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O Informador

Os Guardiões do Farol | Emma Stonex

TopSeller

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Título: Os Guardiões do Farol

Título Original: The Lamplighters

Autor: Emma Stonex

Editora: TopSeller

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Setembro de 2021

Páginas: 336

ISBN: 978-989-564-739-2

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Um farol abandonado.

Três homens desaparecidos.

Um mistério impossível, inspirado numa história real.

Na véspera de Ano Novo de 1972, um barco com dois tripulantes chega a Maiden Rock, um farol situado a quilómetros de distância da costa oeste da Escócia, para substituir um dos faroleiros. Porém, não se encontra ninguém no interior do farol para os receber. Os homens deparam-se com uma torre vazia e estranhos factos por explicar. A porta de entrada está trancada por dentro. Uma mesa foi posta para apenas duas pessoas. O registo meteorológico do faroleiro chefe descreve uma forte tempestade em redor da torre, apesar de o céu ter estado limpo naquela semana. E todos os relógios pararam às 8h45.

Vinte anos depois, as mulheres dos faroleiros desaparecidos recebem a visita de um escritor determinado a desvendar o mistério. Movendo-se por entre os testemunhos das três mulheres e as últimas semanas dos guardiões do farol, segredos de longa data, que apenas as ondas parecem ter testemunhado, começam a vir à superfície. Irá o mar revelar os segredos dos três desaparecidos e trazer alguma paz às suas mulheres?

 

Opinião: Inspirado no mistério real que levou ao desaparecimento dos faroleiros de Eilean Mon, nas Ilhas Flannan nas Hérbridas Exteriores em 1900, Emma Stonex alterou a localização e o tempo para Cornualha em 1972, e criou assim Os Guardiões do Farol, onde três homens desaparecem de forma duvidosa do farol onde estão confinados em trabalho, deixando as suas família em terra e neste caso, após o desaparecimento, órfãs. Com os relógios parados assim que o desaparecimento dos faroleiros é descoberto e todas as fechaduras interiores do local trancadas, o mistério está lançado e entre o presente das mulheres que são convidadas a relembrar um passado com vinte anos e os últimos dias dos homens do mar, este thriller vive de rumores e secretismo entre quem sobreviveu e quem viveu na solidão durante anos seguidos. 

A Mão Que Mata | Lourenço Seruya

Cultura Editora

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Título: A Mão Que Mata

Autor: Lourenço Seruya

Editora: Cultura Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Maio de 2021

Páginas: 320

ISBN: 978-989-9039-39-1

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Uma casa. Dez pessoas. Alguém não sairá com vida.

Naquela fria manhã de inverno, a família Ávila acordou em sobressalto: na sala de estar, jaz a tia Manuela numa poça de sangue. A vítima não era adorada pelos familiares, mas nenhum tinha motivos para a querer morta, portanto o homicídio só poderá ser resultado de um assalto.

O inspetor Bruno Saraiva da Polícia Judiciária é chamado para investigar o caso e rapidamente conclui que o assassino não só está naquela casa, como é alguém conhecido de todos.

As opiniões dividem-se e a família Ávila não parece muito disposta a colaborar com a polícia, até que é encontrado um segundo cadáver na mansão da Serra de Sintra...

 

Opinião: Pelo título logo se entende que o crime está na base desta primeira obra de Lourenço Seruya, que através da Cultura Editora viu o seu A Mão Que Mata ser publicado, juntando-se a um recente lote de novos autores bem equilibrados que a chancela tem reunido e conquistado os leitores. 

Num thriller passado perante o nevoeiro e os mistérios da serra de Sintra, sem esquecer os famosos travesseiros da Piriquita, A Mão Que Mata tem tudo o que aprecio numa história de suspense. Num enredo que prende do início ao fim, o leitor é convidado a entrar na casa da família Ávila onde o encontro entre irmãos e seus associados acontece para que se façam as partilhas após a morte do patriarca. Preparados para um fim-de-semana familiar, que tinha tudo para correr bem, só que uma morte acontece ao longo da primeira noite e o rumo dos próximos dias é totalmente alterado. A Tia Manuela pouco ou nada tinha a herdar, mas o certo é que contra a vontade da maioria foi convidada para a reunião mas acabou por ver a morte do seu lado. O que escondia esta mulher consigo para alguém a querer silenciar? Com esta morte a Polícia Judiciária é chamada ao local e a investigação perante a alçada de Bruno Saraiva começa. Inspetor galã, com um passado por revelar num futuro próximo que deixa desde logo o leitor a querer saber mais, Bruno tem em mãos, com a sua equipa, a descoberta de um assassino quando, sem aviso, também Cláudia, a empregada, surge morta. Num contraste entre a velha e a nova guarda de inspetores perante a investigação, é a voz de Bruno que se faz ouvir até ao final e até que tudo fique esclarecido. 

