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O Informador

Homens de cabelo descuidado

Cortei o cabelo! Não estava assim tão grande que não desse para aguentar com espuma ou gel, mas preferi cortar, principalmente de lado! Enquanto estava sentado na cadeira do salão com a senhora a meter a arte que aprendeu em prática pela minha cabeça, uma outra cliente viu dois moços de cabelo comprido a passarem e rapidamente soltou o que talvez todos pensamos e não dissemos...

«Podem ter o cabelo comprido mas tratado!»

Tão verdade minha gente! Existem muitas mulheres que também não têm cuidado com os seus cabelos, principalmente quando são compridos, agora os homens que gostam de ter o cabelo maior pelo menos que o cuidem e não o deixem secar como acontece na maioria dos casos! Será que têm na ideia que amaciadores e condicionantes são «coisas de gaja»?

Um corte «possível»

Fui cortar o cabelo no sítio do costume, entrei, comecei logo a ser atendido e a cabeleireira perguntou-me como queria o corte. Expliquei como habitualmente cortava e acrescentei o que queria fazer agora, deixar mais curto de lado e comprido em cima. O que a moça me disse é que foi algo que qualquer uma me dizia, não fosse uma boa vendedora dos seus serviços, «sim, isso é possível». Oh amiga, claro que tudo é possível, o que queria saber era se tinhas alguma dica para dar e sugestão, não que seria «possível» fazer o corte que queria. Estando a pagar tudo seria «possível» fazer com o meu cabelo.

No final a mudança não ficou bem como queria, não se notando até muito que alterei ligeiramente o que tem sido rotina quando me dirijo ao salão para largar umas gramas de cabelo para o chão do local. Será que a cabeleireira, com todos os truques bem conhecidos das mesmas, não percebeu a minha explicação que seria «possível» ser feita?

Pensei que estava a ser apanhado

Uma ida ao cabeleireiro poderia ser motivo para protagonizar uma cena de apanhados daqueles que passam pelos nossos canais televisivos ou não? Pois, por momentos pensei que estava a entrar nuns minutos da caixinha mágica quando me sentei na cadeira da senhora que me cortou o cabelo.

Primeiro começou logo por quase me arrancar a cabeça com a lavagem que me fez... Esfregou! Esfregou! E esfregou! A tal ponto de ter pensado que estava mesmo com o cabelo muito sujo porque tanta esfrega não é normal... Com alguns cabelos a menos passei para a frente do espelho e aí foram acontecendo várias peripécias!

Primeiro a senhora colocou tudo pronto, perguntou-me como queria que cortasse e eis que me disse que tinha de fazer uma chamada. Lá foi ela para um canto ligar para algum apressado que estaria do outro lado da linha. O regresso aconteceu mas por pouco tempo, é que uma nova lembrança apareceu e lá fiquei de novo quietinho porque a senhora foi escrever alguma coisa num caderno de capa preta, daqueles que são pedidos pelos professores primários aquando a entrada para a escola. Não, ainda não acabou... Começou finalmente a ganhar ritmo para o corte quando... A máquina com que me estava a aparar o cabelo avariou!

Isto só podia ser uma cena de apanhados não? Para mais com tanta lentidão que a senhora teve para me cortar o cabelo... Quase uma hora para uma coisa que se faz nuns vinte minutos!

Caretas não me faltaram de frente para o espelho e quando me lembrei que talvez aquilo fosse para um programa de apanhados olhei para todo o lado de forma discreta e tentei controlar a minha expressão, mas rapidamente vi que não se tratava de algo encenado e que a senhora que falava de modo quase silencioso é mesmo atrapalhada.

Poderia estar a ser apanhado mas a apanhada neste caso é mesmo aquela cabeleireira... Coitaaaaaaaaaada!

Patrão aproveitador

O país está em crise e existe muita falta de emprego, contudo existem patrões que acham que podem abusar das pessoas só porque o país se encontra numa má situação.

