Vi, pela primeira vez, um espetáculo ao vivo de stand-up comedy e posso dizer que embora não seja um apreciador nato deste estilo de humor, tive um duplo sentimento enquanto permaneci sentado na plateia do Cinema São Jorge, Lisboa, a ver o quarteto deste Especial Natal organizado pelo Lx Comedy Club a dar o seu show.
Com sala cheia e com muitos fãs pelo meio, Salvador Martinha, Ricardo Vilão, Luís Franco-Bastos e Rui Sinel de Cordes apresentaram-se em palco de forma descontraída, tal como o seu perfil público tem demonstrado ao longo destes anos em que se tornaram conhecidos através dos palcos e da televisão.
Se por um lado existiram dois comediantes que me conquistaram, e atenção que eu não sou um apreciador deste estilo de entretenimento, por outro também existiram dois que me pareceram apostas erradas para o tipo de espetáculo que esperei encontrar.
Vi um Salvador a abrir as honras da sala em grande estilo e com um ritmo e à vontade incrível para com o público que sempre esteve presente nos momentos fulcrais das suas histórias, onde foram contadas aventuras e desventuras que foi vivendo, sempre com a piada fácil mas bem caracterizada e que levou a plateia ao rubro, logo de seguida fiquei desiludido. Ricardo Vilão, o meu completo desconhecido, pareceu-me a nódoa do palco. Sem presença, com muito recurso ao público, que se sente incomodado pelas suas chamadas de atenção, e com esquecimentos da sequência do seu trabalho, o trabalho do Ricardo no São Jorge pareceu-me a de um grande vilão que tudo parece estar a fazer para estragar o bom momento que tinha acontecido antes da sua entrada. Logo depois surgiu o talvez mais conhecido do quarteto, o Luís Franco-Bastos que imita e comenta as personagens mais carismáticas da nossa sociedade e ainda prevê o futuro e o impensável da vida de cada um. Da política ao futebol, da moda à televisão, ninguém escapa à voz deste homem que faz o impensável. No final surge o Rui Sinel de Cordes que sabe bem o que é ter piada, no entanto e porque não gosto do gozo fácil para com crianças que não têm culpa de terem nascido doentes, bastou um minuto e várias asneiras ao longo da sua presença em palco para perceber que o Rui estica a corda em demasia para o meu gosto.
Embora tenha tido momentos menos bons, este foi um espetáculo que acabou por ser compensado por um Martinha em altas e por um Luís que deixou todo o restante desperdício longe da ideia final com que fiquei. Valeu a pena!