WOKE | Titania Mcgrath

Guerra e Paz

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Título: Woke - Um Guia Para a Justiça Social

Título Original: Woke - A Guide to Social Justice

Autor: Titania Mcgrath

Editora: Guerra e Paz

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Março de 2021

Páginas: 136

ISBN: 978-989-702-604-1

Classificação: 2 em 5

 

Sinopse:  Considerado um dos melhores livros do ano em Inglaterra, WOKE é o retrato do delírio que invadiu uma legião de activistas, que julga querer bater-se pela justiça social. Ricky Gervais afirmou tratar-se de uma «sátira maravilhosa».

Quem é Titania McGrath, a sua autora? É uma «activista interseccional», seja lá o que isso for. Ela jura-nos que a justiça social se conquista juntando uma bandeira arco-íris no perfil do Facebook, ou intimidando quem diga desconhecer o significado de «não binário», ou chamando nazi a quem pense votar num partido conservador. Em suma: os que defendem a liberdade de expressão são criptofascistas.

Mas será que Titania existe? Titania é a genial invenção do comediante Andrew Doyle, o verdadeiro autor de um livro que satiriza a loucura activista destes tempos.

A loucura do fundamentalismo está presente em várias colorações da direita, como se viu com Trump, mas também tingiu fortemente uma certa visão da esquerda progressista que distorce o que é o progresso.

A melhor forma de desconstruir o perigo do radicalismo é a sátira. Em WOKE assistimos à irrisão por absurdo das loucuras identitárias, do radicalismo feminista, e das extravagâncias de género, da deposição de estátuas e do cancelamento da cultura. É um livro político? É, garantimos, o livro cómico mais sério do ano.

 

Opinião: WOKE, o livro que é definido como sendo Um Guia Para a Justiça Social, veio ajudar a provar que não sou um bom leitor de textos que funcionam como sátira social. Do início ao fim da leitura deste livro de Titania Mcgrath, ou melhor, de Andrew Doyle, que decidiu que se surgisse no Twitter como uma mulher ativista na procura pela justiça social teria melhor impacto para com o seu público, não consegui encontrar um ponto positivo para estar a desperdiçar o meu tempo com este conjunto de argumentos que em nada veio acrescentar. Aceito que o problema seja meu por não conseguir achar a mínima piada à forma como os variados temas foram tratados pelo seu autor, perdão autora, mas realmente a comédia literária parece não ser o meu ponto forte.

Atenção ao Goodreads

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Aproveito este espaço de partilha para sugerir a todos os editores e autores para começarem a dar uma maior atenção ao Goodreads para que quando for lançada uma nova obra abram a sua ficha na rede social inserindo todos os dados sobre o novo lançamento de forma a facilitar a procura e não levarem a que sejam os leitores a inserir os dados de cada nova obra disponível no mercado literário. 

Já inseri os dados sobre várias das minhas leituras quando estas tinham acabado de ser lançadas para o mercado, achando que esse trabalho deveria estar do lado dos responsáveis pelo lançamento de forma a que não existam falhas nos dados publicados, sendo ao mesmo tempo facilitada a procura logo nos primeiros dias, já que muitos dos leitores com conta na rede social literária não se vão dar ao trabalho de criarem a ficha de um livro que por lá ainda não existe. Chegar, escrever a opinião e publicar é bem mais fácil do que ter de criar a ficha do livro de raiz, quando este trabalho deveria ser feito como um dever por parte das próprias editoras de forma a ajudar a concentrar as opiniões na rede social.

Sete Mentiras | Elizabeth Kay

Planeta Manuscrito

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Título: Sete Mentiras

Título original: Seven Lies

Autor: Elizabeth Kay

Editora: Planeta Manuscrito

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Setembro de 2020

Páginas: 368

ISBN: 978-989-777-394-5

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Tudo começou com uma pequena mentira...

Jane e Marnie sempre foram amigas inseparáveis desde os 11 anos. Sabiam os segredos mais escondidos uma da outra. E não quereriam que fosse de outra maneira.

