Título: O Olhar que me Persegue
Título original: Terapeuten
Autor: Helene Flood
Editora: D. Quixote
Edição: 1ª Edição
Lançamento: Agosto de 2020
Páginas: 368
ISBN: 978-972-20-7058-4
Classificação: 3 em 5
Sinopse: O Olhar que me Persegue combina um ambiente francamente contemporâneo e realista com um suspense assustador e uma visão perturbadora sobre as nossas mais recônditas facetas, tanto na vida familiar como nos relacionamentos. Um thriller arrepiante que disseca a relação de um jovem casal, em que as emoções têm o papel principal.
Nomeado para o Norwegian Bookseller’s Prize em 2019, O Olhar que me Persegue é o primeiro de três thrillers psicológicos de Helene Flood, todos com protagonistas femininas, e tendo por cenário a cidade de Oslo. Numa abordagem totalmente diferente da dos seus congéneres nórdicos, mas igualmente brilhante, a jovem autora demonstra grande talento para gerir tanto o enredo como a qualidade da escrita.
Opinião: Uma obra nomeada, bem comentada internacionalmente como uma maravilha entre os melhores thrillers do ano perante uma estreia impressionante da sua autora e quando vou a meio da leitura percebo que todo o entusiasmo e boas expetativas que foram sendo criadas acabam simplesmente por revelar mais do mesmo.
Logo conhecemos Sara, uma jovem psicóloga casada com Sigurd, num casamento sem filhos, com alguns problemas conjugais pelo caminho mas numa luta para se definirem, estabelecerem e ganharem condições para formarem uma verdadeira família a pensarem no futuro. Trabalhando e recebendo os seus clientes num espaço anexo em casa, Sara tem os seus pacientes fixos, cada qual com os seus problemas e desabafos, enquanto que Sigurd estuda e mais tarde cria o seu próprio projeto ligado à arquitectura. Tudo decorre dentro do quase normal quando o desaparecimento de Sigurd acontece. Numa manhã sai para se encontrar com os amigos mais próximos para uns dias entre amigos e não mais aparece. Desaparecido e sem deixar rasto, Sara dá o alerta pelo seu desaparecimento e a partir desse momento a investigação acontece.
Investigação no terreno, fingidas amizades por perto para um possível apoio enquanto se tenta perceber o que aconteceu, sócios a saberem partes do processo mas a fingirem ignorância, uma esposa preocupada mas a manter dentro do possível as suas rotinas profissionais, e todo o processo a ser descodificado por parte de um investigador pouco acessível e bastante desconfiado. Controlo, entrevistas, conversas paralelas e paragens no tempo são vários dos pontos que este thriller demonstra entre uma esposa meio ausente em todo o processo para um marido desaparecido em que a única preocupação parece ser a sua própria segurança, mostrando um individualismo como parte de um casal algo arrogante e disciplinado, provando a falta de união entre dois jovens casados que o são somente por habituação.
Um caso investigado, levando o leitor a identificar vários suspeitos ao longo de cada capítulo quando no final tudo muda e a real verdade fica perceptível mas sem ser revelada para que o 《quem matou》 seja devidamente incriminado e julgado. Posso dizer que fiquei surpreso por não sentir ao longo da leitura qualquer ponto que pudesse unir o assassino com todo um crime que levou à morte de um homem por motivos amorosos.