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O Informador

As compras andam loucas

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O que se anda a passar com os portugueses para andarem a invadir lojas e centros comerciais nas últimas semanas como se não existisse o amanhã? Sei que estivemos confinados três meses, mas existe assim tanta necessidade de se gastar o dinheiro que se foi amealhando e que estava destinado a roupa, acessórios e bens de segunda necessidade como se tudo estivesse prestes a fechar de novo?

A sociedade anda louca por compras e os meses de pausa parecem ter feito com que a população agora tenha vontade de ver, comprar e ficar em filas atrás de filas porque querem gastar o seu dinheiro, precisam de uns trapinhos novos e há que estar mais na moda que o vizinho do lado. Pessoas, revejam os vossos horários de consumismo, tentando não invadir espaços comerciais ao fim-de-semana quando todos os outros também o fazem, para mais com estes horários ainda reduzidos em que as filas existem pela lotação das lojas ser lei e porque nem sempre com toda a confusão os empregados das diversas áreas lojistas estão disponíveis com total força para aguentarem filas, comentários desagradáveis de quem se cansa de esperar, acabando também esses mesmos empregados por acusar cansaço devido a toda a confusão com que o comércio está a viver neste momento, principalmente ao fim-de-semana.

"Esplanar"

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Os postigos ganharam valor em Portugal quando entramos em confinamento e percebemos que cafés, restaurantes e alguns outros negócios de rua conseguiram manter-se num suposto ativo com uma mesa na entrada onde serviam os seus clientes. Meses passaram, os postigos chegaram mesmo a fechar, mais tarde tudo voltou a abrir, muitos nunca deixaram de usar o postigo e agora a famosa barreira de entrada que serviu de janela de serviço entre comerciante e cliente pode existir na mesma por precaução, no entanto viu as esplanadas ganharem de novo espaço pelos passeios, calçadas, quintais e ruas de Portugal.

A 05 de Abril de 2021 a palavra "esplanar" ganhou destaque nas conversas e redes sociais porque muitos quiseram voltar a tomar café, refresco e seja o que for ao ar livre, o pior é que como previsto pela maioria, não me parece que este primeiro dia com possibilidade de frequentar esplanadas tenho sido um bom exemplo para o que está para vir nas próximas semanas. Vi, e ninguém me contou, esplanadas com mesas próximas entre si, com quatro cadeiras, mas com mais que quatro pessoas em torno da mesma mesa. Vi também uma esplanada com somente quatro mesas mas com mais de trinta pessoas praticamente em grupo a consumirem, num tira e não põe a máscara porque a seguir vão levar a imperial à boca. 

Não existe noção do que acabámos de passar por mais três meses em confinamento e com esta franja da sociedade com tanta pressa de "esplanar" não vamos chegar a lado algum de forma positiva pelos próximos meses. Será que não existe raciocínio para não se ter de ir no primeiro dia, como se tudo terminasse amanhã, sentar nas esplanadas, em plena comunidade de amigos e conhecidos para que um assintomático volte a ajudar a levantar os números de novos infetados? 

Compras após desconfinamento

Centro comercial colombo

Sei que a maioria de todos nós se encontra em ponto de rebuçado e mais que preparados para gastar as poucas poupanças que se conseguiram amealhar em tempos de confinamento. Já estou a prever que daqui a umas semanas, quando todo o comércio abrir portas, as filas vão surgir, os desastres sociais acontecerão, a impaciência existirá e será assim que os mil e um cuidados devem surgir para que este regresso não corra mal.

Não fiquem desesperados para gastarem dinheiro que vos pode fazer falta mais tarde. Sei que podem e sentem necessidade de uma calças novas, aqueles sapatos lindos que saíram na nova coleção, a mala cheia de brilhos e os novos óculos de sol retangulares que vão estar em voga nesta Primeira/Verão, mas acalmem-se porque os stocks não devem esgotar nos primeiros dias e tentem não causar o caos no país que está a desconfinar e que terá de libertar toda a sua população de forma contida e bem organizada. 

 

 

Não sejamos ingénuos...

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A quarentena quase obrigatória invadiu Portugal em Março para ficar por uns meses e muitas vozes se levantaram com a esperança de uma mudança social, para melhor, por tudo o que estávamos a passar. Agora, com o retomar da vida com a nova normalidade percebemos que continuamos a ser ingénuos por acreditar numa mudança social que na generalidade não aconteceu. 

Claro que nada mudou para melhor, talvez até bem pelo contrário. Neste tempo de confinamento o que se ganhou bastante foi uma individualidade egoísta, um afastamento recheado de insensibilidade e aquela indisponibilidade para com os outros com a desculpa que agora não nos podemos encontrar, como tal cada um tem que se desenrascar sozinho e à sua maneira individual. 

Desconfinamento a mais...

Imagem retirada do portal da Renascença

 

O dia 03 de Maio representou o início do desconfinamento em Portugal após o estado de emergência, passando o país a viver perante o estado de calamidade que pelo nome parece mais grave que o primeiro mas não é. As portas de lojas de rua de pequenas dimensões começaram a abrir, centros de saúde e hospitalares reiniciaram consultas adiadas, transportes públicos voltaram a ser pagos e «Portugal e o Mundo» parece ter ressuscitado de um estado inanimado e muitos dos peões resolveram sair à rua para recomeçarem a fazer as suas vidas sem qualquer noção que esta suposta liberdade tem muitos apontamentos pelo meio e os cuidados pedidos em situação de emergência têm de ser mantidos pela calamidade. O pior é que a maioria parece não ter percebido essa parte!

Vamos ao supermercado e as pessoas não respeitam o espaço físico por quem está em espera. Passamos perto de um café que estava fechado e somente servia os seus produtos através de um pequeno espaço na porta e os clientes já se encontram em grupo encostados ao balcão, hospitais com auxiliares em pânico a tentarem controlar utentes e as ruas começam a encher, com conversas entre vizinhos que já não se viam durante semanas e que agora afiam a língua bem de perto uns dos outros, como se não conseguissem falar das novidades com algum afastamento. 

Para muitos este desconfinamento tem sido levado como um touro a sair da jaula para o trágico e que muitos veneram espetáculo das arenas. Pessoas, tenham calma e mantenham o cuidado. Podemos voltar ao nosso novo normal mas com mil e uma restrições e sem a liberdade de outros tempos. Sair de casa após tantas semanas de quarentena não é sinónimo de andar a festejar aos abraços, procurando o colo dos desconhecidos nos supermercados e brindando com uma chávena de café nos estabelecimentos mais perto de casa.