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O Informador

Inferno

Inferno 2Inferno, o mais recente livro de Dan Brown, poderia ser uma grande obra e embora esteja bem equilibrado entre os anteriores sucessos do autor que continham boas histórias que transmitiam novidade e um bom encadeamento, desta vez tudo acontece de forma forçada e para render mais uns bons milhares de euros. Um Inferno bem embrulhado entre todos os anteriores livros do autor, mas sem necessidade de existir.

Com base na Divina Comédia de Dante Alighieri, Dan Brown quis colocar a sua criação de nome Robert Langdon em busca de um misterioso vírus que poderia estar prestes a invadir a sociedade com a finalidade de fazer com que a população do planeta diminuísse. Uma corrida desenfreada, sem tempo para comer e dormir, como tão bem acontece em todos os livros do autor que se esquece que as suas personagens são humanas e também necessitam dos bens básicos para a sobrevivência poder existir, a ideia base está lá, mas depois todo o seu encadeamento acaba por desmoronar o que poderia acontecer de forma perfeita.

Desde o acordar envolvido num tiroteio e logo começar a fugir de uma pessoa que não sabe quem é, passando por todas as personagens que se cruzam com o grande Robert, chegou a um ponto deste Inferno que dei por mim a pensar, querem ver que com tantas trocas e baldrocas entre os bons e os maus, desta vez o velho herói que se quer fazer passar também por galã não está do lado da salvação do mundo mas sim a correr para que o fim aconteça?

Uma coisa é seguir uma linha em que se perceba que tudo vai encadeado e sempre com peripécias a acontecerem pelo caminho, outra diferente é fazer da história um saltitar entre as personagens que andam entre o bem e o mal ao longo da maior parte desta obra, fazendo disso o livro. Para mim, o facto de existir um motivo para preocupação e sentindo que isso se teria que procurar poderia fazer todo o sentido se ao longo do que é contado as personagens se cruzassem com outras e se vissem envolvidas num carrossel de emoções que as levavam sempre a recuar nas suas buscas. Agora encontrar talvez umas dez pessoas e não saber afinal do que andam à procura porque tão depressa correm ao lado do protagonista como já o tentam matar não faz sentido. Passar o livro com estas patetices do «este é bom ou mau?» é um autêntico inferno literário.

Os destaques positivos deste novo sucesso sem glória de Dan Brown voltam a ser, tal como em todos os seus livros, os locais pelos quais as personagens passam, mostrando ao leitor mais atento a história de cada cidade, mais concretamente de Florença. Também o facto de colocar o dedo no futuro da ciência e da humanidade é um ponto forte que marca a leitura por deixar no pensamento a ideia, que é uma chamada de atenção a todos nós, humanos, que vivemos numa sociedade cada vez mais exigente e num planeta a ficar com uma média populacional acima do ideal para uma boa harmonia entre as necessidades, as existências e as consequências.

De resto poderá dizer-se que foi aqui criada uma nova novela para fazer render o peixe literário que é Dan Brown. Um pouco mais de tempo para esta criação deveria ser precioso para ter saído daqui um Inferno bem melhor, fazendo assim louvar a magnitude da Divina Comédia de Dante. Fica para a próxima!

Sinopse:

Inferno marca o regresso de Robert Langdon, o famoso simbologista de Harvard que protagonizou O Código Da Vinci, Anjos e Demónios e O Símbolo Perdido. Este novo romance é passado em Itália e tem ecos do clássico da literatura A Divina Comédia, de Dante Alighieri, a que vai buscar o título de uma das partes, o Inferno.

Dan Brown confessa que embora tenha estudado o Inferno de Dante, apenas recentemente, enquanto pesquisava em Florença, se deu conta do peso da influência do poeta florentino no mundo moderno: «com este novo romance, quero levar os leitores a mergulharem numa viagem neste mundo misterioso… Uma paisagem de códigos, símbolos e muitas passagens secretas».