Mas, quando Marnie se apaixona e lhe apresenta o marido, Jane conta a sua primeira mentira. Na realidade odeia Charles, o marido rico e convencido de Marnie, mas não é capaz de lhe dizer. Ao fim ao cabo, até as melhores amigas guardam qualquer coisa para si mesmas. Se tivesse sido franca, talvez o marido da sua melhor amiga ainda hoje estivesse vivo...

Porque, claro, esta não é a sua última mentira. Na realidade, foi apenas o começo...

 

Opinião: É pela voz de Jane que conhecemos a sua amizade de adolescência com Marnie. As duas jovens cresceram, dividiram casa como estudantes, muito partilharam e tudo contaram, dos desabafos aos amores, dos desaires às conquistas, tudo vivido entre as duas, numa amizade íntima e perfeita. O tempo uniu e separou para voltar a unir anos mais tarde, mas quando as vidas mudam e novas pessoas entram em definitivo nesta relação amigável as alterações surgem e a verdade direta começa a ser distorcida.

Numa relação de amizade, vivida a partir de certo ponto de formas distintas entre Jane e Marnie, a convicção e força de se terem por perto começa a ser um pouco claustrofóbica para o leitor perante os sentimentos revelados por Jane como se tivesse o direito de propriedade exclusiva para com Marnie. Ambas namoraram e criaram relações conjugais, o tempo deixou que a amizade não terminasse mas ganhasse novos contornos quando se formaram dois casais apaixonados. No entanto um fatídico dia tirou o par perfeito a Jane e é a partir deste ponto que a boa convivência e a verdade entre estas duas agora mulheres adultas se altera. Com Jane a revelar obsessão perante a felicidade de Marnie e com esta a seguir a sua idílica vida a dois e a sonhar com o futuro, os problemas acontecem e tudo parece ter uma culpada. 

Sete Mentiras representa o confronto de ideias e vontades entre uma amizade tóxica e o amor, entre a verdade que enfrenta mentiras numa história bastante viciante onde se confundem sentimentos e a luta pelo bem-estar e a inveja acontece como um 《se não tenho também não irás ter》. Nesta narrativa o leitor conhece a verdade de Jane que não é de todo a perfeita, representando a força do mal que tantas vezes prejudica relações e mentes mais frágeis.

Ainda a Feira do Livro de Lisboa...

 

Em 2020 a edição da Feira do Livro de Lisboa aconteceu mais tarde devido à pandemia mas não foi isso que impediu que todos os amantes literários fossem até ao Parque Eduardo VII para trocar as suas listas de compras pelos exemplares tão desejados. Este ano fui à Feira somente uma vez mas consegui detetar que a escolha de várias editoras dos jovens que recrutaram para fazerem o atendimento no evento foi um pouco diferente do habitual, destacando a falta de formação de vários atendedores sobre os livros das editoras e mesmo sobre os autores que publicam no grupo ou que já foram à sua vida para outras paragens.

Percebi que existia alguma hesitação por parte dos jovens sobre a existência de determinados títulos na editora e mesmo se os autores faziam parte do lote da editora ou não, sendo feitas várias vezes questões entre os jovens contratados somente para o evento e os responsáveis de cada pavilhão. Será que não existiu tempo para uma pequena formação de dias para que todos estivessem esclarecidos, principalmente nas editoras pequenas que não têm ao seu cargo tantos autores, sendo mais fácil controlar um pequeno estudo sobre o que estava disponível ou não no pavilhão pelo qual estavam a dar a cara e o corpo em dia de trabalho. 

O livro E Se Fosses Tu? pode ser teu...

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O livro E Se Fosses Tu?, da autoria de Tristão de Andrade, lançado pela Matéria-Prima Edições no início deste Verão conta com paixão, ternura, devoção, erotismo, bem-querer e todo o processo que envolve o amor num leque de memórias narradas para acompanharem o leitor através de uma leitura certa, destinada também ela ao momento certo. E Se Fosses Tu? é aquele livro envolvente, destinado muito para conquistar corações e fazer sonhar apaixonados e mesmo quem se encontre em busca de si próprio. 

Para que todos possam ter a oportunidade de ter do seu lado E Se Fosses Tu?, tenho três exemplares da obra a serem sorteados, de forma exclusiva, no Instagram, de 13 a 23 de Julho e nem mais um dia. Como tal, se não quiseres perder esta tripla oportunidade aparece na minha conta da rede social, começa a seguir, caso ainda não o faças, e segue as regras do jogo que estão muito bem explicadas para que nada falhe. 

