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O Informador

Escravatura nos supermercados

Andava eu por aí a vaguear, quando encontrei o texto que passo a citar pelo blog L'Obéissance est morte. Aqui, a sua anónima autora, mostra o que muitos trabalhadores do nosso país passam pelas grandes empresas que mandam na economia e acabam por fazer o que querem. Não me consigo identificar com este caso por não ter passado por algo semelhante, no entanto já me foram relatadas situações do género que ocorreram dentro de outros grupos comerciais, o que mostra que todos são iguais, mas aqui existe um nome, Sonae/Continente!

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Os hipermercados são um lugar horrível: cínico, falso, cruel. À entrada, os consumidores limpam a sua má consciência reciclando rolhas e pilhas velhas, ou doando qualquer coisa ao sos hepatite, ao banco alimentar ou ao pirilampo mágico. Dentro da área de consumo, cai a máscara de humanidade do hipermercado: entra-se no coração do capitalismo selvagem. O consumidor, totalmente abandonado a si próprio (é mais fácil de encontrar uma agulha num palheiro do que um funcionário que lhe saiba dar 2 ou 3 informações sobre um mesmo produto), raramente tem à disposição mercadorias que, apesar do encanto do seu embrulho, não dependam da exploração laboral, da contaminação dos ecossistemas ou de paisagens inutilmente destruídas. Fora do hipermercado, os produtores são barbaramente abusados pelo Continente (basta que não pertençam a uma multinacional da agro-indústria), que os asfixia até à morte e, quando há um produtor que deixa de suportar as impossíveis exigências que lhe são impostas, aparece outro que definhará igualmente, até encontrar o mesmo fim. Finalmente, nas caixas do hipermercado, para servir o consumidor como escravos idênticos aos que fabricaram os artigos comprados, estamos nós.

O hipermercado está portanto no centro da miséria que se vive hoje no mundo. O consumidor, o produtor e nós temos uma missão comum: contribuir para que os homens mais ricos do planeta fiquem cada vez mais ricos – contribuir para que a riqueza se concentre como nunca antes na história. Se somos todos diariamente roubados e abusados, é por este mesmo e único motivo.

Vou-vos relatar apenas a minha banal experiência diária (sem pontos de exclamação já que o escândalo é comum a qualquer um dos tópicos que irei descrever). Espero que sirva de alguma coisa, apesar de saber que ninguém se incomodará muito com ela. Afinal, é a mesma selva que está já em todo o lado.

 

  • 1 – salário

Trabalho 20h semanais em troca de 260€ mensais, o que dá pouco mais de 3€ por hora. Que isto se possa pagar a alguém em 2015 devia ser motivo de vergonha para um país inteiro. Que seja um milionário a pagar-me esta esmola devia dar pena de prisão efectiva.

Um pedido de ajuda!

Ajude-meHá uns dias publiquei um texto com a respectiva imagem onde mostrei os óculos de sol que me tinham chegado da China através do site AliExpress. Hoje deparo-me com esta imagem partilhada pelo Facebook, juntamente com o texto que se segue...

Moradora do DF recebe compra de site chinês com pedido de ajuda.

Bilhete foi enviado junto com uma blusa e teria sido escrito por um suposto trabalhador submetido a condições análogas ao escravo "Sou escravo, ajude-me". O pedido, em inglês, veio acompanhado de uma blusa que a moradora de Águas Claras Sandra Miranda recebeu nessa quinta-feira (23/10). A encomenda foi feita no site chinês AliExpress, famoso por vender peças com valores bem abaixo do mercado brasileiro.

Já anteriormente tinha visto partilhas semelhantes tendo na altura também ficado a pensar na verdade sobre esta situação. Agora que faço compras através deste portal e vejo que realmente os preços praticados são abaixo do mercado mundial pergunto-me se a mensagem de auxílio não corresponde na verdade à realidade.

Mais um caso a ter em atenção pelas autoridades internacionais que já deviam ter investigado de forma séria estas lojas virtuais dos preços baixos!

Patrão aproveitador

O país está em crise e existe muita falta de emprego, contudo existem patrões que acham que podem abusar das pessoas só porque o país se encontra numa má situação.

Fui cortar o cabelo num centro comercial aqui perto e quando entrei percebi que a empregada que depois me atendeu estava a informar o patrão por telefone que se ia despedir. Ao longo do meu atendimento fomos falando e depois toquei no assunto porque gosto do trabalho daquela funcionária e se ela vai embora também começo a procurar outro espaço para cortar o meu cabelo. 

Conversamos e foi quando ela me disse para onde ia a convite dos próximos patrões e onde me contou o que se passa no espaço onde ainda trabalha. Durante três anos diz não ter gozado períodos de férias e que por semana só tem um dia de folga e mesmo isso nem sempre acontece porque lhe pedem para trabalhar mesmo nos dias de descanso. Foram três anos sem pausas prolongadas e onde pelas palavras da própria também a vida pessoal ficou prejudicada. Agora teve um convite e vai aproveitar para se livrar de horários loucos e de patrões bem exigentes e que fazem das pessoas escravas.

Estamos no século XXI e em Portugal! Vivemos num país que está mal com milhares de pessoas desempregadas, mas não é por isso que quem emprega pode achar que os outros se têm que submeter ao que querem e bem entendem. Já tinha percebido por outra funcionária daquele espaço que as coisas por ali não eram fáceis e que por isso também essa acabou por sair. Agora soube da história de mais uma e não voltarei tão cedo aquele local, ainda para mais porque sei para onde esta que me revelou a sua história vai trabalhar!

As pessoas sujeitam-se durante algum tempo a estas coisas, mas é certo que não conseguem aguentar muito tempo porque a vida além do trabalho também existe e mentalmente não vivemos só para ganhar dinheiro e estarmos fechados num espaço a servir os outros!