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O Informador

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Primeiro dia de confinamento a meio gás em Portugal continental e eu, que fui para o último dia de trabalho antes de entrar de lay-off, constatei pelas estradas e por passar pelo interior de localidades na deslocação casa/trabalho e trabalho/casa e também pelas imagens que fui vendo ao longo do dia, tanto nas redes sociais como na televisão, que de confinamento pouco existiu nesta Sexta-feira, 15 de Janeiro de 2021.

Alunos nas escolas, com pais a deslocarem-se para deixarem os filhos nos institutos de ensino e mais tarde os voltarem a levar para casa ou transportes públicos cheios com jovens que se deslocam assim para as aulas. Supermercados, farmácias, clínicas, veterinários, igrejas, bancos, oculistas, dentistas, talhos, peixarias, papelarias, padarias e outros tantos serviços abertos como se nada se estivesse a passar. Restaurantes em take-way, cafés e pastelarias a servirem o que os clientes pretendem junto a portas e janelas, esplanadas como que montadas só porque ainda não existiu tempo de serem retiradas, e muitos incumprimentos logo na partida para esta jornada. Encontros em grupo nas esquinas e jardins, pais que esperam na conversa junto dos carros que os filhos saiam da escola, crianças que saem dos autocarros e que de imediato retiram as máscaras. Ou seja, confinamos em termos laborais mas ao que parece existe tanto para se fazer lá fora que a vontade é mesmo a de sair e arranjar uma das várias desculpas possíveis para se poder circular na via pública.

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O problema com os dentes do siso sempre pairaram na minha mente como causando fortes dores quando as primeiras picadas surgem e também a ideia que ao tirar provocava mal estar e era sempre complicado. A minha primeira experiência, aos trinta e um anos de idade, ao tirar um dente do siso, o primeiro a saltar, quebrou todas as ideias que a sociedade me foi concedendo ao longo dos anos. 

Sim, tive dores enquanto não fui ao dentista. Sim, tive um fim-de-semana inteiro com essas mesmas dores, mas tudo suportável, já tendo tido verdadeiras dores de dentes complicadas de aguentar. Marquei dentista, sentei-me na cadeira, expliquei o que se passava e posso dizer que acredito que nem cinco minutos estive sentado a resolver a situação. Anestesia em três pontos na zona, os acessórios próprios a tocarem no dente, a questão sobre se está a doer e em menos de nada senti o dente a saltar do seu lugar de sempre. Não custou nada. Certo é que foi rápido, a dor que se gerou durante dias desapareceu num ápice e tudo ficou resolvido com uma compressa por uns minutos e os cuidados com a comida durante as horas seguintes. O pior veio quando o efeito da anestesia passou. É que ao longo de dois dias senti as mesmas dores como se o dente ainda lá estivesse a provocar. Medicação para as dores, gel próprio para a boca, bochecho com líquidos adequados e nada. Até que tive de voltar ao consultório e com uma pasta com medicação foi nuns breves segundos que tudo ficou adormecido para acalmar estas dores dos primeiros dias sem o siso. 

Acordo, um dia frio, mas que era melhor que o habitual porque sabia que estava de folga e não tinha que andar à pressa. Levanto-me e despacho-me para sair, tomar café e ir cortar o cabelo. Chego ao café, começo a ler os últimos capítulos de A Mão do Diabo e a comer o meu folhado acompanhado pelo cafézinho. Passado um pouco, ainda a comer, começo a ouvir a conversa indesejada de uma manhã de descanso e muito menos quando se está a comer. Na mesa atrás fala-se de idas ao dentista e o que se fez por lá. Três senhoras, sem mais nada para fazer e talvez de que falar, estavam a ter a conversa proibida logo de manhã e para quem está bem disposto.

As senhoras, amigas umas das outras, falavam logo nas primeiras horas da manhã de várias idas ao dentista, onde arrancaram dentes, umas custou mais que outras. Soube até que uma delas teve duas horas para lhe ser tirado um dente, tendo tido dores horríveis. Eu a comer e a pensar... «Mas elas têm mesmo que estar a ter esta conversa aqui, em alto e bom som, para todos ouvirem?».

Existem assuntos que podem ser normais serem falados, mas logo de manhã, num local onde se pode estar agradavelmente, ter de ouvir a conversa dos outros e sobre assuntos de que ninguém gosta de ouvir histórias, porque são sempre piores que as vividas pelos próprios.

O que aconteceu depois? Despachei-me para me ir embora... Não é que quando me levantei, as senhoras resolveram que também já estava despachadas e tinham conversado tudo? Haja paciência!

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