Degredo tauromáquico
Na tarde de Sábado e pelo café da aldeia em pleno Alentejo assiste-se à repetição da tourada que foi transmitida no serão de Sexta-feira pela RTP1. Não gosto mas enquanto estava de jornal na mão e telemóvel ligado pelas redes sociais, lá fui ouvindo o que estava a passar no pequeno ecrã e os comentadores que enchiam a sala sobre o que se iria passar a seguir...
O touro ia contra o cavalo que caia contra as tronqueiras e o cavaleiro saltava em segurança para onde o touro geralmente não chega. Eis que o momento que todos aqueles telespectadores alentejanos esperavam acontece, com direito a repetição atrás de repetição. O cavalo de Gilberto Filipe, o cavaleiro desconhecido para a minha pessoa, torce por completo o pescoço contra as tábuas, enquanto o touro lhe dá voltas e voltas até há chegada do pessoal entendedor no assunto que fizeram com que a besta soltasse o animal indefeso.
Confesso que talvez esteja mais sensível e naquele momento em que aquelas cenas foram vistas só me apetecia chorar com pena de um animal, o cavalo, que tal como o touro, não tem culpa da estupidez dos humanos que os obrigam a entrar num espectáculo cada vez mais fora de época e desnecessário culturalmente.
Se tenho pena dos homens que se magoam numa corrida de touros? Nenhuma! Colocam-se na posição que querem e de livre vontade, não lhes sendo apontadas farpas e ferros para que cumpram obrigatoriamente as suas funções. Aleijem-se com vontade meus senhores que não me faz qualquer diferença porque são livres de fazerem o que querem, não arrastem é os animais que não têm culpa alguma das ideias absurdas dos humanos convosco.