipóteses de sobreviver são escassas, mas como num filme em que se procura um final feliz, existe sempre a reviravolta que só quem vê poderá saber, desta vez não poderia ser diferente. 

O filme no general tem uma boa premissa, só que não conseguiu conquistar. Vi esta história a necessitar de um maior desenvolvimento a todos os níveis. Talvez resultasse melhor se o tivessem transformado em mini série, onde tudo poderia ter melhores explicações, deixando as apresentações corridas e as cenas com grandes passagens no tempo para trás. Milagre na Cela 7 tem história sim, mas não é um drama assim tão forte que me tenha feito chorar e acredita que sou um grande lamechas. 

Livros vs. Netflix

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Anos e anos de literatura seguida para agora surgir um serviço de streaming e me deixar bem dividido entre as páginas dos livros e os ecrãs. 

Lia tão bem todos os dias, quase sem paragem e agora tenho de dividir os momentos livres, que anteriormente somente eram dedicados a romances e thrillers escritos, com séries de humor, amor, drama, suspense e terror. Os sucessos mundiais no mundo das séries passam em grande parte pela Netflix e nos últimos anos tenho notado que o tempo que dedico de telemóvel na mão ou frente ao televisor a assistir aos novos episódios de determinada série que me leva a deixar alguns dos livros em espera por um maior número de semanas que o desejado. 

Acredito que esta divisão entre o visionamento de séries e filmes nas diversas plataformas disponíveis tenha vindo a roubar algum do tempo literário a diversas pessoas que neste momento se devem sentir solidários com este meu texto de desabafo por existirem dois amores de que não quero abrir mão e que lutam entre si pelos meus tempos livres. 

O Apelo Selvagem, o filme

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Inspirado no livro de Jack London, estreou no cinema o filme O Apelo Selvagem, onde o protagonismo está do lado de Buck, um cão gigante que da vida familiar é levado para a luta diária da corrida ao ouro do Alasca, acabando por ter lutar pela sua própria sobrevivência, aprendendo a debater-se com as complicações que se atravessam pelo seu caminho, onde os humanos são os grandes culpados. Com todas estas alterações, Buck, com a passagem do tempo, torna-se num cão selvagem que protege os seus de todas as complicações sociais.

Primeiro vi o filme e depois li o livro e que contraste que encontrei, o que não faz de um melhor ou pior que o outro. Se na película senti um verdadeiro baque no coração que me fez chorar praticamente do início ao fim. Na leitura isso não aconteceu. Tendo este filme sido inspirado pelo romance literário mas com grandes diferenças, O Apelo Selvagem na grande tela revela a ingenuidade e vontade de um cão comovente, que chega facilmente junto do espetador pela sua ternura. Grande de tamanho mas pequeno no campo afetivo, Buck é um cão com um evolução extraordinária graças aos maus humanos que vai apanhando pelo caminho. Se seguirem os mesmos passos, livro e filme parece ter a mesma premissa mas desenvolvimentos distintos para chegarem ao mesmo ponto. A história cinematográfica foi transformada para melhor conquistar, mostrando todo o processo de luta e conquista de um cão que acaba por enfrentar pela força de vontade, levando a luta pessoal a sério e transformando-se num grande conquistador. Já no livro a reviravolta é dada com outras personagens que vão sendo alteradas sem grande importância na narrativa, estando o animal muito mais em foco a solo do que com os humanos com que se cruza e mesmo com os outros cães que enfrenta e defende, não existindo tanto impacto para com os seus feitos.

Joker, o incómodo cinematográfico

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Finalmente fui ver Joker, o filme de que todos falam à semanas e se dividisse a película em duas partes diria que do frio a ponto de quase a adormecer passou para o quente para ficar agarrado e desconfortável pelo incómodo sentido em várias cenas por não esperar um impacto tão grande na demonstração dos factos que de ficção pouco mostram. 

Olhei para grande parte de Joker como aquele filme que abana consciências, levando a pensar em cada pormenor e na capacidade que uma só pessoa tem na influência de uma sociedade. No filme de Todd Phillips o espetador é convidado a ficar sentado e sem pensar realmente no que está a assistir, deixando isso para depois porque o momento de exibição é de pura concentração esperando que o que está para acontecer numa ação em crescendo não seja pior ainda. 

Joker não é uma piada, a personagem central interpretada por Joaquin Phoenix sorri para que os outros sintam a sua dor através dos lábios alargados e ensanguentados. Afinal a intenção é mesmo a de causar dor com os sorrisos para culpar toda a sociedade que o desgastou levando à desistência de sonhos a favor da realização de outros. O bullying tem sido um dos temas em debate pelos últimos anos e em Joker esta realidade acaba por ter grande destaque quando se percebe que o atual presente se deve a todo um passado marcado pelo peso de uma vida de sofrimento e inferioridade. 