Lisboa Reykjavík | Yrsa Sigurdardóttir

Quetzal Editores

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Título: Lisboa Reikjavík

Título original: Brakio

Autor: Yrsa Sigurdardóttir

Editora: Quetzal Editores

Edição: 2ª Edição

Lançamento: Janeiro de 2020

Páginas: 448

ISBN: 978-989-722-630-4

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: «Ægir e a família falaram com a Islândia quando o iate estava a deixar o porto em Lisboa, mas nunca mais se soube deles desde então.»

Um iate de luxo abandona o porto de Lisboa tendo como destino Reykjavík, na Islândia. Despedindo-se das temperaturas agradáveis da capital portuguesa, a bordo seguem sete pessoas que enfrentarão o frio mar daquele inverno, a caminho do norte. Porém, daí a alguns dias, quando o barco entra no porto de Reykjavík, ninguém é encontrado a bordo. O que aconteceu à tripulação e à jovem família que seguia nele ao zarpar de Lisboa? O que se teria passado em Lisboa, ou durante a viagem, que possa explicar o desaparecimento?

Este é o cenário do melhor e mais assustador romance escrito até hoje pela rainha do policial nórdico, antes publicado com o título O Silêncio do Mar — um mistério sobre a escuridão do oceano, Lisboa, a família, a fama, negócios obscuros e, como sempre, o mal e a conspiração do ódio.

 

Opinião: Um iate de luxo deixa Lisboa com destino a Reykjavík, levando consigo a tripulação e uma família composta por um casal e duas meninas gémeas. Na cidade da Islândia a embarcação chega sem pessoas, sem corpos e sem pistas sobre o que terá acontecido ao longo da viagem para que as sete pessoas que embarcaram na cidade portuguesa não desembarquem no seu destino.

Numa história contada entre um passado recente, onde se consegue acompanhar a vida no iate para se perceberem os vários passos que vão sendo dados ao longo da viagem e os momentos em que os vários incidentes vão acontecendo, e o presente, onde na cidade o leitor acompanha Thóra, a advogada contratada pelos pais do elemento masculino do casal, numa procura intensa perante todos estes estranhos desaparecimentos. Sete pessoas embarcaram em Lisboa, nenhuma chegou a Reykjavík, chegando o iate vazio numa paragem conturbada e automática ao porto. Tudo vai sendo contado ao mesmo tempo e a verdade é conhecida mesmo no final num mútuo conhecimento entre o que aconteceu no iate e o relatório a ser feito aos familiares que ficaram sem filho, nora e netas. 

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão | Martha Batalha

Porto Editora

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Título: A Vida Invisível de Eurídice Gusmão

Autor: Martha Batalha

Editora: Porto Editora

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Julho de 2016

Páginas: 216

ISBN: 978-972-0-04859-2

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Rio de Janeiro, anos 40.

Quando Guida Gusmão, perdida num amor proibido, desaparece da casa dos pais sem deixar rasto, a irmã Eurídice prometeu ser a filha exemplar, a que nunca faria algo que trouxesse novo desgosto aos pais. E Eurídice torna-se a dona de casa perfeita, casada com Antenor, um bom marido, apesar de tudo, ou apesar do nada em que a vida de Eurídice se tornou.

A vida de Eurídice Gusmão é em muito semelhante à de inúmeras mulheres nascidas no início do século XX e educadas apenas para serem boas esposas. Mulheres como as nossas mães, avós e bisavós, invisíveis em maior ou menor grau, que não puderam protagonizar a sua própria vida.

Capaz de abordar temas como a violência, a marginalização e até a injustiça com humor, perspicácia e ironia, Marta Batalha é acima de tudo uma excelente contadora de histórias que tem como principal compromisso o prazer da leitura.

 

Opinião: Charme, poder e luta interior são três descrições com que posso definir A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, o romance da brasileira Martha Batalha que me conseguiu cativar desde os primeiros contactos com Eurídice, para mais editado em Portugal com o português do Brasil. 

