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O Informador

O tema da Morte apareceu com a tag ComCanela que mensalmente realizo com os com os blogs A Mulher Que Ama Livros e o Homem Certo. Fiz o meu texto e depois pensei em como a vida por vezes nos causa partidas indesejadas para com o enfrentar de tamanha dor pelos olhos de quem cá fica. 

Já perdi três dos meus avós, eles dois e uma delas, restando a força e a que afirma com os seus quase noventa anos que os «velhos» andam por aí todos caídos. Ela rija como sempre tem estado, odiando ir ao médico e ao hospital muito menos, anda por cá, faz normalmente a sua vida, tomando conta das suas coisas sem ninguém se intrometer no que tem de ser feito e no que é necessário.

A minha avó sempre trabalhou e hoje se nos descuidarmos ainda faz alguns pratos em sua casa para uma família a quem chama dos «seus meninos» por os ter criado e sempre dando um olhinho. Adora aquela família que sempre que pode gosta de lhe dar trabalho, o que já não é aceitável por nenhum de nós, mas quando as pessoas gostam de abusar fazem dessas coisas. Ela vive, continua bem no seu canto e assim deverá continuar a acontecer. Felizmente!

O trio de estrelas que agora brilha no céu está a olhar por nós, tendo eles partido depois de meses a sofrerem, um com tantas idas ao hospital e sempre com o diagnóstico familiar de que não passava dali. Mas passou, viveu talvez mais um ano, sempre com estadias minimas em casa e prolongadas pelos quartos hospitalares. No final, naquele quarto isolado ao fundo do corredor, percebi, quando olhei para ele, que estava ali o fim. Seguidamente olhei para a minha madrinha que percebeu o que se passava pelo meu pensamento no momento. E assim foi, no outro dia de manhã fui trabalhar, a um Sábado, e quando a hora de almoço chegou o telemóvel tocou, era a minha mãe, dizendo para ir ao encontro deles porque o avô tinha morrido, assim mesmo, o meu avô tinha morrido e a mensagem foi passada tal e qual, comigo a olhar para um telemóvel, a pegar nas coisas que tinha levado comigo de manhã e sem conseguir raciocionar. A dor de quem partiu depois de meses de espera tocou-me mesmo, para mais por sempre ter percebido que aquele avô era o meu avô, aquele que sempre teve um lugar de destaque no meu coração. O meu avô era o preferido e mesmo que essas coisas não devam existir nas famílias a verdade é que existem e são sentidas por quem vive e está dentro da situação. 

Aqui por casa o Natal nunca foi um evento muito celebrativo e desde pequeno que sempre me habituei à calma da época, sem grandes alaridos e ajuntamentos familiares. Os meus bisavós faleceram tinha eu dois anos, ele na véspera do dia de Natal, ela a 26, e desde aí que a época foi alterada na família para uns dias tristes e sem motivos para festejar. Aos poucos os sentimentos negativos foram ultrapassados, mas há dois anos para cá tudo voltou a alterar-se e a perder a cor. 

Desde que o meu avô ficou pior e começou a passar temporadas no hospital que a minha mãe retrocedeu no tempo e voltou a não ter o carinho natalício que marca tantos seios familiares por este mundo fora. O meu avô partiu um ano depois das primeiras recaídas sérias e o pesar abateu-se, para mais quando no mesmo ano, a minha avó também nos deixou, fazendo com que em poucos meses a minha mãe ficasse sem os pais por perto. Esse foi o Natal em que tudo terminou mesmo e a árvore de Natal deixou de existir aqui por casa.

Agora vive-se o momento em que mais uma vez fiz a pergunta se não iríamos fazer a árvore que muito pode simbolizar e a resposta foi vaga e deixou-me cheio de lembranças e recordações.

Foi precisamente há um ano, que por volta das 13h00, recebi o telefonema da minha mãe a informar-me que a minha avó tinha falecido de um momento para o outro em sua casa, na sua cama e durante o sono.

Ela partiu de um momento para o outro e quando nada o fazia prever. Andava bem, começava a recompor-se da partida do meu avô, que faleceu em Janeiro do mesmo ano, e assim de repente e quando lhe tentaram ligar para saber como estava, o telefone tocou várias vezes e ninguém atendeu!

A minha tia/madrinha logo foi tentar perceber o que se passava e o medo, que vinha a surgir nos últimos momentos antes da chegada a casa onde os meus avós passaram grande parte da sua vida, acabou por revelar o pior. A minha avó tinha partido, juntando-se ao meu avô, na estrela que brilha quando olhamos com tal pensamento para o céu noturno.

Já faz um ano, como o tempo passa! Lembro-me como se fosse hoje de praticamente todos os momentos daquele dia pesado e fatídico em que tivemos de suportar mais uma perda. Em menos de um ano eles partiram os dois de entre nós e juntaram-se num outro lugar porque foi sempre juntos que estiveram e foi isso que levou a minha avó, a saudade do seu amor, a saudade do seu Zé.

