Lisboa linda de rabo de fora!
Lisboa, a capital cada vez mais turística, está também cada vez mais arranjada. A autarquia tem feito ao longo dos anos um bom trabalho de planeamento pelas principais vias, as turísticas, por sinal, para que o trânsito diminua quase por obrigação, os lugares de estacionamento sejam reduzidos, os jardins e passeios aumentem e todos fiquem a ver uma Lisboa perfeita, daquelas cidades que dão vontade de visitar e voltar por ter bom tempo, boa gastronomia, bons preços, boas estadias, bons acessos e boas infra-estruturas. Pois tem tudo, mas e o resto?
Onde estão as obras prioritárias nos bairros mais antigos onde ruas estreitas, em calçada, não levam obras? Por onde andam os apoios para não deixarem destruir vários, muitos até, imóveis em ruínas e que colocam em risco a vida de quem passa ou vive mesmo ao lado por esses bairros? Tudo é muito bonito pelas vielas centrais e de maior movimento mas onde existe a qualidade pública dos outros, daqueles que não vivem na avenida ou na sua transversal, aqueles que percorrem ruas com buracos com um pequeno jardim desleixado ao lado, uns recantos mal frequentados e uma telha pronta a cair de um qualquer telhado mal amanhado com décadas ou mesmo séculos sem manutenção?
A Lisboa dos milhões encontra-se neste momento bem preocupada com o que é mostrado ao Mundo, mas falta tanto para quem por lá vive! Falta quase tudo, melhoram o que é visível numa primeira fase mas o resto está bem atrasado, sem qualquer melhoramento, com bairros necessitados de vários apoios a todos os níveis. As pessoas que vivem na capital não necessitam somente de lindas e perfeitas avenidas, belos parques junto ao Tejo ou grandes esplanadas ao Sol. Todos precisam de qualidade dentro e fora de casa e perceber que afinal os fortes euros municipais são gastos com a pouca manutenção para os bairros antigos de ruas estreitas para que os turistas e os grandes que circulam ao longo de todo o dia pelas principais vias estejam bem e isso é mau, muito mau.