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O Informador

Saudade sem presença

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Hoje ainda existe saudade de quem já não está e que nos deixou sem avisar. Existiam pontos sobre os quais não tinha percebido sobre as suas últimas horas, mas agora percebi que num dia tudo estava bem e na manhã seguinte o saco do pão continuou pendurado na porta sem ser recolhido como todos os dias acontecia. Nas vésperas os telefonemas habituais aconteceram mas os da manhã já não foram atendidos. Poderia ter saído mais cedo de casa sem avisar, mas o pão que ficou por recolher deu o alerta de que algo se passava. E passou.

Em menos de um ano os dois juntaram-se de novo fora do raio de vida que vamos continuando de forma física. Viveram um para o outro, ela a cuidar dele, ele a olhar por ela e assim continuam juntos, a olharem por nós que por cá ficamos, que acompanhamos os últimos momentos dele que acabou por a chamar de forma súbita para a sua companhia. Duas dores dispares, a do sofrimento pelo tempo de doença entre corridas para o hospital e regressos, em meses de dor e confusão e depois com a partida inicial, quem cá ficou parecia estar a voltar a viver, mas não, de forma rápida ela partiu sem nos deixar qualquer aviso.

Situações tão diferentes. Primeiro ele, em que já estávamos à espera e supostamente melhor preparados e doeu, magoou e o cansaço do tempo fez-se sentir nos momentos finais, pesando imenso, deixando na memória o último olhar e um corredor hospitalar em que percebi que tinha sido a última vez. Depois, no caso dela, foi a forma repentina onde nem deu para pensar que poderia ser a última vez que a víamos.