Numa escrita despretensiosa e recheada de momentos de humor ao mesmo tempo que descreve as épocas de 50 e 60 dentro do ambiente familiar, o leitor é convidado a seguir as pisadas desta jovem mulher após o desaparecimento da sua irmã Guida, que procurou a liberdade que os pais não lhe deram. Mais nova e a viver para a casa, Eurídice acabou por acompanhar os pais até ao dia em que decidiu casar, um sonho e quase uma obrigação para com a idade que ia avançando. Era necessário ser mãe, muitos homens disponíveis para casar, a família desejava-lhe uma boa vida, mas a jovem pensava de maneira dispare, embora seguisse os planos para que estava destinada como qualquer cidadã brasileira daquele tempo com uma educação feita a pensar no casamento perfeito. 

Acompanhando os primeiros anos de casamento, como esposa, mãe e dona de casa, Eurídice sentiu estar presa dentro de quatro paredes, sendo a mulher perfeita numa família com um certo poder e com empregada de casa para que patroa e ajudante tivessem tudo pronto para António, o marido que chegado do emprego queria tudo feito e à sua disposição. As vontades de mudar o rumo imposto foram suscitando e o grito de liberdade vai acontecendo quando o leitor é convidado a seguir os atos e opções desta mulher solitária e com vontade de triunfar numa sociedade machista.  

Sob Céus Vermelhos | Karoline Kan

Quetzal Editores

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Título: Sob Céus Vermelhos

Título Original: Under Red Skies

Autor: Karoline Kan

Editora: Quetzal Editores

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Março de 2020

Páginas: 304

ISBN: 978-989-722-465-2

Classificação: 5 em 5

 

Sinopse: Muito na linha de Cisnes Selvagens, de Jung Chang, mas tendo como objeto a China das novas gerações, este é um relato não ficcional e na primeira pessoa, com digressões para o passado (político e familiar) e a observação das múltiplas vertentes sociais e culturais da história moderna da China, em constante mudança. 

Karoline Kan está na vanguarda dessa mudança: nasceu em 1989, como segunda filha - ainda durante a vigência da Política do Filho Único - numa China rural. Chegou ao ensino superior e conquistou a autonomia económica sem ter de se casar e fazendo o trabalho que escolheu: escrever para revistas e jornais de prestígio internacional. As grandes referências de Karoline Kan são Jung Chang, Xinran e Xiaolu Guo - todas elas autoras publicadas pela Quetzal.

 

Opinião: Sob Céus Vermelhos é um retrato de uma jovem millennial perante a vida familiar das últimas gerações. Nascida na época do 04 de Junho, o massacre da Praça Tienanmen, e passando parte da sua infância em duas pequenas vilas até que conseguiu uma mudança para a cidade e posteriormente para Pequim, onde atingiu a sua liberdade com a entrada para a universidade. Num grande testemunho sobre a política e cultura chinesas ao longo de gerações, com todas as alterações comportamentais que se foram sucedendo. Nesta narrativa o leitor é convidado a fazer uma viagem real e intimista pela história familiar de Karoline Kan, o nome que Chaoqun adotou, enquanto viaja pelos costumes ocidentais.

Logo de início senti grande empatia com o modo como tudo é relatado. As várias questões que se foram levantando ao longo dos tempos são mencionadas nesta narrativa de forma crítica, como é o caso da política do filho único, perante a qual Chaoqun passou por ser a segunda filha do casal, para mais menina, tendo sido paga uma coima após o seu nascimento e sempre ser considerada como uma "criança negra", por não ser bem-vinda. Os abortos na segunda gravidez quando já existia um menino eram obrigatórios e tudo era vigiado através de um sistema de planeamento familiar. Com dois filhos, e sendo o mais novo uma menina, a família ficava mal vista perante a sociedade, ajudando na decisão deste núcleo a mudar-se da vila para a cidade com as perspetivas também de uma mudança económica. Chegados à cidade era considerados migrantes com vários pontos de marginalização, existindo uma grande discriminação na altura entre quem sempre viveu na cidade e quem surgia das aldeias na busca de novos lugares e empregos. 

Neste retrato social de décadas existe espaço para muitos outros temas, tal como a religião proibida porque a lei do governo é a base. A morte em que um dos pares falecendo ficar em cinzas em espera que o seu cônjuge parta para voltarem a estar juntos. O envio de dinheiro como forma de ajuda entre familiares, mesmo que distantes para a ajuda das cerimónias fúnebres. Estes são alguns dos destaques deste livro de outros tempos. Já no presente o interesse continua pelo mesmo patamar por existir o debate entre a internacionalização, os empregos, a língua e os relacionamentos intercontinentais e também geracionais.