O apresentador Júlio Isidro partilhou há horas pelo seu mural de Facebook um texto emotivo e bem surpreendente sobre Judite Sousa com o pretexto de que o show têm que continuar! Admirando o profissionalismo da jornalista e a forma como tem lidado com a tragédia pela qual tem passado nos últimos meses, Júlio publicou o que penso no texto que transcrevo de seguida e para o qual não consigo ter palavras...
Vi o debate dos dois candidatos a candidatos a talvez primeiro-ministro. Em boa verdade não estava ali pelo que os dois Antónios viessem a dizer, creio mesmo que estiverem desfocados da minha atenção em muitos momentos.
Estava ali porque do lado de cá, queria ver até onde pode ir esta expressão, "o espectáculo tem que continuar", nascida no século XIX, curiosamente no circo, onde um artista ferido, não poderia impedir os colegas de trabalharem e o público do direito de se divertir.
Estava ali solidário com as mãos brancas e a voz ligeiramente enfraquecida da Judite de Sousa que, mais uma vez, travava uma batalha da sua vida.
Ainda com a ferida de um amor perdido a sangrar, a Judite de olhos tristes, esteve à altura do desafio que se impôs.
Ali estava eu a ouvir em fundo as acusações e promessas dos candidatos a talvez primeiro-ministro, mas a pensar que há muitos pais sobre quem o mundo desaba num minuto, mas que podem viver a dor na sua obscuridade, longe dos olhos e ouvidos do mundo. Preço alto deste ofício (e não tenho dúvidas que a Judite, faz desta profissão um ofício) é a inevitável partilha da dor.
Neste circo, as figuras públicas sabem que o são para as alegrias e para as desgraças, provavelmente mais para estas, porque o espectáculo alimenta-se muito mais com lágrimas do que com sorrisos.
Ali estava eu a ouvir o eco das palavras dos "debatentes " e a sentir (sim, mesmo a sentir) o esforço da Judite para cumprir a sua missão, suspender por meia hora a viagem de retorno cíclico ao seu drama pessoal, sorrir de lábios a tremer e sair a correr para o refúgio da sua intimidade.
Aí sim, pode ser uma mãe sofrida como tantas outras a quem o destino rouba a alegria de viver.
Estive tenso e solidário com uma mulher, uma mãe e uma profissional que respeito e admiro.
Respirei de alívio no momento da despedida quase feita de olhos em baixo da Judite.
O perfume da fama, os dourados do sucesso e a ostentação da alegria têm um outro lado da medalha ao qual as figuras públicas não podem fugir.
Enquanto oficial do mesmo ofício e pai, abraço com carinho e respeito a Judite de Sousa.