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O Informador

Eu Nunca | T2 | A Esperança

Netflix

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Eu Nunca... trás para as séries Netflix o universo indiano sem que as personagens estejam estereotipadas com o amigo engraçado dos protagonistas. Nesta série os indianos americanos não são estereotipados como os amigos que vivem do comércio, são sim cidadãos comuns e que fazem uma vida totalmente normal, estando esta produção centrada no dia-a-dia da jovem Devi, nascida no ceio familiar oriental mas mantendo sempre os hábitos ocidentais sem que tenha sido levada a rejeitar os mesmos. Em Eu Nunca... não existe o choque cultural, sendo esta uma série com uma boa base construtiva, onde a sua protagonista vai de encontro a tantas outras de séries de sucesso mundial. Devi é a típica jovem chata, egocêntrica, super mimada e inconsequente que tem na inteligência e na vontade de ser a melhor na escola o contraponto para certas decisões que toma. Caminhando nesta segunda temporada entre dois amores, Ben e Paxton, sem qualquer medo de ser apanhada, e optando assim por não ter de escolher até perceber que afinal as suas decisões de não conseguir escolher e mentir acabam por se transformarem em grandes problemas que surgem em catadupa, mexendo com o amor, a confiança e a amizade. Devi é daquelas jovens estimulantes e ao mesmo tempo uma autêntica dor de cabeça para família e educadores.

Sem esquecer as personagens secundárias que vão ganhando espaço nesta segunda temporada da série, Eu Nunca... tem na mãe de Devi uma boa alteração entre temporadas, dando a esta mulher de tradições um novo alento para procurar um novo rumo para a sua vida, após a morte do marido. Depois existe também a chega da avó de Devi que chega assim a casa para alterar alguns comportamentos e rabujar um pouco com a falta de noção da jovem. A prima Kamala, que mostra o rompimento com a tradição, procurando viver de forma livre e sem querer seguir o que ainda vê como uma obrigação cultural. O núcleo familiar em Eu Nunca... é como uma boa demonstração do poder e da força da mulher indiana numa sociedade ocidental, pautando-a pela rebeldia e pela necessidade de valorização pessoal. 

Atypical | T4 | Temporada final

Netflix

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Atypical chegou à quarta temporada e o seu final foi anunciado de forma antecipada, dando a Robia Rashid, a criadora da série, a possibilidade de criar um final digno e capacitado para dar ao público o merecido, não dando um término em suspenso. Desenvolvida de início perante a premissa do autismo, Atypical desenvolveu-se ao longo das quatro temporadas de forma simples e sensível, mostrando o dia-a-dia de Sam, Keir Gilchrist, entre a família e amigos, sempre dando destaque à sua obsessão com pinguins, fazendo com que queira viajar para a Antártica. 

Perante uma história com níveis de sensibilidade e com temas que não chamam as grandes massas, Atypical é mais uma daquelas séries que atrai quem vê e quer continuar a ver e que mesmo sendo de menores orçamentos que as produções mais caras da plataforma que enchem os tops com temporadas de mais do mesmo e que vão sendo renovadas ano após ano para fazer render o que por vezes não acrescenta nada, acabou por ver pela quarta temporada um final anunciado quem sabe por debater questões delicadas da vida comum, mostrando que, tal como outras séries canceladas, nem sempre o sistema Netflix vai de encontro ao que tanto defende sobre a diversidade de argumentos, provando cada vez mais que o diferente fica para trás para servir mais do mesmo vezes sem fim e com repetições de argumento ao longo de várias temporadas.

Atypical foi sempre levada a sério pelos seus criadores, tendo conseguindo desenvolver uma boa história e capacidade de renovação, dando história a todos os personagens e valorizando em determinados episódios determinadas situações para que outros tivessem destaque na trama. Nesta última temporada as histórias circularam, os finais foram acontecendo, os desenvolvimentos tinham tudo para dar certo se existisse continuação mas tudo teve de terminar, ficando pontas soltas que enquanto imaginativo consegui dar uma sequência positiva por perceber a proximidade entre personagens e a ligação criada entre uns e outros. Esta é daquelas séries que começou, alcançou o público mas depois não se viu apoiada pelas escolhas, talvez por não existirem cenas de sexo abundante, nudismo, crimes e afins, o que tem dado os primeiros lugares entre os mais vistos a outras produções mais caras mas que começam a provar que seguem o mesmo lote básico criativo do é isto e aquilo e assim teremos sucesso e veremos a renovação acontecer. Isto não é o correto, mas o mercado audiovisual segue sempre a mesma linha perante as vendas e pouco existe a fazer para alterar a situação.

 

Austismo em Atypical

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Uma boca comédia é sempre bem-vinda ao meu lote de séries e Atypical foi aconselhada e quando a comecei a ver, como é muito habitual acontecer-me, fiquei com os dois primeiros episódios em suspenso, sem saber o que pensar sobre esta comédia dramática norte-americana que aborda o autismo num jovem de 18 anos.

Da autoria de Robia Rashid, esta série exclusiva Netflix conta a história de um casal, Elsa e Doug, com dois filhos, Sam e Caisey. Se o casal enfrenta problemas no casamento, já Caisey entra na fase do primeiro amor, com as dúvidas existenciais e alterações de escola, enquanto isso Sam tudo enfrenta com as mudanças na vida dos pais, a falta da irmã que sempre foi o seu apoio e a procura de novos horizontes, tanto no emprego que mantém como nos estudos onde é muitas vezes rejeitado por ser incompreendido e pela falta de conhecimento dos outros perante o espectro do autismo. Sam entra na mudança de idade e as questões elevam-se, procurando respostas e conhecimentos para enfrentar os contratempos que lhe são colocados e viver como uma pessoa normal numa sociedade que tanta vez não entende a diferença. 

Aos 18 anos Sam vive perante uma bolha e um mundo que foi criado em seu redor. Estudando e trabalhando e enquanto vive para com uma obsessão para com a vida de pinguins que se protegem em comunidade, o que não acontece consigo, este jovem adulto decide procurar numa fase inicial uma namorada. Com a ajuda da sua psicóloga recebe aconselhamento sobre os passos a seguir, mas como as indicações da especialista Júlia e do colega de trabalho Zahid são muito comportamentais, os problemas surgem e tudo parece atrapalhar ainda mais o desenvolvimento de Sam. 

Uma série com um elenco central pequeno, bem trabalhada e acima de tudo com um texto bem demonstrativo do que uma família enfrenta quando existe um caso de autismo pelo meio. O problema não é só pessoal e de quem está mais próximo, tendo de existir um apoio de todos, da sociedade, das instituições, porque um autista tem direitos como todos nós, frequentando todos os locais como qualquer outra pessoa que se adapta com uma maior facilidade às divergências do dia-a-dia.