Olhando para uma história em que facilmente encontramos o vilão, o que fica após perceber todo o enredo? Afinal Arthur Fleck é assim tão mau que não nos consigamos rever em determinados dos seus comportamentos? Não existe vontade de por vezes atirar tudo para trás, seguir os impulsos e não pensar que o mal é ofensivo? Senti em vários momentos dor pelo que foi feito mas ao mesmo tempo capacidade para desculpar atos violentos por todas as justificações. Quem faz mal deve ou não sofrer da mesma moeda? Os maus devem ser desculpados ou levar a sua emenda? Como uma mente transtornada pelas mais diversas situações consegue apaziguar a sua paz anterior quando todos o enfrentam e ajudam a acalcar ainda mais? Dor, raiva, frustração e transtorno que acabam por levar a um desespero pessoal único dentro de determinados contextos incontroláveis que ajudam a desculpar este Joker. Só, abatido e enfrentando uma vida de mentiras aliada à profunda depressão, o vício e a derrota existem e leva cada espetador a pensar que esta história é sensivelmente uma história real, que foi feita para tocar em pontos fortes, causando desconforto com impacto, sem representar e iludir, sem omitir e suavizar.

Judy, honrada por Renée Zellweger

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Inverno de 1968: a lendária Judy Garland chega a Londres para actuar numa série de concertos esgotados. Passaram-se 30 anos desde que se tornou uma estrela global com O Feiticeiro de Oz. Ela está exausta, assombrada por memórias da infância perdida em Hollywood, agarrada à vontade de voltar para casa junto dos filhos, mas determinada a nunca desiludir os seus fãs.

Há uns anos assisti no Teatro Politeama ao musical Judy Garland - O fim do arco-íris, com interpretação de Vanessa Silva no papel de destaque, tendo ganho nesse espetáculo a percepção da força que a Vanessa tem em palco. Este ano e no filme Judy percebi o mesmo para com a interpretação da mesma personagem por parte de Renée Zellweger.

Quando vi que a biografia de Judy Garland já tinha estreado nas salas de cinema nacionais logo fiquei com vontade de assistir e assim foi. E o que vos posso dizer? Que história, que desempenho por parte de Renée que se envolveu, entregou e volta a apaixonar o público por uma mulher que se entregou aos palcos e ao seu público, entregando-se a outros dissabores que a levaram por caminhos adversos. Retratando principalmente os últimos tempos de vida de Judy e explicando com o passado alguns dos motivos pelos seus atuais comportamentos, esta biografia da artista está tão bem conseguida que me deixei levar na sala de cinema, onde só quatro pessoas estavam presentes, comigo incluído, pela emoção, pelo pensamento da vontade de lutar contra uma força que absorve parte das capacidades. Judy passou trinta anos a celebrar a sua carreira junto de fãs, admiradores e autênticos perseguidores, mas agora é tempo de reconquistar os filhos sem desiludir e com a vontade de ter uma vida estável e sem os confrontos entre os palcos e toda a pressão que os mesmos tiveram na sua vida com horários, cansaço e vontade de deixar tudo para trás. 

Rei Leão, cativa mas não conquista

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remake de Rei Leão estreou e as salas de cinema começaram a encher para assistir à nova versão do filme da Disney que em 1994 conquistou o mundo. Se esperava ficar tão encantado como quando era miúdo? Não, mas ainda bem que assim pensei antes de ver o filme!

Posso dizer que a qualidade desta nova versão está presente, que a história continua praticamente intacta e que contínua intemporal por não terem alterado o texto. Contudo, embora esta nova versão de Rei Leão tenha cativado, não me conseguiu conquistar como a primeira, faltando aquela emoção da novidade e surpresa, dando espaço para as grandes imagens realistas da película e quebrando em certos momentos o encanto original pela falta da vivacidade que as imagens originais continham.

Sendo agradável de ver e com um ritmo alucinante e sem quebras, os detalhes presentes nesta versão são únicos e a cor com que a película é apresentada são um ponto positivo da equipa criativa que torna este filme especial por ser o novo Rei Leão que já nos tinha conquistado na década de 90 e que agora regressou para relembrar e apaixonar novos públicos que conhecem assim umas das mais bonitas histórias que a Disney já nos contou.

