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O Informador

Amores e Saudades de um Português Arreliado

A única coisa é a vida. A única coisa é a vida de cada um. Sem vida, nada feito. Viver não é a melhor coisa que há: é a única coisa. Cada momento da vida não é único. Mas há momento únicos. A nossa felicidade não é passá-la como quisermos. É dar por ela e aproveitá-la. (...) A única coisa é saber que um dia virá em que nos será tirada a vida. Para sempre. Mas, por sabermos isso, não podemos perder tempo a pensar nisso. (...) A única coisa é estar aqui, agora, a escrever isto. Enquanto posso, enchendo-me de alegria.

Amores e Saudades de um Português Arreliado

Miguel Esteves Cardoso é dos mais aplaudidos autores nacionais pela crítica e para mim era até à leitura de Amores e Saudades de um Português Arreliado um nome conhecido somente através de algumas das suas crónicas publicadas pelo jornal Público. Agora descobri a obra deste lisboeta que trocou a confusão da cidade pela vida no campo em boa hora!

Não posso dizer que Amores e Saudades de um Português Arreliado seja um livro que me tenha conquistado na sua totalidade porque se o fizesse estaria a mentir. Não sou grande fã de pequenas histórias, contos e crónicas, no entanto confesso que acabei por ficar surpreendido com o desenrolar desta obra dividida em cinco atos com várias histórias contadas entre si.

Os ressentimentos para com a malvadez do pai que tanto amou a sua mãe até acabar por magoar quem lhe estava mais próximo! O encontro com a verdadeira paixão ao lado de Maria João, a sua cara metade, não de sempre mas com um desejo de para sempre! O pós dor que surgiu com a doença no seio do lar onde as forças e a harmonia do casal conseguiram levar por diante uma felicidade única! A liberdade da escrita através do tempo, relatando sentimentos e estados de alma! As diferenças entre a vida rural e urbana, onde a pacatez da aldeia conquista através do sossego do lar, dos pássaros a cantarolar, com as manifestações de afecto dos animais de estimação e a vizinhança sempre pronta a colaborar, contrastando com a rebeldia de uma cidade em movimento onde os desconhecidos acabam por se atropelar dia após dia.

Acima de tudo, estas crónicas de Miguel Esteves Cardoso lançadas pela Porto Editora reflectem a alegria de viver do seu autor que descobre todos os prazeres da vida ao lado de «O Meu Amor», a sua Maria João. Juntos trocam as voltas às contrariedades da vida, invadem a perfeição e exprimem a felicidade, sem alaridos e com uma grande admiração mútua. Esta é a parte chave deste conjunto de crónicas, onde toda a dedicação é reflectida pelos textos dedicados à sua amada, do nascer do sol até ao novo amanhecer, vinte e quatro horas do dia sem qualquer interrupção. Dois apaixonados na casa dos cinquenta que se pronunciam com simples gestos que dispensam qualquer tipo de formalidade e comentários!

Um amor único contado por alguém que escolhe no ponto certo cada palavra, Miguel Esteves Cardoso, o português que não parece nada arreliado com a vida que tem!

Uma descoberta aos vinte e oito!

Crepúsculo, a designação que sempre associei ao anoitecer e que se tornou célebre com o aparecimento da saga literária Twilight, afinal tem duplo significado e não se restringe somente ao desaparecimento diário do sol.

Tal como Miguel Esteves Cardoso refere numa das suas crónicas publicada no livro Amores e Saudades de um Português Arreliado, também eu só agora fiquei a saber que a palavra Crepúsculo tem mesmo um duplo significado. A designação pode ser referida ao momento que precede a escuridão da noite, tal como sempre soube, mas também é a designação para o amanhecer, aquele momento em que a claridade do dia começa a aparecer no horizonte.

Ou seja, Crepúsculo é a chamada palavra que dá para os dois lados, tanto para a noite como para o dia. Oh santa ignorância que me deixou ao longo destes vinte e oito anos a pensar que só quando anoitecia é que o Crepúsculo dava um ar da sua graça!

Uma coisa já fiquei então a aprender com o Miguel, porque se não fosse a sua descoberta a minha acabava por não acontecer também!

Próxima leitura... Amores e Saudades de um Português Arreliado

Amores e Saudades de um Português ArreliadoA única coisa é a vida, recheada de felicidade, cheia de alegria e com muita sabedoria. Poderia estar para aqui a tentar encontrar o ritmo de Miguel Esteves Cardoso na apresentação do seu livro Amores e Saudades de um Português Arreliado, no entanto não me parece ter as capacidades para lá chegar. Poderia tentar e tentar, mas para isso não poderia dedicar-me à leitura desta obra do autor, a primeira que leio e que acredito que valerá a pena!

A única coisa é a vida. A única coisa é a vida de cada um. Sem vida, nada feito. Viver não é a melhor coisa que há: é a única coisa. Cada momento da vida não é único. Mas há momentos únicos. A nossa felicidade não é passá-los como quisermos. É dar por ela a aproveitá-los. (…) A única coisa é saber que um dia virá em que nos será tirada a vida. Para sempre. Mas, por sabermos isso, não podemos perder tempo a pensar nisso. (…) A única coisa é estar aqui, agora, a escrever isto. Enquanto posso. Enchendo-me de alegria.