Sei que quando estou nos meus momentos de solidão que os tenho por perto e embora não o consiga explicar, existe uma força interior que me faz perceber que a companhia das pessoas que sempre me quiseram bem está ali tão perto. O avô Zé e a avó Etelvina aturaram as minhas birras, as minhas brincadeiras e fizeram-me muita companhia, naqueles Sábados em que semanalmente ia com a minha mãe para sua casa para passarmos o dia por lá, no local onde o cheiro, a comida e o ambiente sempre foram diferentes dos outros. Aquela casa onde agora me custa entrar é a casa dos meus avós e um ano depois de ter ficado vazia ainda não se tornou a casa de ninguém, existem lembranças e recordações que não deixam dar o passo para deixar o passado familiar.

Ambos partiram e já não me podem dar aquele beijo e abraço prolongado, no entanto continuam tão perto de cada um de nós que não são esquecidos assim com tanta facilidade. O amor que os unia levou-os e só por saber que continuam juntos já é um orgulho! Saudade e Amor, dois sentidos da vida tão fortes e tão bonitos que sempre foram e serão preservados!

Por vezes parece-me que nos falta o filtro e foi isso que eu hoje reparei na minha mãe quando se encontrava ao telefone com a minha avó, a mãe do meu pai, para lhe dar a notícia que tinha falecido uma vizinha.

O que foi dito e que reparei que por vezes dizemos as coisas sem ter cuidado foi:

- Olhe, é para lhe dizer que morreu aquela velhota que lhe tinha dito que estava doente! - dizia a minha mãe.

Não sei o que foi respondido do outro lado, mas na minha mente, que estava a ouvir o que era contado, pensei, «mas ela está a dizer que uma pessoa da idade da minha avó morreu e está a dizer que era uma velhota?». Ora bolas, a minha avó também já tem a sua idade e se nos referimos às pessoas da sua faixa etária ela pode sentir-se um pouco mal. Todos sabemos que ela já tem a sua idade e a própria também o sabe, mas não lhe temos que recordar esse facto, para mais quando alguém deixou de viver e conviveu consigo. No lugar de «velhota» podia ter sido dito, a vizinha X, olha a senhora...

Não me calei e disse logo o que pensava à minha mãe, que não partilhou da minha opinião, claro! Não gosto do que por vezes é dito sem filtro, mas sei que também o digo, porque estas coisas saem, mas isso não devia acontecer!

25 de Novembro sempre foi uma data assinalável do aniversário do meu avô materno. Todos os anos, mesmo que não o visse neste dia, falava com ele, sabia que ele estava na sua casa. Agora já não o tenho no mesmo sítio porque algo o fez partir da nossa companhia este ano.

Hoje é totalmente um dia pesado aqui por casa. Os pais da minha mãe já não se encontram connosco para festejar mais um aniversário do meu avô Zé. Pois, a vida leva os bons para o local onde acredito que olham por nós, mas onde não lhes conseguimos chegar.

Por esta altura do ano passado o meu avô já passava muito tempo no hospital, andando na vida entre casa e os serviços médicos de forma constante. Já todos sabíamos que mais cedo ou mais tarde o pior aconteceria, como acabou por acontecer no início do ano.

Foram meses muito pesados para todos, com visitas diárias ao meu avô, com os telefones a tocar, e cada vez que tocavam, sempre a pensarmos o pior. Até que aconteceu e ele partiu, tendo sido eu a última pessoa da família que ele viu, à sexta-feira à tarde na visita que lhe fiz entre as 19h e as 20h. Na manhã seguinte, poucas horas depois de acordarmos o telefone tocou com a notícia que queríamos adiar eternamente.

Fui o primeiro neto, o neto desejado e muito mimado por ambos. Obrigado por terem-me dado tanto carinho ao longo dos 25 anos que nos juntaram em vida e Parabéns Avô, não estás aqui presentemente, mas sei que estás a olhar por mim e ao lado da Avó!

O Natal este ano será mais triste cá em casa. Infelizmente as cores e alegria que reinaram ao longo da minha vida, este ano não irão acontecer. Partidas aconteceram de pessoas bem próximas e se para os meus progenitores esta época nunca foi muito alegre, agora então...

Estamos a pouco mais de um mês dos festejos natalícios começarem a aparecer nas casas de todos nós e, infelizmente, não tenho motivos para festejar os dias em que a sociedade e a religião afirmam serem os da família, os da união de todos.

No espaço de meses, perdi os meus avós maternos, ele por doença prolongada e ela de um dia para o outro. A passagem pela etapa das nossas vidas em que alguém parte e o vazio acontece ainda não foi ultrapassada e embora não o mostre, existem sempre os dias em que a recordação acontece e o coração aperta. O vazio de ver as pessoas, estar com as pessoas que me criaram, que sempre me quiseram bem e nunca me disseram que não. Os meus avós deixaram-nos um após o outro assim como quase um clique que se traduz num chamamento para estarem juntos. Queríamos que eles estivessem juntos, mas connosco, na casa onde sempre viveram, onde sempre foram felizes e onde me recebiam com os meus pais a todo o dia e hora.

Como irei traduzir o que será sentido neste Natal oco que irá acontecer? Sei que não existirá alegria nesta época que se traduz de forma triste para tantas famílias que passam pelo mesmo. O Natal só fez sentido quando era miúdo... Hoje, a cada dia que passa estes dias natalícios são cada vez mais imperfeitos e impuros!

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