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O Informador

Contei-vos que ia até Fátima por convite e vontade de tentar perceber tudo o que era vivido naqueles momentos de fé e crença. Não sou católico praticante, não afirmando que não possa existir algo, mas também não podendo dizer que tudo o que é relatado é a pura das verdades. Mas fui, de mente aberta e com vontade de viver o momento, as horas, o cansaço, o companheirismo e a união e não é que até que não desgostei?!

Não vos vou dizer que as horas passadas no Santuário de Fátima me alteraram a forma de pensar e perceber a religião porque isso não aconteceu, mas senti um pouco da magia que só o momento de passar horas sentado no recinto já sem posição para estar, assistir e posteriormente ver ao vivo a chegada do Papa Francisco a Fátima, acompanhar as orações como um leigo que ouve e que vai tentando apanhar alguma coisa e finalizar o dia de vela na mão a assistir à procissão foi para mim o momento alto do dia 12. Tantas horas de espera, ouvindo histórias, criando conversa com quem estava connosco e perceber que aos poucos os vizinhos de chão também interagem por qualquer motivo para que tudo seja uma comunidade que partilha vontades, crenças e ideias religiosas em comum. 

A Procissão das Velas é daqueles momentos altos das celebrações de Fátima, para mais este ano com a presença do Papa Francisco para celebrar o Centenário das Aparições da Virgem aos pastorinhos. Sinceramente não acredito na história que foi sendo passada ao longo dos anos sobre o acontecimento, mas naquele momento e com o que senti com o que se passou no recinto esqueci-me por momentos, horas até, que não tenho a história como verdadeira. Deixei-me levar pela ação social e o que se vive naquele local em dias festivos é algo de especial mesmo. Todos estão com o mesmo objetivo, centrados em algo em que acreditam ou que procuram acreditar por lhes fazer um pouco, como a mim, de sentido. Pode não ser uma coisa em que acredito, mas no fundo sei que existe algo que não consigo explicar e que entendo que não acontece como a caracterizam, uma ideia que ainda me transcende e que sinto que assim continuará a ser pelos próximos tempos. Emocionei-me um pouco na noite pelo ambiente que foi criado ao longo do dia e que colmatou nas três horas fortes da noite onde as pessoas acabam por deixar que os sentimentos e a fé que as conduziu até ao local passem para fora e levam a que todos refletiam sobre o sentido da vida e a comunhão com os outros. 

Primeiro dia feito e o 13 de Maio começou cedo, após uma noite praticamente sem dormir. As comemorações foram retomadas bem cedo e já lá estávamos quando o Papa Francisco regressou ao recinto para santificar Francisco e Jacinta Marta que são a partir de agora os mais jovens Santos da igreja católica. Uma celebração duradoura, sem dúvida, que me causou algum cansaço pelas dores que já tinha no corpo devido ao dia e noite anteriores e chegou a um momento em que acredito que devo ter bloqueado, só voltando a reagir quando chegou a altura do texto dedicatório e de resumo da vida dos dois irmãos onde se seguiu um momento que não me passou despercebido. O tempo entre o sol presente e ausente quando tapado por nuvens deu lugar por um minuto a um sopro de ar fresco onde pareceu que o dia iria mudar. Não sei o que poderá ter acontecido naquele momento, mas senti que aquele vento fresco não apareceu por acaso após Francisco e Jacinta Marto terem sido tornados Santos. Algo aconteceu no recinto naquela passagem e aquele sopro tocou-me de certo modo. Mais uma vez é daquelas sensações que não consigo explicar de todo mas que para mim, na minha ignorância, não aconteceu em vão. 

Não sou católico praticante e tenho certas dúvidas acerca da religião, da fé e da crença, mas este ano e a convite resolvi aceitar o desafio e nos dias de hoje e amanhã estarei pelo Santuário de Fátima para assistir às cerimónias e tentar perceber o que se sente pelos momentos que marcam milhares, milhões mesmo, de pessoas nestes dias especiais onde Fátima vira o centro religioso que acolhe portugueses e todas as comunidades que partilham a sua devoção num só local. 

Para ir tenho de sentir algo que não consigo explicar e que até este momento não encontrei pelo caminho, talvez seja por isso e por querer perceber o que move tantas pessoas que estou neste momento a caminho de Fátima para assistir, ou tentar pelo menos, às cerimónias e estar no local que todos dizem mudar a perspetiva de quem não acredita. As pessoas mostram-se de alma leve e com um reforço positivo sobre o futuro quando se dirigem ao Santuário, parecendo que se libertam de um peso após aqueles momentos de dedicação religiosa e crença. Eu, que não consegui ainda sentir algo do género e sempre fui até Fátima várias vezes por ano com os meus pais, quero encontrar talvez um pouco da explicação do que é vivido e sentido por quem acredita e tem na crença e vontade a verdade.

Um cliente, achando talvez que tenho cara de religioso e de andar a testar as várias comunidades religiosas presentes pelo país resolveu entregar-me um folheto de uma celebração que irá existir em diversas cidades e vilas no mesmo dia pelas próximas semanas. Não dei praticamente conversa enquanto o senhor tentava espalhar a sua fé perante a minha figura e no final lá fiquei com a folha recheada de figuras, ditos, datas e horas para que marcasse presença no tal evento. Até fiquei a saber como quem não quer a coisa quem é o representante aqui da zona da dita comunidade religiosa, também um cliente da empresa, por sinal. 

Se aquele senhor que me fez o convite soubesse o quanto religioso sou nem tinha aberto a boca sequer para me convidar para o que quer que seja, para mais para um grupo ainda mais complexo que a igreja católica. O folheto foi de imediato para o lixo porque nem sequer existe interesse em perceber do que se tratava. Será que espalhar a fé é melgar e quase pedir «por favor» para as pessoas marcarem presença num evento onde depois a lavagem ao cérebro tenta ser feita?!

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