Aplausos merecidos para Toy Story 4

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Há muito que se esperava pelo quarto capítulo de Toy Story e agora que estreou posso dizer que a espera compensou pela qualidade com que esta película foi feita, fazendo inveja a muitos grandes filmes mundiais. Toy Story 4 é o melhor do universo que tem dado a conhecer a vida de Woody e do início ao fim nada falha nesta animação que une comédia à tristeza onde a verdadeira emoção é debatida através da amizade, partilha e angústia num ambiente que junta humor e drama.

Com Woody no centro da ação e com a apresentação de Garfy, o garfo que do lixo é transformado em brinquedo através de momentos bem engraçados, o elenco de Toy Story ganha nesta sequela novas personagens, como é o caso da primeiramente irritante Gabby Gabby que acaba por conquistar mesmo no final, e desenvolvimentos inesperados que cativam, preenchem e agarram até ao último minuto onde o desfecho volta a surpreender por deixar umas lágrimas nos olhos de todos nós. 

Elaborado por Andrew Stanton, os contornos deste quarto episódio de Toy Story são de uma qualidade tão incrível que da narrativa bem arrumada com uma boa história emocional, recheada de mensagens sobre a partilha, amizade, afetos e medos perante a ideia de nos sentirmos a mais e completamente dispensáveis, debatendo os sentimentos no limite com bons toques de união entre drama e humor. Em Toy Story 4 a reflexão sobre o que damos aos outros, mesmo que não sejamos correspondidos é demonstrada de forma tão especial que tudo faz sentido numa demonstração de que sempre vale a pena fazer o bem. A capacidade desta película de mostrar como todos podemos mudar e perceber quando é necessário avançar para novas fases é incrível. Com temas intemporais e universais, estes bonecos que parecem personagens de carne e osso convencem, mostram-nos em vários momentos pessoas que conhecemos e refletem realidades.

Este filme reflete a humanidade, num estado positivo e mensageiro, começando por demonstrar a incapacidade de Woody em aceitar que já não é o brinquedo preferido de Bonnie, mas ao mesmo tempo por ajudar a que a sua criança seja feliz com o seu novo Garfy e todos os brinquedos que têm estado do seu lado nos últimos tempos. Deixando o seu lugar reconquistado pelo novo membro dos brinquedos, Woody volta a viver após lutar e liderar e percebe que nem sempre é necessário estar do lado de uma criança para se ser feliz. O final deste quarto episódio é um misto bom de emoções e deixa tudo em aberto para o que poderá surgir no futuro, com personagens que parecem despedir-se e que poderão voltar mais tarde, como aconteceu desta vez com Bo Peep, a pastora que se ausentou no episódio 3 para agora voltar como co-protagonista cheia de força, vontade e confiança para ajudar a alterar o final pré-concebido mentalmente por quem está a ver este novo episódio, fazendo com que Woody olhe para a sua vida e perceba que é necessário mudar para voltar a ser feliz, num momento final comovente. 

Rocketman, a vida de Elton John

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O musical Rocketman, onde a vida de Elton John é retratada, tem tudo menos o convencional de uma produção familiar. Contando a ascensão do artista, as sucessivas quedas e recuperações através de uma vida feita com muita droga, sexo e rock n' roll, esta película que vi sem prever surpreendeu-me pela sua vivacidade mas peca muito por fantasiar e insistir no mesmo tema durante bastante tempo, deixando muito por contar. 

Embora comece na fase infantil de Elton e rapidamente passe para o aparecimento perante o grande estrelato, Rockteman vive muito dos males que perseguiram o artista. Este é daqueles filmes onde se pisa duramente no tema das drogas e álcool, tudo no meio de sexo gay e performances musicais interpretadas por Taron Egerton num Elton John quase perfeito mas que parece ter consistido apenas numa visão do mal. Onde está o bem do artista que se tornou em pouco tempo numa das principais estrelas mundiais? O divórcio dos pais, o casamento falhado, o amor pelo próprio sexo, a fama e previsivelmente a ascensão e visão de um mundo até anonimamente desconhecido são pontos retratados nesta película que está embalada de modo a que os momentos musicais fazem esquecer todo o drama vivido para se ter vontade de cantarolar cada tema conhecido. 

Elton John é um dos produtores do filme e Dexter Fletcher o seu realizador que se deixou levar pelo espanto e pelo sensacionalismo do consumismo para fazer de Rocketman mais um dos símbolos da marca que se tornou Elton John, um rosto representativo de várias faixas sociais e também uma voz eterna para o panorama musical que se vê assim celebrado pelo que passou e pelo que é atualmente.