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O Informador

Insensível, eu? Nãooooooo!

Serei assim tão insensível para não conseguir ter pena ou ficar perplexo com as histórias de vida que os novos colegas de trabalho contam logo nas primeiras conversas que vão tendo?

Podem-me acusar de ser frio e trapel a sete, mas conforme os anos passam menos consigo encontrar verdades nas pessoas que vou conhecendo por obrigação laboral durante uns meses. Como o passado já revelou mentiras atrás de mentiras de vidas que muitas vezes nem existiam na proximidade da realidade, nos dias que correm estou sempre com um pé atrás com o que vão desfiando com os primeiros impactos sem quase lhes ser perguntado nada. 

Sim amigos, eu não quero que me contem a vossa vida porque não vos irei pagar contas, alterar o passado ou melhorar o que poderá ter sido o vosso sofrimento. Ouço, vou proferindo aquelas palavras de bom ouvinte como o «sim», «pois», «isso é chato» e a narrativa prossegue talvez para me conseguirem emocionar ao estilo dos entrevistadores dos programas de conversa que levam os seus convidados ao choro. 

Velhas amizades escolares

Os amigos de infância ficaram pelo caminho na minha vida! Etapa a etapa fui desprendendo laços escolares e hoje quando passo por quem se sentou ao meu lado pelos primeiros anos de escola cumprimentamos-nos com uns simples «bom dia» ou «boa tarde» e «está tudo bem?», nada mais. Seria necessário para bem de qualquer felicidade permanecer pelas vidas uns dos outros?

Cada qual seguiu o seu caminho, pelo que percebo não existem ligações entre os sete ou oito que frequentávamos o mesmo ano escolar na escola da aldeia na altura. Uma pequena civilização, menos de uma dezena de crianças que assim que entraram na fase do ensino preparatório começaram a abrir os seus horizontes e nunca mais olharam para trás, para os que foram ficando pelo caminho sem qualquer pena.

O que será feito da vida de cada qual? Só nos cruzamos, mal falamos e não existe qualquer sentimento de culpa pelo abandono, pelo menos deste lado, para com os antigos parceiros de turma. Todos mudamos, todos conhecemos novos companheiros que optamos por ter connosco por serem talvez o bem de que sempre procuramos ao longo de uma vida. Substituições, ao fim e ao cabo foi isso que aconteceu naquele tempo, fomos substituído uns e outros e hoje não passamos de antigos colegas de escola, que brincamos tantas horas juntos e onde nos dias que correm passamos uns pelos outros com simples acenos de mão que simbolizam que existiu algo entre nós, algo que marcou um passado que todos recordamos como positivo mas que foi ficando, sem mágoas e com glórias triunfais.

Poeira para os olhos

«- O "Inácio" ontem disse-me uma coisa que tem razão!

- Então?

- Este meu jeito de falar com as pessoas por vezes pode ser mal interpretado.

- Pois, só quem te conhece é que sabe que não é com outras intenções!

- Foi isso que ele disse, mas que quem está por fora pode interpretar de outro modo.

- É capaz!»

 

A dona a tentar tapar os olhos do conhecido com poeira e o conhecido a disfarçar por saber bem a pessoa que está do outro lado! O "Inácio" só não sabe o que tem em casa se for cego, coitadooooo!

Falar pelas costas

Quando a empregada de um café comenta maldosamente a vida de um cliente, de colegas ou dos patrões, enquanto atende alguém não é bonito, para mais quando tece tais comentários com pessoas a ouvirem, esquecendo-se que não se encontra sozinha, num canto ou numa mesa mais sorrateira do estabelecimento.

Perceber que se comentam vidas de pessoas que acabaram de sair de um lugar e que por vezes podem ser conhecidas de quem ouve porque está no local onde as pessoas deviam estar a trabalhar e deixar a conversa fiada de lado é mau. Os funcionários de milhares de estabelecimentos esquecem-se que quando falam de um cliente à frente de outro correm o risco de logo de seguida a pessoa que as está a ouvir por obrigação pensar que quando deixa o balcão vai sofrer algumas dentadas do género das proferidas sobre os outros anteriormente.

