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O Informador

Pimbocentrismo

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O que chamar a quem no seu próprio ecrã principal do telemóvel tem uma selfie ou uma fotografia sua como para lhe dar as boas vindas em modo lembrança perante o lema «és mesmo giro»? Tenho uma definição bem dura sobre isto... Pimbocentrismo!

Colocar a sua própria fotografia como fundo de ecrã é somente parolo, tanto ou mais como criar um perfil de casal numa qualquer rede social. Será que não existe noção por este planeta para se perceber que não é necessário viver sistematicamente no eu, eu e mais eu, podendo existir um descanso até do ecrã do aparelho que nos acompanha para todo o lado que por definição já sabe quem é o seu proprietário, não tendo de ter a sua fronha sempre prostrada em espera que a luminosidade seja ativada para que o proprietário se reveja como a pessoa mais bela à face da terra.

Sim, fui demasiado egocêntrico

Existem momentos em que não apetece ir aqui ou acolá e conhecer novas pessoas que possivelmente estão totalmente de fora do estilo de vida a que estamos habituados a ter. Vamos um pouco no vai ou não vai mas acabamos por ceder porque o que é certo é que não temos nada a perder. E não é que por vezes até percebemos que afinal de contas o que poderia ter sido um custo passou de forma rápida, divertida e com boa impressão de desconhecidos que nos recebem de sorriso na cara e um certo interesse em perceberem quem somos?

Sou desconfiado por natureza com quem chega de novo, não gostando de esticar a corda com conversa que não dou para não transmitir confiança a quem não conheço e isso na vida pode ser um pau de dois bicos, já que me restrinjo do que não quero ter por perto mas ao mesmo tempo não dou espaço de manobra para novas oportunidades poderem ter alguma hipótese de surgir. As pessoas conseguem surpreender e embora pense em vários casos que aquele pequeno espaço de tempo de conversa fiada não valeu um chavo, por vezes a ideia pré concebida acaba por cair por terra. Não conhecemos de todo a pessoa que nunca vimos, não existe ideia pré concebida sobre quem é ou poderá deixar de ser, então porque não dar uma hipótese para confraternizar entre amigos, conhecidos e novos conhecidos?

Sinto-me de há uns tempos para cá um pouco, ligeiramente, diferente na forma de socializar com quem não conheço ou não conheço tão bem. Tenho dado novas oportunidades a quem por algum motivo tinha deixado para trás, para um plano meio esquecido, por vezes por erro meu devido ao desligamento que tenho, e que agora, após um tempo e de começar a perceber que ser egoísta não é tudo na vida, a ficha parece ter caído para voltar à realidade. Aliás, ser egocêntrico é tudo, mas é um tudo mau. Ninguém se pode concentrar em demasia em si e eu fui e tenho de admitir demasiado «eu», «eu» e «eu», não deixando que os outros por muito que quisessem me pudessem conhecer ou ter um pouco do meu tempo. Tenho vindo a perceber que afinal os outros são tão importantes para o «eu» como o bem-estar pessoal o é e embora não me sinta totalmente bem comigo, consigo entregar-me de outra forma aos outros, dando hipóteses, tentando retomar o que perdi ou não cheguei a ter por orgulho ou simplesmente ideias que criei na cabeça sem fundamento e sobre as quais nunca quis dar o braço a torcer. Percebo hoje que estive mal em várias situações por ser parvo e bastante virado para mim na vida pessoal, mas estou a tentar mudar e acredito estar no bom caminho, pelo menos tenho feito por isso e noto diferenças.