O polémico SuperNanny
Mais um ano e mais uma fornada de doze meses em que a SIC revela sonhar com a liderança diária, semanal, mensal e anual que há mais de uma década não consegue alcançar. Agora e depois de inúmeras apostas furadas pelos vários horários da programação, eis que a direção decide apostar num formato que não se encaixa com o restante conteúdo que apresenta, optando por acreditar que é com a polémica que conquista o seu público, não percebendo a famosa direção sonhadora que os seus espetadores não são de todo os mesmos da TVI. Mas falemos do aparente sucesso de SuperNanny, o programa que desde que estreou tem estado envolto em polémica.
Primeiro, convém dizer que este é daqueles formatos que em nada se enquadram no que os responsáveis da SIC têm afirmado ao longo do tempo como boa oferta a quem está em casa. Segundo, o que terá passado pela cabeça de quem reuniu e escolheu este formato para adaptar em Portugal? Expor crianças, com a permissão dos pais é a necessidade dos nossos dias a favor das audiências? Os protagonistas de cada episódio não são fáceis mas esse é o problema a ser resolvido longe das câmaras e de milhões de espetadores que tenham contacto com o formato. É certo que em termos audiométricos este formato é apelativo e entendo quem o comprou para tentar subir os maus valores do canal, mas por muito que se tenha falado, o programa nem tem conseguido valores por aí além, estando acima do que a SIC faz geralmente, mas abaixo dos sucessos da concorrência, o que mostra que não vale a pena infringir regras e recorrer aos problemas educativos de crianças para alcançar o sucesso.
O formato é polémico sim, mas valerá a pena criar problemas em tribunal e com várias entidades em troca de uns minutos de ligeira liderança pela curiosidade e não pela qualidade do produto em si? Assim que o formato estreou as reações partilhadas pelas redes sociais logo se fizeram sentir contra a aposta do canal que logo reagiu a defender o seu programa. Na verdade com tanta forma para ajudarem a educar através de boas apostas pedagógicas em variadíssimos conteúdos de sucesso internacional e a opção foi a pior e das mais polémica que podiam ter escolhido.
Mais recentemente, surgiu a ideia miraculosa de um debate conduzido por Conceição Lino com base em SuperNanny e só pensei quando passei uns minutos a perceber quem ficaria a perder... A SIC! Um canal que tem psicólogos e sociedade em geral a criticar um programa que expõem a privacidade das crianças que são analisadas em momentos de tensão e stress e ainda convida representantes de várias entidades com responsabilidade social a comentarem o tema, enfrentando Júlia Pinheiro enquanto diretora de conteúdos do canal. Seria mais que óbvio que a apresentadora do Queridas Manhãs ficaria a perder com este debate, tal como a SIC que o criou para levar nas orelhas de forma direta, sem cortes e perante o país. O que vi no debate foi uma Júlia a defender a sua casa, uma Conceição Lino que por momentos mostrou não concordar com a estratégia de apostarem em SuperNanny e psicólogas e responsáveis institucionais a dizerem o que bem quiseram onde a critica negativa esteve praticamente sempre em cima da mesa.
Estaria a SIC a pensar que um debate sobre a sua aposta revelaria ser a melhor estratégia para limpar a imagem do programa que pretendem valorizar como sendo um produto de responsabilidade social, educativo e de bom entretenimento? O que acabaram por mostrar no dito debate foi que as criticas que se podem ler e ouvir nos últimos dias fazem todo o sentido e ganham dimensão quando quem percebe do assunto o afirma e quer avançar com processos perante o tribunal.