Ser atendido, perceber que são feitos comentários e algumas caretas sobre quem estava à nossa frente e depois sair com o pensamento que seremos os próximos a sofrer na língua daquela pessoa é uma situação que me leva a pensar se voltarei em breve ao local ou se o dispenso e procuro outro sítio para beber café!

Mal estar invejoso!

Já sabia que assim que se soubesse que iria assumir novas funções no trabalho que o mau ambiente iria aparecer logo pelos primeiros dias, sem qualquer disfarce e com as caras sisudas em confronto para com a minha passagem. Se isso me incomoda? Claro que sim! Mas também já esperava tais comportamentos, simplesmente preferia que tudo acontecesse de forma pacífica sem perceber que existem tantos comentários por trás e que o mau ambiente está ao meu redor!

Agora só tenho que me dedicar à aprendizagem, empenhar-me na minha nova função e ultrapassar o que os outros pensam e criticam, não modificando o meu comportamento com as pessoas mas estando sempre atento porque o machado pode aparecer de qualquer lado, para mais nestes primeiros dias em que percebo que a maioria torce para que tudo corra mal.

Se estivesse no lugar deles também estaria muito provavelmente indisposto com a subida de alguém. Mas o que posso fazer? Fui o escolhido, sempre mostrei que merecia tal prémio e agora que estou na fase de aprendizagem para o mesmo não o iria recusar.

Tenho pena que tudo não esteja a acontecer com um bom ambiente e ajuda, mas quando a inveja e mal estar para com os outros entram em acção nunca as coisas conseguem correr plenamente bem!

Trabalhar com amigos

Em Outubro faz oito anos em que entrei para o meu primeiro emprego, hoje ainda continuo na mesma empresa e de uma coisa tenho a certeza... Vou sempre fazer de tudo para não ter que trabalhar naquele local com amigos e familiares!

Podem-me chamar de egoísta ou o que quiserem, mas conheço-me e sei que não sou uma pessoa fácil, não querendo estragar o que tenho de bom fora do local de trabalho por alguma quezília ou palavra mal dada dentro das horas laborais. Gosto de ter tudo no sítio, concentrar-me no que tenho para fazer e tenho conseguido manter a distância entre amizade e colegas de trabalho, não tendo dado espaço a ninguém ao longo deste tempo para passar a fronteira, evitando estar com as pessoas de quem gosto mas com quem trabalho fora do local onde somos obrigados a lidar dia após dia. Não defendo que para existir um bom ambiente no trabalho se tenha que ser amigo e por aí fora porque tenho feito sempre o contrário, dando-me com todos e sem ter que os ver fora daquele lugar. Colegas de trabalho é uma coisa, amizade é outra!

Neste outro campo existe a questão de quando me perguntam se conheço alguém para entrar na equipa e afins, continuando sem perceber qual a razão de me interrogarem sobre tal tema quando já sabem que não quero lá colocar ninguém por ter limites definidos e não querer testar a junção entre os meus familiares e amigos e o meu trabalho. Uma coisa seria trabalhar na mesma empresa mas em locais diferentes, aí e mesmo que tivéssemos de falar de vez em quando enquanto colegas as coisas seriam diferentes, agora estar no mesmo local com pessoas que já conheço de fora e de quem gosto, não dá!

Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque, não é assim? Os meus colegas de trabalho são os meus colegas de trabalho e as pessoas de quem gosto estão por outros campos, não existindo junção possível, desde que a possa evitar.

Jantar de Natal... Não, Obrigado!

Já o ano passado avisei que não contassem comigo para o jantar de Natal da empresa e este ano já o voltei a fazer para que não me voltem a chatear sobre o assunto porque nem quero saber quem come, se comem ou se deixam de comer!

Não estou interessado na integração num possível jantar de Natal da empresa porque neste momento vejo tudo de pernas para o ar, com cada um a puxar para o seu lado, com palavras ditas e pensadas e sem necessidade alguma de se criarem confrontos desnecessários. Sinto-me no meio de uma batedeira que roda e roda e torna a dar frutos podres que aparecem no meu dia-a-dia. Começo a perceber que é um sacrifício diário ter de conviver num mau ambiente onde não me quero encaixar e que só me faz pensar em como as pessoas são más umas para as outras!

Quem quiser que se junte e finja uma bela amizade laboral porque eu não entro no filme para ficar bem na fotografia que andam a pintar de várias cores e onde os burrões aparecerem!