Fui cortar o cabelo num centro comercial aqui perto e quando entrei percebi que a empregada que depois me atendeu estava a informar o patrão por telefone que se ia despedir. Ao longo do meu atendimento fomos falando e depois toquei no assunto porque gosto do trabalho daquela funcionária e se ela vai embora também começo a procurar outro espaço para cortar o meu cabelo. 

Conversamos e foi quando ela me disse para onde ia a convite dos próximos patrões e onde me contou o que se passa no espaço onde ainda trabalha. Durante três anos diz não ter gozado períodos de férias e que por semana só tem um dia de folga e mesmo isso nem sempre acontece porque lhe pedem para trabalhar mesmo nos dias de descanso. Foram três anos sem pausas prolongadas e onde pelas palavras da própria também a vida pessoal ficou prejudicada. Agora teve um convite e vai aproveitar para se livrar de horários loucos e de patrões bem exigentes e que fazem das pessoas escravas.

Estamos no século XXI e em Portugal! Vivemos num país que está mal com milhares de pessoas desempregadas, mas não é por isso que quem emprega pode achar que os outros se têm que submeter ao que querem e bem entendem. Já tinha percebido por outra funcionária daquele espaço que as coisas por ali não eram fáceis e que por isso também essa acabou por sair. Agora soube da história de mais uma e não voltarei tão cedo aquele local, ainda para mais porque sei para onde esta que me revelou a sua história vai trabalhar!

As pessoas sujeitam-se durante algum tempo a estas coisas, mas é certo que não conseguem aguentar muito tempo porque a vida além do trabalho também existe e mentalmente não vivemos só para ganhar dinheiro e estarmos fechados num espaço a servir os outros!

Low cost das dívidas

Cada vez mais se percebe que o país está em crise e para isso novas formas de negócio surgem, por aqui, vê-se o negócio low cost a florescer, não de dia para dia, mas sim de mês para mês. Primeiramente começaram-se por ver os voos de avião mais baratos a serem apelidados de low cost, mas aos poucos esta caracterização tem vindo a abraçar novas áreas.

Há umas semanas, o meu melhor amigo de infância, pessoa que agora me é totalmente indiferente e a quem não falo, abriu com a irmã, um salão de estética e cabeleireiro low cost. Eu não entrei neste novo espaço e também não faço intenções de o fazer, mas pelo que ouvi dizer, parece que tudo é mesmo barato por lá... Mas, até quando?!

Um corte de cabelo de mulher a cinco euros... Foi só lavar e cortar, mas barato demais, não? Depois um homem vai lá e paga seis euros para se sentir com menos cabelo! O mesmo casal vai lá uns dias depois só com a filha para esta cortar o seu cabelo e... Não pagaram nada, porque é oferta!

Tudo indica que naquele espaço onde se pagam pelo menos quatro ordenados, uma renda, água, luz e os produtos necessários tudo é pago pelos clientes a preço da chuva, como isso poderá ser rentável a longo prazo? Se os preços das coisas aumentam e este novo negócio familiar foi aberto para ter preços mesmo reduzidos, não acredito que dure muito tempo.

E esta minha crença também se deve ao passado do meu ex-amigo, da sua irmã e da mãe, todos empregados agora no mesmo espaço. Ele já teve outros dois negócios, tendo fechado ambos porque não se tornaram rentáveis... A mãe já teve um salão de cabeleireiro por sua conta, mas terminou com dívidas e agora não pode ser dona de nada, nem patroa... A irmã tem andado de emprego em emprego, também por causa de ambos!

Um trio que só tem feito insucessos profissionais e que se mete em algo com novos riscos nos dias que correm. Será que vão conseguir ter o seu novo negócio aberto pelo menos durante um ano? Duvido! Não lhes desejo mal, mas o que é certo é que não acredito mesmo no sucesso deste projeto familiar e barato!